O método japonês para viver 100 anos
Como vivem, quantas horas dormem, que fazem em seu tempo livre... Os habitantes do país com mais longevos do mundo explicam seus segredos.
No Japão vivem mais de 65.000 centenários. Uma cifra que o faz bater recordes todos os anos. A maioria deles vivem na ilha de Okinawa - uma das regiões mais longevas do planeta. Assim, quando se trata de decifrar as chaves da longevidade, é normal que nossos olhos mirem para o oriente.
Eles têm muito a nos ensinar sobre como viver mais tempo, e o que é mais importante, como desfrutá-lo. Se os hábitos saudáveis podem alterar nosso DNA, por que não tentar?
Sua dieta é ligeira e sadia.
A taxa de obesidade no Japão é de somente 3,7%, enquanto no Brasil é de 19% e vem crescendo 60% a cada ano. Sua alimentação é alta em carboidratos procedentes de vegetais e baixa em gorduras. Seguem uma das regras de ouro para não engordar: combinar os carboidratos com proteína. E não qualquer proteína, ingerem proteínas oriundas de carnes. Cada japonês consome mais de 53 quilos de peixes por ano, mais do dobro que no Brasil. Todos coincidem em sua forma de comer: um conceito "slow". Mastigam bem os alimentos, e o mais importante de tudo: tomam três refeiçoes por dia sem encher o estômago. Chamam de "hara hachi bun me", literalmente "oitenta por cento do estômago". Significa que temos de deixar de comer antes de encher o estômago.
Não se rendem nunca.
Ainda que a personalidade de cada japonês seja diferente uns dos outros, para todos há uma característica comum: os centenários são francos, bem resolvidos, escrupulosos, sociáveis, curiosos, liberais e têm um espírito que os impedem render-se, lutam até o fim. Características que influem na longevidade. São comportamentos saudáveis que compartilham os centenários de ambos os sexos. Têm enorme capacidade para enfrentar os problemas de tal forma que contribui para que vivam mais. Isso faz com que superem problemas de todo tipo, inclusive uma fratura do fêmur para além dos 97 anos.
Exercícios, uma rotina nacional.
Segundo os gerontólogos que estudaram o caso japonês, a atividade física continuada evita a síndrome da fragilidade nas pessoas idosas. Quer dizer, faz com que não tenham seus músculos atrofiados e sigam tendo apetite.
Ainda que os japoneses sigam fazendo exercícios após os 80 anos, não há nada de inovador no que fazem, pelo contrário são exercícios que entraram a moda no Brasil nos anos 60 e 70... e saíram. Os exercícios calistênicos estão na "moda" no Japão há centenas de anos. Nunca saíram da moda e jamais sairão. Fazem parte de suas tradições. Não brincam com modinhas. Começam às seis horas da manhã e podem ser seguidos de qualquer lugar, através do rádio ou da televisão. Assim, não é de estranhar que existam histórias como a de Hidekichi Miyazaki, que aos 106 anos, ganhou 32 medalhas de ouro nos campeonatos de atletismo para veteranos do Japão. É isso mesmo, o Japão patrocina um dos maiores campeonatos de atletismo do mundo... exclusivo para idosos.
Aposentadoria, jamais.
A maioria das pessoas que chegaram aos 100 anos, trabalharam até os 90 anos. Eram, além do mais, pessoas que gostavam de compartilhar seus conhecimentos com os mais jovens. E todos escreviam diariamente. Ainda que fosse só um diário, pequenas notas, listas....
Além de cuidar de seu corpo, os centenários japoneses cuidam muito de manter seu cérebro em forma e realizam exercícios mentais diariamente. São muito populares uns cadernos de treinamento mental que foram desenhados por um professor de medicina anti-envelhecimento e que, diz o professor, estimulam o lóbulo frontal do cérebro. Esses exercícios incluem cálculo, caligrafia e ler em voz alta.
Buscam a perfeição.
Os japoneses buscam incessantemente tudo aquilo que funciona e bem e tentam levá-lo à perfeição, desde a tecnologia à tradição. Conservam um culto ao artesanato e à cultura dos samurais. Jamais perdem a vontade buscar o conhecimento, não fazem rodeios , não buscam jeitinhos e atalhos e tratam de ser práticos. Procuram o médico, por exemplo, mais de 13 vezes ao ano, uma das maiores taxas mundiais. Esse costume faz com que descubram enfermidades em fase precoce, muito mais fácil de tratar.
Desfrutam do ar livre e são sociáveis.
Seja realizando trabalhos de jardinagem ou cultivando algo em suas hortas - tudo muito diminuto, o certo é que os japoneses mantêm hobbies ao ar livre que ajudam, por exemplo, a potencializar a absorção de vitamina D e a assimilação de minerais essenciais, como o cálcio. Há uma pesquisa que é inacreditável. O gerontólogo Nobuyoshi Hirose, encontrou, depois de pesquisar mais de 800 centenários que entre os maiores de 105 anos não há produção de catarros. Há outra pesquisa tão inacreditável quanto a primeira: vinte em cada cem centenários japoneses levam uma vida autônoma. Passeiam ou fazem exercícios em seu entorno natural, os centenários mostram menor nível de estresse. Também são muito extrovertidos e gostam de sair de suas residências e fazer novas amizades.