Batismo de fogo: o impacto da violência na infância
Uma escola em Ponta Porã. Repentinamente, uma rajada de balas passa rente aos muros. As crianças estão no recreio. Sabem como agir. Todos se jogam ao chão. O medo toma conta da maioria. As crianças reagem de maneiras diferentes à violências. Muitas chegam até a se acostumar com essa dura realidade. A cidade tem sido palco de uma descontrolada sequência de incidentes violentos. Contam nos dedos os dias em que não há tiroteios. Esse cenário deixa marcas físicas e psicológicas.
Escola, não atire.
A professora, cujo nome será preservado, narra que chegaram a colocar cartazes nos muros: escola, não atire. Acredita que a atitude funcionou. Mas diz que nada vem sendo feito para atender as crianças que estão tendo bloqueios cognitivos e emocionais devido ao estresse causado pela exposição constante à violência armada. Os estudantes já vivenciaram cenas traumáticas. E o cenário tende a piorar.
O impacto dos tiroteios nas crianças.
A ciência já comprovou que os primeiros seis anos é o período que forma boa parte das características humanas. As experiências vividas nessa fase moldam reações a estímulos e comportamentos futuros. A violência influencia diretamente o HPA - eixo hipotálamo, pituitária, adrenal. São esses os locais onde moram nossos mecanismos de regulação do estresse. As crianças sob tiroteio, passam a ter dificuldades em cumprir regras e lídar com pequenas situações estressantes. Há diminuição do rendimento escolar. Algumas crianças passam a apresentar transtornos mentais como pesadelos, falta de sono, temor de sair para a rua e ir à escola à pé. Do alto de suas torres de marfim, as autoridades educacionais.... roncam.