Assustador: os remédios dos paulistas que chegaram em MS
Duas foram as ondas de conquistas de europeus e descendentes do território sul-mato-grossense. A primeira, navegando pelo rio Paraguai, comandada por Álvar Nuñes Cabeza de Vaca, chegou em algum lugar entre Porto Martinho e Corumbá. Fruto dessa tentativa de conquista, os espanhóis construíram fortes e missões jesuíticas entre Navirai e Iguatemi. Logo a seguir, entre Aquidauna e Miranda. Todas destruídas pelos paulistas. Muito depois, expedições bem organizadas de paulistas começaram a se apossar de territórios da região norte do MS, erigindo os povoados de Camapuã e Coxim. Sabemos muito sobre esses paulistas. Conhecemos, inclusive, seu arsenal assustador de medicamentos.
Acordando com as anhupocas.
Havia bichos que atacavam dia após dia esses paulistas. Cobras? Matavam pelo menos três por dia.... e as saboreavam. Mas os piores eram as formigas, aranhas e morcegos. Também havia bichos que os ajudavam. Na falta de relógios, as lindas anhupocas faziam as suas vezes: à meia-noite, às duas da manhã e, por fim, às quatro - horário em que se levantavam - era certo ouvi-las entoar um canto triste.
Os medicamentos.
Quando adoeciam, o próprio meio natural lhes fornecia o remédio: banha de animal (de macacos, especialmente) para os reumatismos; dentes de jacaré para dor no estômago; limões azedos para as fraquezas; casca de jabuticaba para algum sangramento; angus e batata para desmaios; jacus e jacutingas para a dieta dos enfermos (fazendo as vezes do caldo de galinha) e duas plantas para as febres (tinguerilho e caiapiá). Havia ainda os medicamentos levados pelos viajantes: pimenta-malagueta e o gengibre para os saca-trapos (manhosos e muito magros); a aguardente com sal para mordida de cobra e a triaga de vênia, que servia para tudo.