Perigo: quem não tem gás, cozinha com lenha ou álcool
Relatos de famílias que têm de escolher entre comprar alimentos ou gás de cozinha. Relatos de situações precárias que, às vezes, terminam em acidentes sérios. Relatos de um Brasil com inflação alta, desemprego persistente e PIB periclitante. Vem de Anápolis, em Goiás, Estado onde o gás é mais caro, a notícia de que uma família se queimou ao usar álcool para cozinhar. O marido e a esposa foram parar na UTI e uma sobrinha foi hospitalizada. Mas esse é o mais simbólico dos casos. Há muitos outros espalhados pelos Estados.
Procura-se o culpado.
De quem é a responsabilidade das consecutivas altas no preço do gás de cozinha? O governo federal diz que a culpa é das distribuidoras. Estas, garantem que a Petrobras não lhes permite reduzir o preço. Tudo começa com os desenfreados aumentos do petróleo. Gás de cozinha costuma acompanhar a alta do barril de petróleo. Então, sem duvida, a responsabilidade primeira é da Petrobras. Mas o peso dessa responsabilidade tem de ser, também arcado pelos governos estaduais. Cobram ICMS elevadíssimo, que mesmo reduzido, continua elevando o preço final do gás. As distribuidoras, em verdade, ficam espremidas entre a Petrobras e os governos estaduais. Somente o governo federal fez seu dever de casa ao retirar impostos no primeiro semestre. Mas, continua auferindo elevados lucros na Petrobras. Enche de dinheiro um bolso e esvazia no outro.
Apenas três Estados auxiliam com Vale-Gás.
O governo federal chegou a prometer, em agosto, que editaria uma medida para dar um Vale-Gás para as famílias de baixa renda. O assunto ficou perdido em alguma gaveta do ministro Paulo Guedes, o czar da embromação. Tão enrolão que, no primeiro ano do governo, prometeu que o preço do gás de cozinha cairia pela metade. Naquela época, o preço médio de um botijão era de R$ 70. O que enfrentamos agora é o descalabro dos mais de R$100 por um botijão. Há Estados, como Goiás, onde o preço médio atinge R$ 130. Caiu para cima. Guedes anulou a lei da gravidade.