O prefeito inaugurou um mural. O muralismo é a Revolução
O prefeito Marcos Trad acaba de inaugurar um mural, homenageando as araras, no viaduto da UFMS. Um homem público deve conhecer a simbologia de seus atos. Um mural, na América Latina, não é apenas uma obra de arte, está no coração das Revoluções Latino-americanas. Esses delírios latinos nasceram sob a égide do muralismo, uma corrente de pensamento que antecedeu as revoluções europeias, muito anterior ao comunismo e o fascismo.
Revolução para sempre.
Ao contrário do que muitos imaginam, a primeira revolução do século XX não estalou na Europa e sim na América Latina. No México, especificamente, e para ser mais concreto, em 20 de novembro de 1910 às 18:00h. Quem a detonou foi um empresario, Francisco Madero, içando a bandeira contrária à reeleição presidencial em um país que estava cansado do governo de trinta anos de Porfirio Dias. Madero pegou em armas e depôs Dias sem muitas dificuldades. Em pouco tempo venceria as eleições e seria o novo presidente. Tudo parecia resolvido. Mas o chamado às armas fez seu estrago de sempre. Abriu os diques da insatisfação de socialistas, anarquistas, agraristas, indigenistas, nacionalistas e populares. Os movimentos que ainda estão no âmago da América Latina.
Um certo Dr.Atl.
Os artistas encilharam seus cavalos, desceram de suas torres de marfim, e foram "transformar" o mundo. O primeiro a dar-se conta dessa mudança foi Gerardo Murillo, um pintor de paisagens e de vulcões que passaria à história com o nome de Dr. Atl. Foi em suas mãos que explodiu o século XX com teus seus ímpetos revolucionários e todas as demandas sociais e ideológicas. Não era algo que ele buscava. Dr.Atl pertencia à geração modernista, mais propenso à boemia que à ação armada. Seu curioso nome era apenas artístico, Atl significa "água", em náhuatl, língua indígena mexicana.
Intelectuais devem fazer a revolução.
Dr.Atl acreditava que uma aristocracia intelectual deveria guiar os destinos dos latino-americanos. Dizia que a democracia era medíocre, uma das principais travas ao livre exercício da criação artística, a mais sublime das atividades humanas. E essa arte deveria ser os murais. Começou levantando os andaimes nos edifícios públicos da Cidade do México. Logo criaria a nova escola, muralismo, atraindo milhares de estudantes. Sua mente fervente, o fez uma multidão de estudantes de artes para os combates, para a luta armada. O muralismo se tornaria a principal corrente criativa para os revolucionários da América Latina. A seguir, Diego Rivera, o maior muralista latino, principal do comunismo mexicano, o introduziria inclusive nos Estados Unidos.
