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Em Pauta

Regresso ao maio 68. A insubmissão permanente

Mário Sérgio Lorenzetto | 06/05/2018 08:49
Regresso ao maio 68. A insubmissão permanente

Brilhou o maio de 68. Alguns pensaram que ele se apagou. Os setenta Ainda viram suas luzes libertárias. Os oitenta foram um longo túnel sombrio. Nunca acabou.

A geração de 68 foi ao poder em todos os países. Integraram-se nos poderes, político, midiático e intelectual. Fizeram de suas gestões do capitalismo o resultado possível de sua revolução. No Brasil, o ápice de 68 só ocorreu nos anos Fernando Henrique Cardoso.

Passaram-se os anos. Agora temos um mundo que deixou de sonhar com uma vida melhor. Um mundo em crise. Expostos a seus limites. Um mundo que namora um passado bem distante de guerras e matanças. Deixamos 68 de lado e miramos nos anos 40, anos de nazismo e fascismo. A geração que pilotou o mundo pós 68 está desaparecendo e, com ela, se vão as mudanças. O que passou para as sementes de 68 não terem dado os frutos plantados? Cresce uma má erva. A erva que foi escancarada em 68. O movimento contra a guerra mostrou de forma contundente que os mortos são sempre nossos enquanto os benefícios da indústria de armas são sempre deles.

Regresso ao maio 68. A insubmissão permanente
Regresso ao maio 68. A insubmissão permanente
Regresso ao maio 68. A insubmissão permanente
Regresso ao maio 68. A insubmissão permanente
Regresso ao maio 68. A insubmissão permanente

Toda revolução será fagocitada e, depois, vendida.

Comunismo, maio de 68, hippies, rock and roll... o sistema engole todo aquele que lhe inflige algum dano. É sua forma de sobreviver. A revolução mais duradoura, por ter modificado radicalmente nossas vidas, iniciada em 1968 nas universidades de Paris, denunciava o consumismo é o mercantilismo, acabou fagocitada por esse mesmo mercado.

Durante 6 semanas de 68, estudantes, artistas e trabalhadores livres de seus sindicatos, tomaram as universidades e as ruas francesas. Um de seus inúmeros marcos foram os cartazes. Produziram algo como 500 tipos de cartazes e, dessas matrizes, saíram algo como 10 mil cópias. A polícia invadiu a Universidade de Belas Artes, onde eram produzidos esses cartazes. Alguns foram salvos da fogueira. São esses cartazes que deram início à "Street Art", a arte das ruas que invadiu o mundo com suas pichações e grafismos.

Os cartazes de 68 estão na moda na Europa e nos Estados Unidos, os originais estão sendo vendidos por mais de três mil euros. Essa é uma revolução que nunca morre, sempre ressurge.

Regresso ao maio 68. A insubmissão permanente
Regresso ao maio 68. A insubmissão permanente
Regresso ao maio 68. A insubmissão permanente

Maio de 68, a revolução das maneiras.

Meio século depois, o maio de 68 continua com suas vitórias e feridas expostas. O 68 foi um movimento heterogêneo, desordenado e exposto a contradições. Sua mais importante bandeira,"sejamos realistas, peçamos o impossível", dissolveu, evaporou.

O 68 transformou as relações de autoridade, descobriu a noção de juventude em seu peso social e escancarou as portas para o feminismo. É desse maio que emergiu com força a consciência das minorias, a concepção solidária da tolerância, a liberdade sexual e a autonomia do indivíduo na gestão de sua moral.

Não era egoísta. Colocou na parede os governantes paternalistas e coercitivos. Denunciou à exaustão toda forma de totalitarismo. Mostrou o ridículo fervor dos nazistas e dos comunistas. Reclamava a liberdade.

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