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Em Pauta

Entre damas e valetes, o jogo de baralho se fez rei

Mário Sérgio Lorenzetto | 16/02/2020 09:30
Entre damas e valetes, o jogo de baralho se fez rei

Os primeiros a jogar baralho foram os inventores do papel e da impressão: os chineses. Ainda durante o império Tang, no século X, eles criaram três tipos de baralho. O mais popular já apresentava uma face que nada revelava e outra, com cartas equivalentes ao dominó. São usados até hoje e denominamos "cartas dominó". O baralho que hoje usamos provém do Egito. Foi criado pelos mamelucos - soldados de uma milícia egípcia de origem turca. E é na Turquia onde há a única cópia desse baralho. São cartas artisticamente trabalhadas, mas diferem muito dos baralhos atuais por terem figuras humanas.

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Vieram para o Ocidente pela Rota da Seda.

Os baralhos mamelucos entraram na Europa, à partir do Oriente Médio (Líbano e Síria), pela Rota da Seda. O mais antigo baralho europeu está guardado em Álava, na Espanha e foi impresso no século XV. Esse baralho já tem as três figuras humanas: o rei, a dama e o valete. A Espanha disputa com a Itália a primazia do primeiro baralho ocidental, com larga vantagem para os espanhóis que souberam guardar um desses jogos, enquanto os italianos recorrem apenas aos textos para comprovar que foram os primeiros europeus a jogar com cartas.

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Fournier, a mãe das fábricas de baralho.

Uma das empresas mais antigas do mundo dos baralhos é a Fournier que tem mais de 150 anos. Seus baralhos são idênticos aos que hoje utilizamos para jogar truco no Brasil. E eles são praticamente idênticos aos baralhos mamelucos. Mas há uma regra que difere muito nos jogos ocidentais: nos países mediterrâneos, a carta mais importante é o ás, já nos países do norte europeu, a carta mais valiosa é o "dois".

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Jogo de rico e de pobres.

Muitos estudiosos acreditam que os naipes do baralho são uma metáfora da idade medieval. O ouro seria uma referência ao dinheiro e à nobreza; a copa à igreja; a espada ao exército e o pau aos camponeses. Mas há muitos que contestam essa interpretação, afirmam que os naipes nada significam, são apenas cópia do baralho mameluco.
A igreja católica nos primeiros séculos do baralho no ocidente os proibiu. Considerava, como todos os jogos de azar, um produto do diabo. Como era um jogo de todas as classes sociais, ninguém se importou com a proibição eclesiástica. Os baralhos mais baratos eram feitos com xilogravura - uma técnica de impressão com pranchas de madeira. Os mais caros eram obra artística de pintores. Com o passar do tempo os pintores continuaram deixando sua assinatura nos baralhos. Veja o baralho de Salvador Dalí:

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