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Em Pauta

Os 400 de Lula

Mário Sérgio Lorenzetto | 03/03/2017 07:08
Os 400 de Lula

Pouco mais de 400 "artistas e intelectuais" assinaram uma petição para que Lula lance sua candidatura a presidente da República. Surpreende em numero e reconhecimento. Tão somente 400 pessoas assinaram um documento de tamanha importância para aquele que goza da pole-position das pesquisas eleitorais.

Qualquer documento com esse teor, por mínimo que fosse os trabalhos para a coleta de assinatura, teria de abranger um universo 10 vezes maior para não se tornar uma peça ridícula. Também choca pelos que assinam. Apenas uma dezena de personalidades de fama reconhecida. A abrangência, em um país continental, também incomoda petistas. Não há artistas e intelectuais do Mato Grosso do Sul e nem dos vizinhos Mato Grosso e Goiás. O Centro Oeste se faz representar tão somente por três obscuros assinantes de Brasília.

A petição pró-Lula só não foi um tiro pela culatra de alcance maior por ter conquistado algumas manchetes jornalísticas. É essa a candidatura que veremos no pleito de 2018? Imensa fragilidade daquele que um dia conquistou a quase totalidade do mundo artístico-intelectual do país. Medo? Descrença? Desesperança?

As Termópilas de Lula não impedirão as tropas dos persas de conquistarem a Atenas de Brasília. São escancaradamente diminutas e esquálidas. Quase famélicas. Não há sonho possível a ser vendido pelos marqueteiros de plantão. Aliás, o marqueteiro de Lula está tentando enganar a população carcerária.

Os 400 de Lula

O discurso do presidente para que tudo ande sem sair do lugar

A existência do governo Temer pressupõe que ele consiga arrancar do Congresso as reformas reclamadas pelos empresários para destravar investimentos e viabilizar a retomada da economia.

Em um país com 13 milhões de desempregados é mais fácil convencer que é preciso abrir mão de direitos para incluir um maior numero de pessoas no mercado de trabalho. A reforma previdenciária será a mais custosa porque é portadora de uma ilusão, a de que é possível para a maioria das pessoas somar 49 anos de contribuição em um mercado de trabalho tão volúvel e excludente.

Para manter a atratividade do país, o presidente tem um discurso a ser construído. Aquele destinado a convencer investidores de que é melhor uma proposta radicalizada, e tão difícil de ser deglutida, que outra que entregue o governo de bandeja para um candidato sem cabresto em 2018.

O governo caminha para abrir sua cozinha para o PSDB e reforçar a aliança com a qual pretende enfrentar a sucessão. Por mais que a delação da Odebrecht ameace explodir seu palácio de vidro, o foro privilegiado tem grandes chances de garantir o vagar necessário. Para eles, tudo deve andar sem sair do lugar.

Os 400 de Lula

Mesmo com a idade mínima de 65, muitos só se aposentarão aos 70

Com altos índices de desemprego e informalidade, aumento do tempo de contribuição deve adiar descanso de boa parte dos trabalhadores. Para muito brasileiros, o maior obstáculo criado pela reforma previdenciária não será a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria, e sim o aumento do tempo de contribuição. Acumular os 25 anos do tempo de contribuição é mais difícil do que parece.

Acumular 300 contribuições mensais não é trivial para os brasileiros, em função da rotatividade, da informalidade e da ilegalidade nas contratações, dos períodos em desemprego e das frequentes transições entre atividade e inatividade econômica.

Atualmente, a aposentadoria está garantida para quem contribui por pelo menos 15 anos. É o caso da maioria dos aposentados. São mais de 10 milhões de aposentados, a maioria de baixa renda, que recebem pouco mais de um salário mínimo.

Se os 25 anos de contribuição já estivessem valendo, apenas um em cada cinco dos que hoje se aposentam por idade conseguiria o beneficio. Quase 80% dos atuais aposentados estaria trabalhando.

Mas há o outro lado do entendimento da reforma proposta. Um dos principais fatores que tonou a nossa previdência explosiva é a forma de aposentadoria pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC). Hoje, uma pessoa que jamais contribuiu para a previdência pode receber um salário mínimo a partir dos 65 anos. Mesmo valor que é pago ao trabalhador que contribuiu a vida toda com base no piso salarial. A distorção é absurda.

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