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Em Pauta

Catedrais de corrupção erguidas no país das transações obscuras

Mário Sérgio Lorenzetto | 24/03/2015 07:50
Catedrais de corrupção erguidas no país das transações obscuras

Estranhas catedrais erguidas no país de tenebrosas transações.

Enquanto a Europa medieval construiu suas imensas e fabulosas catedrais no período medieval, símbolos de religiosidade e início de sua prosperidade, o Brasil do século passado construiu Brasília, estradas, aeroportos e obras, muitas obras encomendadas pela Petrobras.

Hoje, existe um jogo de empurra entre PSDB e PT para encontrar os políticos que receberam propina da maior empresa brasileira. O problema das propinas e do quanto as empreiteiras estão incrustadas na Petrobras vem de muito tempo atrás. Acreditem, muitas delas começaram a trabalhar com a Petrobras em 1953. Desde essa época há indícios da formação de cartel - acordo feito para burlar a concorrência pública. Os empresários não desejavam uma disputa por melhores preços. Começaram a driblar as licitações. É claro que essa prática pode ser feita sem a participação dos governantes, mas a sua continuidade eterna é impraticável de ter ocorrido sem a direta anuência dos administradores da empresa estatal.

As empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobras eram regionais. Trabalhavam apenas em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. No governo Juscelino Kubitschek, com a construção de Brasília e de estradas, elas começaram a prosperar e tomar obras em todas as regiões brasileiras. Algumas foram sócias da ditadura. Financiaram a Oban - Operação Bandeirantes - que perseguiu e matou militantes de esquerda. As empreiteiras tiveram um papel importante no golpe de 1964. Participaram da antessala que planejou a ditadura militar. A ditadura militar contou com intensa participação dos grandes empreiteiros e souberam colher os frutos desse apoio irrestrito.
Há um decreto que é um marco na relação entre governantes e empreiteiros - 64.345 datado de 1969. Ele estabelece uma reserva de mercado para as empreiteiras nacionais. Alija qualquer empreiteira estrangeira. Nada tem de nacionalismo. Trucagem de transações para além de suspeitas. Nas décadas de 50 e 60 as empreiteiras nacionais não dispunham de tecnologia que pudesse erguer hidrelétricas, obras complexas da Petrobras e até uma usina nuclear. Há documentos do Serviço Nacional de Informação (o antigo SNI) que fornecem claros indícios de um sistema de propinas institucionalizado na ditadura. Estas, e tantas outras, teriam de ser construídas por estrangeiros. As transações e o decreto determinaram os destinos das obras brasileiras.

Tornou-se um modelo. Foi copiado à exaustão em todos os Estados e até em pequenos municípios. Eliminou a disputa pelas obras. Eliminou a concorrência por melhores preços e qualidade. No lugar das concorrências surgiram lucros elevadíssimos, a prática do cartel e a propina para os funcionários públicos e políticos. Restou apenas o acordo, a tenebrosa transação. As empreiteiras não ficaram "amarradas" à ditadura, souberam fazer a transição para a democracia. Continuam a fazer a transição de comando do país, dos Estados e dos municípios. A maioria das licitações continuam sendo apenas fruto de acordos. Elas raramente existem de fato. Elas haviam se apropriado de parte dos governos no período ditatorial, e continuam lá na democracia.

Catedrais de corrupção erguidas no país das transações obscuras
Catedrais de corrupção erguidas no país das transações obscuras

O futuro do Brasil visto pela CIA.

O "Tendências Globais 2025" é um estudo preparado por um dos núcleos de uma agência da comunidade de inteligência dos Estados Unidos. Nele o Brasil é apresentado pelo título de "Fundações sólidas para um forte papel de liderança". Esse estudo diz que por volta de 2025, o Brasil irá provavelmente exercer maior liderança regional, primeiro entre seus pares na América do Sul. Coloca nosso país como um modelo regional positivo devido à produção de petróleo do pré-sal, pela posição nos debates comerciais e por termos processos eleitorais justos, abertos e com transições sem quaisquer tensões. Também afirma que a "percepção dos brasileiros sobre a importância de exercerem um papel-chave tanto regional como de líder mundial impregnou a consciência nacional e transcende os partidos políticos".
Eles dizem que nossa economia tem fundações sólidas e que há um consenso sobre políticas fiscais e monetárias que diminuem os perigos de crises que nos assolavam no passado. E vai longe: afirma ainda que nem uma virada radical a um modelo econômico de livre mercado e livre comércio ou uma orientação pesadamente estatal devem acontecer até 2025. Tece elogios aos progressos sociais, à redução do crime e da pobreza. 

Rasgando em elogios ao Brasil, a CIA de hoje se assemelha a uma revoada de anjos e só falta escrever que o Brasil é um quase paraíso. Quase. Só não é um paraíso devido ao crime e à corrupção - "Sem avanços na execução da lei, até mesmo o rápido crescimento econômico será interrompido pela instabilidade resultante do crime e da corrupção persistentes. E, pela primeira vez na história, as multidões que foram às ruas gritar contra a corrupção estão de acordo com a CIA. Só não dá para acreditar no líder do PT na Câmara de Deputados Federais, Sibá Machado, do Acre, que afirmou suspeitar de a CIA estar coordenando os movimentos para enfraquecer os governos da América do Sul. Seria de bom alvitre o líder do PT ler o relatório da CIA, especialmente o parágrafo onde tece comentários elogiosos ao deus-petista, Lula da Silva. Já não fazem CIAs como antigamente e nem líderes petistas informados.

Catedrais de corrupção erguidas no país das transações obscuras
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O Cerrado e a Amazônia poderão perder quase 60 milhões de hectares de matas até 2030.


A WWF coloca duas regiões brasileiras no mapa das dez maiores frentes de desmatamento no mundo. Essa ONG aponta que o Cerrado e a Amazônia poderão perder quase 60 milhões de hectares de matas até 2030, caso não sejam reforçadas as políticas de controle do desmatamento. O desmatamento em questão representa a enormidade de 40% de todas as áreas verdes que poderão desaparecer do planeta nos próximos 15 anos. O Brasil só é superado no quesito desmatamento pela Indonésia. Pecuária, agronegócio, indústria madeireira e obras de infraestrutura estão entre os principais fatores de pressão sobre as matas e florestas brasileiras. A ONG relembra que os fenômenos climáticos drásticos experimentados no país, como a seca prolongada no Sudeste e as enchentes no Norte, podem refletir o desmatamento abusivo realizado ao longo das últimas décadas.

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A pena de morte continua viva.

O fuzilamento dos brasileiros condenados por tráfico de drogas na Indonésia, bem como o assassinato de gays e reféns pelo Exército Islâmico, reacendeu a polêmica sobre a pena de morte nas conversas entre os brasileiros. Houve um aumento de 14% no total de execuções nos últimos dois anos no mundo.

Para os que são contrários à pena de morte: a boa notícia é que ela foi abolida em 140 países. Para os que são favoráveis: a pena de morte está viva em 58 nações. Só em 2013 foram executadas 778 pessoas em 22 países, enquanto em 2012 foram 682 mortas.

Existem mais de 23 mil pessoas nos "corredores da morte" e os métodos de execução ao redor do planeta variam de atirar de cima dos prédios (caso dos gays pelo Exército Islâmico), apedrejamento (em algumas pequenas aldeias no mundo árabe), decapitação (Exército Islâmico), choque elétrico, enforcamento, fuzilamento e injeção letal. A Arábia Saudita, e provavelmente o Irã e o Iêmen, executam menores de 18 anos.

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