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Em Pauta

Gasolina comum ou aditivada? Comparação: "é o mesmo que água com sabores"

Mário Sérgio Lorenzetto | 23/04/2015 07:40
Gasolina comum ou aditivada? Comparação: "é o mesmo que água com sabores"

Gasolina comum ou aditivada?

Quase todos os postos colocam seus frentistas para a oferecer a gasolina aditivada, um tanto mais cara que a comum. Em pauta foi ouvir dois especialistas no assunto procurando esclarecer o assunto e derrubar mitos. O primeiro fez uma comparação clara: "É o mesmo que água com sabores". Pouca diferença faz, ou nenhuma, para a conservação e desempenho do veículo face à designada gasolina comum, ou seja, sem aditivos. O segundo especialista, que também solicitou anonimato (ambos trabalham para companhias envolvidas em negócios do setor petrolífero), afirmou que: "na generalidade, a gasolina aditivada é uma redundância. Pouco valor acrescenta para a conservação e melhoria do rendimento do veículo". Em suma é mais uma diferenciação face à concorrência e uma estratégia de marketing, sendo o benefício marginal.

Gasolina comum ou aditivada? Comparação: "é o mesmo que água com sabores"
Gasolina comum ou aditivada? Comparação: "é o mesmo que água com sabores"

O SUV é uma "gracinha".

Você já comprou ou está pensando em comprar um utilitário esportivo? Aliás, fica mais chique com as iniciais em inglês: SUV (Sport Utility Vehicle). É o automóvel com maior crescimento de vendagem no Brasil....e no mundo. Todos os demais carros estão encalhados. Mas tem fila para comprar Honda HRV. Tem fila para comprar Jeep Renegade. Nesses dois lançamentos um alívio: foi abolido o abominável pneu sobressalente dependurado na tampa traseira. É um "non-sense", sem sentido mesmo. Mas não para nele, há mais non-sense ainda. Madame que nunca viu barro na vida (e nem verá) compra um SUV com tração 4X4 para levar o filho na escola e fazer compras no shopping. Entendeu? Nem eu. Os argumentos em favor dos SUVs são corretos: são mais altos e assim superam melhor nossas crateras asfálticas e pistas de obstáculos trepidantes que o Prefeito de Campo Grande apelidou de "ruas asfaltadas". Os SUVs também apresentam melhor visibilidade. E uma falsa impressão de mais segurança.

Gasolina comum ou aditivada? Comparação: "é o mesmo que água com sabores"
Gasolina comum ou aditivada? Comparação: "é o mesmo que água com sabores"

Estepe pendurado na traseira também é uma "gracinha" e um erro.

Tudo começou em 1942 quando o jeep fabricado para a Guerra Mundial não tinha espaço para carregar tambor de gasolina sobressalente e um pneu para a troca em terrenos ruins. Em 1946, ele ganhou tamanho e passou a ser denominado Jeep Station Wagon (no Brasil foi denominado como Rural Willys) e o pneu foi parar no local correto: dentro do carro. O "neto" da Rural Willys foi o Jeep Cherokee, que inaugurou a moda dos SUVs. Dezenas de marcas o copiaram, várias recorreram ao estepe externo para conferir ar de "macho". Atualmente quem adora o pneu pendurado na traseira são as mulheres. Argumento fatal: fica uma "gracinha". Mas, observe a lista dos problemas que os pendurados ocasionam: prejudicam a visibilidade (pouco, é verdade), dificultam bastante a abertura da tampa traseira, o carro fica mais "gordo", com pelo menos mais 50kg para a estrutura que suportará o pendurado (reduzindo eficiência e aumentando o consumo de combustível), quase sempre surgem ruídos devido às folgas que surgem com o passar dos anos, é irresistível para os "amigos do alheio" e para as mulheres que o consideram uma "gracinha" - o pendurado vai complicar o estacionamento do carro.

Gasolina comum ou aditivada? Comparação: "é o mesmo que água com sabores"
Gasolina comum ou aditivada? Comparação: "é o mesmo que água com sabores"

O trabalho não liberta.

"O trabalho liberta" - proclama em alemão o portão de ferro do campo de extermínio nazista de Auschwitz, em território polonês. A sentença nesse campo é totalitária: trabalho-escravo não liberta. O que nos torna efetivamente livres é a liberdade, esse conjunto de sensações, presunções e certezas de que temos o direito de escolher em todas as esferas e dimensões.
Em Auschwitz acaba de ocorrer uma tocante cerimônia para rememorar os setenta anos de libertação. Há setenta anos desativaram a mais famosa fábrica de horrores dos últimos 500 anos.

É importante lembrar. É importante que uma civilização cada vez mais distraída e desnorteada recorde dos massacres, da loucura dessa fábrica. Especialmente quando a democracia claudica. Quando a paz é provocada para um duelo em que todos morrerão. Não mais entre alemães e aliados, desta vez entre Oriente e Ocidente.

Gasolina comum ou aditivada? Comparação: "é o mesmo que água com sabores"
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Uma mulher mulçumana luta pela reforma do islamismo.

Ayaan Hirsi Ali está viva por milagre. Os fanáticos da Al Qaeda e Estado Islâmico querem acabar com ela. Ayaan é a maior opositora que eles encontraram. Ela propõe uma reforma do islamismo e encontra, especialmente entre as mulheres, uma forte corrente a favor de suas teses. Ela nasceu na Somália, em uma família conservadora, sofreu a mutilação genital na puberdade e foi educada na Arábia Saudita e no Quênia. Até obrigarem-na a se casar com um parente distante contra sua vontade, usava o "hijab" e seguia todos os preceitos islâmicos. Fugiu para a Holanda para escapar do casamento indesejado. Chegou a ser eleita deputada na Holanda. Ela organiza uma campanha contra tudo que é violento, intolerante e discriminatório. Atua fortemente em favor do direito à liberdade das mulheres.
Acaba de publicar seu quarto livro - "Heretic. Why Islam Needs a Reformation Now" (algo como: "Herege. Porque o Islã Precisa de uma Reforma Já"). Nele, Ayaan critica os governos ocidentais que se empenham em afirmar que o terrorismo de organizações como a Al Qaeda e do Estado Islâmico é alheio à religião mulçumana. Ela afirma que essa ideia é rigorosamente falsa. Seu livro sustenta que a origem da violência tem sua raiz na própria religião. E a única forma de combatê-la é com uma reforma radical de todos os aspectos da fé mulçumana incompatíveis com a modernidade, a democracia e os direitos humanos.
Essa transformação, que Ayaan compara com o que significaram para o cristianismo as críticas de Voltaire e a reforma de Martinho Lutero, consistiria em modificar cinco conceitos que, em sua opinião, mantêm o Islã preso no século VII (data de sua fundação):

1. A crença de que o Corão expressa a imutável palavra de Deus e a infalibilidade de Maomé.

2. A prioridade que o islamismo concede à outra vida sobre a do aqui e agora.

3. A convicção de que a "sharia" constitui um sistema legal que deve governar a vida espiritual e material da sociedade.

4. A obrigação do mulçumano comum de exigir o justo e proibir o que considera errado.

5. A ideia da "jihad" ou guerra santa.

A quem pergunta o que restaria do Islã se ocorresse a renúncia a esses cinco pilares de sua fé, Ayaan responde que o cristianismo, antes da reforma protestante, não era menos sectário, intolerante e brutal. E que só a partir da Reforma Protestante a religião cristã começou o processo que a levaria a se separar do Estado e à coexistência pacífica com outras crenças, e graças a isso prosperaram as liberdades e os direitos civis no mundo ocidental.

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