O alfabeto inventado por Picasso
Ele já foi comparado com a caligrafia árabe. Depois, acreditaram que era a coreana. Outros diziam que eram como as letras capitulares medievais. Inventaram que eram constelações que tiveram ressaltadas sua beleza. Também havia os que acreditavam que o alfabeto de Picasso eram ossos deslocados. Mas todos estavam errados. O alfabeto inventado para ilustrar o "Canto dos Mortos", poemas de seu amigo cubista Pierre Reverdy não tem significado algum. Os caracteres são apenas uma "viagem ao mundo abstrato". Mas esse alfabeto tem um grande significado político. Foi sua "carta de libertação" dos comunistas.
Picasso, como quase todos os artistas de sua época, era comunista. E, por isso, foi perseguido pelo regime de Franco, na Espanha. Hitler também o encurralou em Paris para que explicasse o significado de Guernica, seu trabalho mais famoso. O malaguenho não gostava de ditadores. Não suportava que ninguém lhe dissesse o que tinha de fazer. Por esse motivo, não aceitou as exigências de seus camaradas que insistiam que sua arte fosse o realismo socialista. Assim, criou o alfabeto como uma declaração de liberdade, de insubordinação. Desde há poucos dias, vinte obras pouco conhecidas, dentre elas, os caracteres do alfabeto está, exposto no Museu da Casa Natal de Pablo Ruiz Picasso, em Málaga, na Espanha.
Qual o futuro dos livros?
"É o fim dos livros". Essa é uma profecia que está muito distante da era da internet. Era ainda o início do século XX, nos anos 1920, quando o sociólogo Walter Benjamin previu que o livro, na sua forma tradicional, estava caminhando para o seu fim, ofuscado pela "literatura" dos anúncios publicitários luminosos que tomaram conta das ruas. Chegamos em 2016, faltam apenas quatro anos para o centenário do primeiro anúncio da morte dos livros. As previsões não se confirmaram. Os e-books, principal plataforma concorrente dos livros-papel não tiveram o impacto destrutor que se antevia no final do século passado. Pelo contrário, ainda que não haja unanimidade, alguns relatórios internacionais mostram quedas nas vendagens dos livros eletrônicos. A infinidade de conteúdos online não foi suficiente para acabar com o interesse pelo livro-papel. Os livros sobreviveram mais uma vez. Resta saber com quais cicatrizes. Os e-books tomaram-lhe algo como 4% das vendagens do Ocidente.
Salman Khan, o responsável por milhões de crianças melhorarem suas notas na escola.
No pórtico de entrada da Academia fundada por Platão em Atenas, havia uma inscrição que alertava a quem desejasse nela entrar: "Aqui não entra ninguém que não saiba geometria". Mais que uma ameaça, essas palavras eram uma declaração de intenções, a constatação de que aquele era um espaço destinado ao saber e que se colocava o conhecimento em seu ponto mais alto. No site da Academia Khan também há um lema: "Só tem que saber uma coisa: pode aprender qualquer coisa". Aparentemente, as duas frases são antagônicas, mas no fundo seu significado é o mesmo, trata-se de colocar a sabedoria como valor máximo.
Ainda que Salman Khan não seja Platão, seus títulos universitários testemunham que dedicou grande parte de seu tempo aos estudos. É professor de Matemática e Ciências da Computação no MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts), e mestre em administração de empresas por Harvard. Mas o que dá mais orgulho a Khan não são seus títulos e sim as milhões de pessoas que conseguiram melhorar suas notas graças a suas aulas. Ele começou com um projeto puramente pessoal - alguns vídeos para ajudar um sobrinho em seus estudos - e se converteu em um projeto global, criado em 2006, com mais de 700 milhões de reproduções no YouTube. Bill Gates e Google investiram na academia de Khan. Ele defende que a Academia Khan é "grátis, para todos e para sempre". Une assim, algo que jamais deveria ser separado: sentimento e conhecimento. Ou como ele afirmou em uma conferencia: "Se isto não te maravilha, então você não tem emoções".