Enxaqueca: a busca de remédio para um bilhão de pessoas
Há 2.500 anos, o médico grego Hipócrates, já descrevia pacientes que tinham enxaqueca. Dizia que as dores atingiam a metade do cérebro e poderiam causar até vômitos. No século II d.C., o romano Galeno e sábios do mundo islâmico, como Avicena, se preocuparam com esse sofrimento que continua comum. As soluções naquele tempo incluíam trepanações - cortes na caixa craniana - e sangrias. A chegada da ciência moderna deu melhores soluções.
Uma herança familiar.
Frequentemente a enxaqueca é uma herança familiar. A imensa maioria de mais de um bilhão de pessoas que sofre desse mal, não tem solução alguma. Um norte-americano, Michael Moskowitz , propôs que o ataque de enxaqueca começava com a ativação das fibras do trigêmeo, que transmite sensações do rosto para o cérebro. Essa ativação libera sinais químicos que dilatam os vasos sanguíneos das meninges - uma fina membrana que rodeia o cérebro - é uma inflamação. É essa inflamação que produz dor.
Sumatriptano.
O australiano Petersburgo Goadsbye o sueco Lars Advisson, mostraram que uma molécula conhecida como CGRP era liberada pelo trigêmeo durante os ataques de enxaqueca. Também observaram que o sumatriptano, um fármaco descoberto em 1988, limitava a liberação do CGRP, reduzindo ou eliminado as dores.
Anticorpos monoclonais. Remédio para milionário.
Um remédio novo para a enxaqueca, na verdade uma classe de remédios, recebe o nome de anticorpos monoclonais - aqueles que também vem sendo usado no tratamento de câncer e de covid. Os primeiros que entraram no mercado brasileiro são o Erenumab, juntamente com o Galcanezumab e o Fremanezumab. São muito eficientes. Mas custam verdadeiras fortunas. O mais barato custa mais de R$ 1.000 por seringa.
3 mulheres e 1 homem.
A enxaqueca, que afeta a três mulheres para cada homem, foi menosprezada com frequência como uma enfermidade de mulheres histéricas ou uma dor de origem psicológica relacionada com o estresse. Mas os estudos dos últimos anos demonstraram cabalmente que, ainda que o estresse cumpra uma pequena função no desencadeamento da enxaqueca, ela tem origem em processos químicos-biológicos que podem ser claramente identificados e manipulados.