Canibalismo, contrabando... como era gostosa minha argentina
Alberto Fernandes, presidente da Argentina, acaba de dar continuidade a um arraigado costume de sua elite: a supremacia racial. Serão os argentinos superiores ao brasileiros? Tese que se tornou notória depois de empregada na carnificina promovida pelos nazistas, não encontra respaldo além da cabeça-oca de muitos hermanos.
Lá, tudo começou com o canibalismo.
No dia 8 de outubro de 1515, uma expedição comandada por Juan Díaz de Solís, partiu de San Lúcar de Barrameda, na Espanha. Contava com três caravelas e setenta homens. Em fevereiro do ano seguinte, a expedição chegou ao Rio da Prata, que na época foi chamado de "Mar Doce". Era imenso como o mar, mas as águas não eram salgadas. Ao chegar à uma ilha, que chamariam de Martín Garcia, alguns homens desceram à terra com muitos cuidados e temores. Foram atacados por índios da etnia guarani que capturaram, executaram e devoraram Solís e alguns espanhóis. A história argentina começa com um ato antropofágico. Os índios comeram os espanhóis. Começa com ódio e medo.
Cá, tudo também começou com Índio devorando branco.
Tal como na Argentina, o canibalismo escreveu as primeiras linhas de nossa história. A diferença é que correu o mundo. Fez-se famoso. Um alemão aventureiro chamado Hans Staden escreveu "Duas Viagens para o Brasil", publicado em 1557. Esse relato de canibalismo dos índios brasileiros circulou amplamente entre os círculos letrados da Europa. Formou um imaginário exótico amedrontador do Brasil. Quem cria essa historieta de superioridade é nada menos de Michel de Montaigne, um dos mais famosos pensadores. Em seu ensaio "Dos Canibais", mostra o contraste da organização da civilização europeia em comparação com as tribos brasileiras. Não há diferença de percurso entre Argentina e Brasil. Como era gostosa minha argentina!
Contrabando, o grande marco da formação de Buenos Aires.
A matança de índios na Argentina e no Brasil tem história semelhantes. Foram trucidados. Salvaram-se os guaranis das fronteiras do Paraguai com a Argentina e com o Brasil e os povos nativos da Amazônia. A grande diferença entre os dois países se deu com o contrabando. A montanha de prata encontrada em Potosi, hoje na Bolívia, foi contrabandeada pela Argentina. Ao invés de ir para a Espanha, foi parar na Inglaterra. Buenos Aires fez-se importante contrabandeando a prata de Potosi. E viciou. O ouro saído das Minas Gerais também foi levado para Buenos Aires por contrabandistas, promovendo a riqueza da capital argentina. Orgulho tolo de contrabandista está na formação histórica dessa capital.
Pobreza e pele escura caminham de mãos dadas na Argentina e no Brasil.
Muita gente riu quando Cristina Kirchner foi à ONU anunciar que a pobreza na Argentina afetava menos de 5% da população. Mas ninguém riu quando o Censo deles mostrou que os indígenas e seus descendentes somam apenas 955 mil pessoas, equivalente a 2,5% da população argentina. Os dois números são incompatíveis com a realidade. Eles não percebem a pobreza e nem a pele escura que anda pelas ruas e é quase total nas periferias. Os exames de DNA mostraram que mais da metade dos argentinos são descendentes indígenas. Mas eles não querem enxergar a realidade. Ao contrário do Brasil que, a partir de 1930, passou a se entender como um país mestiço, eles se consideram brancos puros de origem. Só faltou a saudação "Heil Hitler"após o discurso da Kichner, Fernandez e quase todos os presidentes argentinos. Racismo na Argentina pertence à esquerda, direita, centro e o que mais aparecer.
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