Como falar com uma pessoa que tem Alzheimer
O Alzheimer é horrível para o paciente, o isola do próprio corpo. Também é para a família. O que antes era uma vida razoavelmente predizível, se converte em um impossível quebra-cabeças. Mas há outro problema pouco discutido: a dificuldade de comunicação é devastadora. O vocabulário vai diminuindo à medida que a doença avança. Os enfermos deixam de entender conceitos, começa com importantes conceitos que se tornam impossíveis de ser entendidos e chega aos mais insignificantes. Manter uma mínima conversação com eles se torna impossível.
Escutar com a pele.
Um dos principais segredos para a comunicação com alguém que sofra de Alzheimer é a "comunicação com a pele". É muito mais importante uma carícia, um beijo, um abraço, que qualquer palavra proferida. Estabelecer um contato adequado com eles requer o conhecimento de duas chaves: dizer o máximo possível em poucas palavras, bem simples e apoiar-se na comunicação não verbal.
Mais rígidas, mais irritáveis e apáticas.
As emoções de alguém com Alzheimer tende aos extremos. Se tornam gradativamente mais rígidas, mais irritáveis e apáticas. E qualquer uma das três formas de emoção costuma aparecer de maneira explosiva. Um estrondo de irritação... e logo passa. Outro de extrema apatia, para aparecer uma rigidez incontrolável em seguida.
Como agir na fase leve da doença? Não são crianças.
Na fase mais leve da doença, eles ainda entendem algo do que lhes é dito. Nessa fase, devemos usar frases curtas e bem diretas porque eles tendem a memorizar apenas as últimas palavras que lhes é dita. Também não devemos falar rapidamente e nem elevar o tom da voz, eles perceberão algum enfado de nossa parte. Também não devemos falar-lhes como nos dirigimos a uma criança. Devemos ficar de frente para eles e usar pouca mímica.
O que devemos ter em mente que todos nós esquecemos - eventualmente - do nome de alguém ou de alguma coisa e as frases que emitimos se tornam incompletas. Aqueles que tem Alzheimer sofrem muito para concluir todas as frases que desejam emitir. Todas.
A memória está nos beijos.
À medida que a doença avança, a conversação se torna cada vez mais complicada porque a linguagem se reduz paulatinamente. O mesmo ocorre com o entendimento. Vão deixando de conversar e de entender tudo que ocorre em seu entorno. Temos de dedicar mais tempo para que eles entendam conceitos mínimos como pedir um copo de água ou pedir para ir ao banheiro. A atenção deve ser redobrada para que consigamos entender algo.
Finalmente chega o mutismo. A linguagem é totalmente perdida ou se converte em palavras soltas ou grunhidos ininteligíveis. É aí que entra a "memória dos beijos". Através do carinho, da paciência e do respeito conseguimos ultrapassar a ultima fronteira da comunicação. Os sorrisos, os abraços, os passeios de apenas alguns poucos metros dizem tudo que ainda é possível entender. Eles percebem o componente emotivo e é o que lhes basta.