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Em Pauta

O pai da aspirina... e da heroína, uma polêmica nazista

Mário Sérgio Lorenzetto | 09/02/2022 06:25
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Nas ciências, como em muitas outras disciplinas humanas, a história é escrita pelos vencedores. Esta é uma história de muitas polêmicas que valiam uma imensa fortuna. Vamos, primeiro, à versão oficial. Em 1934, Felix Hoffmann, contava sua versão. Dizia que nos anos 1890, seu pai sofria de reumatismo e padecia dos efeitos secundários do tratamento daquela época para aliviar as dores. Os sais de ácido salicílico, que tinham um sabor tremendamente amargo, produziam fortes irritações em seu estômago. Saia a dor reumática, entrava a estomacal. Era um suplício. Foi assim que ele pediu a seu filho, que em 1897 era um jovem cientista da empresa precursora da Bayer, uma alternativa que não atacasse seu estômago.


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Do extrato vegetal aos jogos com as moléculas.

Felix Hoffmann continuou trabalhando na empresa, agora denominada apenas de Bayer. Seu chefe, no primeiro laboratório de farmacologia da história, era Henrich Dreser, um metódico cientista que concebeu o uso de testes em animais para comprovar a segurança dos medicamentos. Dreser encarregou Hoffmann, durante o verão de 1897, de passar as férias "acetilando" moléculas, isto é, acrescentando o grupo químico acetil a todo tipo de moléculas na esperança de encontrar algum medicamento contra dores e febres que não atacassem tanto o estômago. Antes, usavam molhos de folhas e caules de várias plantas, desde a Antiguidade. Ao término das férias, a aspirina estava criada. Foi o medicamento do século XX em vendagem.


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A polêmica com Arthur Eichengrun.

Meses antes de morrer, Arthur Eichengrun reivindicou a invenção da aspirina. Alegou que foi ele que, dirigiu as provas do laboratório que chegaram à esse medicamento e que Felix Hoffmann apenas manuseara os frascos sob sua orientação. Também afirmou que teve de vencer as reticências de Dreser para que esses testes fossem levados a cabo. Essa versão foi ignorada até que em 1999, cento e dois anos depois, a Royal Society de Londres, sustentou a possibilidade de que Arthur Eichengrun inventara a aspirina, mas que tinha sido borrado dessa história durante o regime nazista, por ser judeu.


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Dois brigam e outro leva a fortuna.

O fato é que, até hoje, ninguém sabe quem inventou a aspirina. A Bayer resolveu a polêmica de uma maneira desconcertante, entregou uma gigantesca fortuna para Dreser, pelos royaltes, e nenhum centavo para Hoffmann e Eichengrun.


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O título de pai da heroína vai para...

A aspirina, inicialmente, não empolgou os altos escalões da Bayer. Mas, dez dias depois, de ter (ou não) criado a aspirina, Hoffmann inventou a heroína. E essa droga encantou os poderosos da Bayer. Começaram a vendê-la como um substituto não viciante da morfina. Era usada para aliviar as severas tosses dos tuberculosos e as dores das parturientes. Não exigia prescrição médica e foi um enorme êxito logo de saída. Somente em 1925, 28 anos depois, foram proibi-la. Ninguém reivindicou a criação da heroína.

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