O sonho imperialista de um Paraguai bem brasileiro, resiste
O Paraguai já foi o maior país da América do Sul. Suas fronteiras iam do que hoje chamamos Venezuela, até Ushuaia, o propagandeado "fim do mundo" argentino. Guerras e simples resoluções espanholas, tornaram o Paraguai um pequeno país em âmbito territorial. Boa parte desse gigantismo foi perdido na guerra contra o Brasil que acalentava sonhos imperialistas.. E ela nos trás muitos ecos. Um deles, é acreditar que que temos algum poder sob os desígnios paraguaios. O ministro Guedes ao,chamar o país vizinho de um rico Estado brasileiro, não está sozinho. Ainda que residual, há outros que imaginam termos esse poder inexistente.
Um conflito uruguaio virou paraguaio.
Em 1864, o Brasil interferiu na política uruguaia, dividida entre os partidos Blanco - indigenista, hostil a nós - e o Colorado, de espanhóis e descendentes - nosso aliado. Uma esquadra brasileira, comandada por Tamandaré, cercou as cidades uruguaias de Salto e Paissandu. A primeira não resistiu, mas para a tomada da segunda, tiveram de desembarcar os marinheiros e travar combate em terra. Ocupada Paissandu, os aliados brasileiros tomaram o poder. Solano Lopez, um forte líder indigenista, viu uma oportunidade.
Sonhos guaranis de grandeza.
Pouco depois, o ditador do Paraguai, Francisco Solano Lopez, invadiu, pessoalmente, carregado por índios em uma liteira, uma cadeirinha, a parte comandada por líderes indígenas da Argentina. Ato contínuo, enviou suas tropas para Corumbá e para o Rio Grande do Sul. Eram os primeiros passos de uma guerra que destruiria os sonhos de grandeza paraguaios, além de massacrar sua população. O espólio de guerra estava demarcado. Desde o tempo das bandeiras de Raposo Tavares - que expulsou espanhóis, jesuítas e índios da região de Aquidauana e Miranda para além do Rio Paraguai -, parte do Mato Grosso do Sul era território a ser conquistado.
Madame Lynch perdeu as terras hoje sul-mato-grossenses.
Após a guerra, as fazendas de criação de gado de Madame Lynch, viúva de Solano Lopez, se transformaram em propriedade do governo Imperial do Brasil. Ponta Porá, Antônio João e parcela de Dourados, foram para o governo brasileiro. Madame Lynch recorreu aos tribunais. Contratou Rui Barbosa, o mais afamado jurista brasileiro. Em vão, a causa nasceu perdida. O Brasil via crescer seu território, seus sonhos de conquistas, de ampliação territorial, tiveram sucesso.
Estreita aliança entre Stroessner e militares brasileiros.
As décadas passaram sem novidades nas relações dos dois países. Alfredo Stroessner, ditador paraguaio, e os militares brasileiros, estreitaram as relações, construindo a Usina de Itaipu. Era um marco energético fundamental para os dois países, muito mais para os brasileiros, que aspiravam o crescimento de seu parque industrial. Foi nesse período que alguns poucos brasileiros passaram a tratar o Paraguai como um Estado brasileiro. Desrespeito à soberania de um povo intrépido e corajoso. O ministro brasileiro deveria, no mínimo, pedir desculpas e se retratar.