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Em Pauta

Mais futebol e menos política. O Brasil dos 4 "p"

Mário Sérgio Lorenzetto | 15/04/2018 09:03
Mais futebol e menos política. O Brasil dos 4 "p"

O que se viu foi a negação do discurso dos políticos e da grande imprensa. Na noite da sexta-feira, quase 40 mil torcedores encheram a Arena Corinthians. No sábado, mais de 30 mil estavam vendo o Palmeiras. É eram apenas treinos. Festas. O Brasil têm um encontro marcado com festas. Com alegria e não com ódio. Nesses dois dias, sexta e sábado, o PT não levou às ruas brasileiras nem 5 mil militantes. A diferença não é apenas numérica - 70 mil torcedores contra 5 mil militantes - é da formação do caráter do brasileiro, intrinsecamente alegre e festivo. Eles não aprenderam essa lição.
Lula concorreu a eleições parlamentares e presidenciais como candidato do ódio. Perdeu todas. Só foi ganhar quando se converteu no "Lulinha paz e amor". Na iminência da prisão, voltou à vestimenta surrada: o Lula que transpira raiva pela boca.
Não somos mais o país do futebol. Amarelo, só na roupa dos políticos que querem chegar ao poder com as mesmas armas que derrotaram o lulismo: o ódio a tudo e todos que não forem de sua turma. Apesar de seus gritos e impropérios, o Brasil não entrou em convulsão, e nada indica que venha a entrar. Temos uma sociedade mais equilibrada do que aparece na superfície das águas agitadas pelos ódios dos radicais de esquerda e direita. A verdade está no equilíbrio. A verdade está no centro, ainda que não exista um candidato desse setor do pensamento minimamente respeitado e confiável.
Enquanto a maioria da imprensa mundial deu a notícia da prisão de Lula como se fosse uma tragedia, mais de 200 milhões de brasileiros continuaram trabalhando, produzindo e, principalmente, se divertindo. Muitos deles até com um pequena ponta de alegria. Entendem que só há uma verdadeira mudança no país. Aos tradicionais 3 "p" que iam para a cadeia, e nela apodreciam - pobres, putas e pretos - agora tenha sido acrescentado um quarto, o "p" dos políticos. Sabem que saúde, educação e segurança foram propositalmente relegados ao esquecimento eterno.

Mais futebol e menos política. O Brasil dos 4 "p"

As reações do mercado no mundo de Lula.

O mundo de Lula é similar ao mundo da Lua. E o mercado segue na mesma viagem psicodélica, delirante. Na sequência da derrota de Lula no tribunal, no 30 de janeiro, ninguém ficou tão contente quanto o mercado. O "Senhor Mercado" pulara de alegria após a decisão do relator de prender Lula. Quando o juiz a verbalizou, a Bolsa subiu 2,30% e o dólar caiu para 3,18 reais.
" O mercado têm voz e ele hoje soltou foguetes", dizia um consultor do mercado à Folha de São Paulo. "Com a candidatura de Lula indo para o espaço o mercado comemora", acrescentava um economista famoso no jornal Estado de São Paulo.
Na sequência da prisão do todo poderoso Palloci - aquele a quem o "Senhor Mercado" tantas vezes beijou as mãos - a Bolsa registrou o maior fechamento de sua existência - na ordem dos 75 mil pontos. A euforia do mercado com o enterro do candidato que agora odeiam, levou corretores financeiros a estimarem a chegada aos 82 mil pontos até o fim do ano. O recorde dos recordes. E vão além. Afirmam sem constrangimento, que podemos fechar 2018, chegando aos 95 mil pontos. Algo que nem brinquedo de pelúcia acredita. Mas euforia, só é boa, quando desmedida. Mas será isso tudo verdade?
No dia 5 de abril, veio a ordem de prisão de Lula. Os jornais foram auscultar o "Senhor Mercado". Com Lula na cadeia, o volume de negócios caiu 1,8% - a maior perda bolsista mundial à exceção da Rússia. O dólar subiu a 3,42, o valor mais alto em dois anos.
Como Lula está definitivamente inelegível - só a turma da Lua acredita no contrário - , o "Senhor Mercado" ditará os rumos das eleições de 2018? É negócio para ver na Lua.

Mais futebol e menos política. O Brasil dos 4 "p"

Rússia: "quem necessita de uma mulher com bíceps e bigode?"

Há uma falta sistêmica de homens na Rússia. A desproporção segue pressionando na atualidade: 78 milhões de mulheres frente a 66 milhões de homens. Sim, são 12 milhões de mulheres russas que jamais encontrarão um russo para chamar de seu. E elas fazem parte do seleto clube das mulheres mais belas do mundo. O feminismo russo é amplamente ambíguo. Está na Constituição mas o eterno presidente, Vladimir Putin, mostra pouca simpatia com essa pauta. Seu último discurso explícita: "Queridas mulheres, sabemos que o coração das mulheres é o mais fiel, seu perdão é mais penetrante e seu amor maternal é infinito. Criar é educar um filho é uma felicidade é uma responsabilidade".
Mas o que ocorre em uma sociedade onde os filhos são tão raros quanto um extra-terrestre? Quem tiver a felicidade de ir à Copa de Futebol, dificilmente verá crianças correndo nas calçadas. Essa posição da mulher na sociedade russa não é nova.
O primeiro curso superior para mulheres só surgiu na Rússia em 1878 com a abertura dos cursos Béstuzhev em São Petersburgo. Mas esse avanço foi rapidamente freado.
O século XX se viu sacudido em uma sucessão de catastróficos conflitos. A queda dos czares, duas guerras em sequência e a Revolução Bolchevique. As mulheres puderam votar pela primeira. Estão entre as primeiras do mundo a ter o poder do voto. Assim como Alexandra Kolontai foi a primeira mulher no mundo a assumir uma cadeira de ministro. Também foram as russas as primeiras a escolher livremente seus maridos ou deles separar. Tudo parecia apontar para uma era de plena igualdade para as mulheres russas. Mas não foi o que aconteceu.
Com Stalin, elas tiveram de andar para trás. As mulheres voltaram a ver seus maridos escolhidos por seus pais, mas preservaram o direito deles se separar. Mas em momento algum da história dos séculos recentes, tantas mulheres foram parar na cadeia por infidelidade, quanto nessa época. Por outro lado, elas foram em massa para o trabalho fora de casa. Nada menos de 97%!das russas estavam empregadas e 500 mil serviram na linha de frente das batalhas dos russos contra os alemães, além das que foram servir como médicas, enfermeiras e operárias nas linhas de produção de armas.
A liberação das mulheres nessa Rússia estalinista foi uma maçã envenenada. Todas elas eram investigadas a ir a uma faculdade, mas seus salários jamais ultrapassavam 60% do destinado aos homens.
O caos econômico que se seguiu à queda do comunismo, atingiu especialmente as mulheres. A maioria delas não encontrou emprego por 4 a 5 anos. Mas foram elas que assumiram dois ou três postos na economia informal e sustentaram seus lares. Na atualidade, o estereótipo das russas é o de mulheres "delicadas, belas e ternas" que tanto encantam os ocidentais em geral. O deputado Vitoli Milónov, um dos principais líderes da Rússia, saudou o dia das mulheres com um sonoro "quem necessita de uma mulher com bíceps e bigode". Dona de casa e símbolo sexual.

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