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Em Pauta

Os mitos mais populares relacionados com o cérebro

Mário Sérgio Lorenzetto | 10/04/2018 08:26
Os mitos mais populares relacionados com o cérebro

Há muitos mitos ligados ao cérebro. Essa parte de nosso corpo continua sendo a grande desconhecida da imensa maioria. Seguimos sem saber muitas coisas sobre ele, mas há outras que estão suficientemente comprovadas. Um dos mitos mais recorrentes e longevos é o dos dez por cento. Só usaríamos dez por cento da capacidade de nosso cérebro. Não é verdade, usamos cem por cento ou algo próximo. Esse mito surgiu nos anos 1800, quando nem sabiam para o que serviam muitas partes do cérebro. Depois, o atribuíram a Einstein. E tudo que Einstein dizia, estaria correto. Em verdade, esse mito nada tem a ver com Einstein. Existe há séculos. O que acontece é que não usamos o cérebro inteiro simultaneamente. Em cada momento usamos a parte do cérebro que necessitamos para fazer determinada tarefa. Quando estamos falando, usamos zonas cerebrais distintas de quando tocamos algum instrumento musical ou quando estamos manipulando algo com as mãos. Se juntamos todas as atividades que fazemos em nosso dia ou em nossas vidas, estamos usando cem por cento de nosso cérebro.

Os mitos mais populares relacionados com o cérebro

O mito das inteligências múltiplas.

Quando saiu a hipótese da inteligência múltipla, foi muito útil, porque até então consideravam a inteligência como se fosse uma só coisa. Era muito centrada na matemática, nas línguas...e em poucas coisas mais. A hipótese da inteligência múltipla dizia: "Não. Há muitos mais aspectos da personalidade humana que são cruciais para nosso dia a dia e que se refletem em nosso potencial". Dizia que tínhamos uma parte interpessoal - inteligência para nos relacionarmos com outros -, e, outra, intrapessoal - a capacidade de pensarmos sozinhos. Foi muito importante porque rompeu com o mito. Havia o tabú de que só tínhamos de ter inteligência matemática ou linguística. Mas, o cérebro não funciona dessa forma.
O cérebro, em verdade, funciona como um todo integrado, a inteligência é una. O que acontece é que o cérebro se nutre de muitos aspectos diferentes. É impossível explicar matemática apelando só às lógicas-matemáticas de nosso cérebro. Quando explicamos matemática o fazemos com o uso da linguagem. Fazemos falando uns com os outros. Vem daí um dos maiores equívocos do ensino no Brasil, continua sendo segmentado, continua tendo como base a existência da inteligência múltipla. Não há no mundo cientista que aceite essa hipótese nos dias de hoje. É ultrapassada.

Os mitos mais populares relacionados com o cérebro

O mito do cérebro capaz de realizar inúmeras tarefas ao mesmo tempo.

Nosso cérebro só é capaz de realizar uma ou duas tarefas concomitantes. Raramente surgira alguém que consiga realizar cinco ou seis tarefas ao mesmo tempo. A realidade é que usamos muitas partes de nosso cérebro para realizar uma só tarefa. Cada zona de nosso cérebro é especializada em aspectos diferentes. Também temos distintos tipos de memórias. A memória sensorial nos permite captar coisas do nosso entorno. Essa memória dura menos de um segundo para se apagar. A memória a curto prazo nos permite fazer multi-tarefas. Mas não nos permite gestionar mais de cinco ou seis coisas simultaneamente. Que já são muitas. Isto é o máximo. Muitas pessoas não conseguem chegar a essa quantidade. Mas a memória a longo prazo não é multi-tarefas. Está centrada em uma coisa e, depois, passa para outra. O que acontece é que a de curto prazo pode estar tirando informações agora para isto, e, depois. para aquilo.
Ainda há o que é fundamental: as emoções. As emoções são cruciais em qualquer aprendizagem. De fato, sem emoções, o cérebro não recordaria de nada. Porque não lhe importa. Para o cérebro o mais importante são as emoções, o resto é acessório. Essa é uma das mais difíceis e desconhecidas funções do cérebro. As emoções são padrões de conduta pré-conscientes. Quer dizer, que são geradas sem que estejamos delas conscientes, e até que se manifestem, não tomamos conhecimento delas. São padrões de reações rápidas. O medo é uma emoção, a alegria é uma emoção, o asco é uma emoção. Nos permitem reagir sem pensar ante uma situação que pode ser uma ameaça ou uma oportunidade para tirarmos proveito antes de outra pessoa. É isso que o cérebro valoriza. A rapidez que lhe permite sobreviver. Sem emoções, ninguém sobreviveria. As emoções são geradas em uma parte profunda do cérebro. São denominadas amídalas cerebrais - grupo de neurônios com 3 centímetros de diâmetro. São muito primitivas. Como as emoções são cruciais para a sobrevivência, qualquer aprendizagem que leve emoções associadas, o cérebro interpreta como: "É importante para sobreviver. Tenho de recordar porque se voltar a acontecer algo parecido, saberei o que fazer". Por isso, o cérebro armazena bem qualquer aprendizado que leve junto emoções. E o resto que não é importante para sobreviver, para que gastar neurônios recordando?
Traduzindo com exemplos. Se você ensinar alguém usando o medo como arma, saiba que essa emoção poderá travar a procura de novos conhecimentos logo à frente. Qualquer nova aprendizagem estará relacionada ao medo e a pessoa não desejará adquirir novos conhecimentos. O inverso é verdadeiro. Toda aprendizagem realizada com alegria fortalecerá o cérebro em busca de novos conhecimentos, que significarão mais alegria... mais conhecimentos... mais alegria... um ciclo virtuoso.

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