SUS disponível para 200 milhões de brasileiros porém o mais criticado do mundo
Os orçamentos para a saúde pública.
O SUS - Sistema Único de Saúde, é o maior do mundo. Em tese, ele está disponível para os 200 milhões de brasileiros. Aproximadamente 71% da população costuma procurá-lo com frequência. Ao mesmo tempo é o mais criticado do mundo. Nos próximos anos não há como obtermos a qualidade desejada. Todos que atuam na área são unânimes em dizer que é fundamental encontrar outras fontes de financiamento. Leia-se: retorno da CPMF (a alternativa era o pré-sal que, com a queda do valor do barril de petróleo, virou um saleiro). Por isso, qualquer corte de verba que ocorra na área é recebido com enorme preocupação. Os municípios já gastam, em média, 23% de seus orçamentos (Campo Grande gasta entre 28% e 30%) com a saúde.
Muito acima do mínimo constitucional que é de 15%. Os municípios do país gastam R$ 22 bilhões a mais. Estão com a corda no pescoço. Por outro lado, os Estados gastaram R$ 6 bilhões a mais que o mínimo. E a União deve gastar R$ 3 bilhões a mais no transcurso de 2015. Somando apenas os valores gastos acima do mínimo determinado pela lei, todos os governos juntos gastam algo como R$ 31 bilhões a mais. E esse montante é insuficiente. O movimento Saúde + Dez sucumbiu com a aprovação do Orçamento Impositivo. A pretensão era de aproximadamente dobrar o montante de recursos da União somente para a saúde. Feitas as contas, os especialistas da área dizem que os 15% da receita corrente líquida que conseguiram aprovar, poderão representar, em cinco anos, um valor menor que o existente no orçamento atual. A perspectiva é de grande dificuldade. A projeção é de, talvez, manter o que temos atualmente. O resto pertence ao mundo da política.
Um sorrisinho aqui. Você está sendo preso e filmado.
Desde janeiro de 2014, a cidade de San Diego, nos Estados Unidos, decidiu tornar obrigatório o uso de câmeras nos uniformes de seus 600 policiais. A ideia é evitar a violência dos dois lados da contenda - dos que estão sendo presos e dos policiais. O resultado da experiência superou as expectativas dos eficientes administradores da cidade. Presas na camisa e estrategicamente posicionadas na altura do peito, as câmeras gravaram interações entre os policiais e a população. O resultado dessa produção compulsória de provas foi divulgado: as reclamações da população despencaram (lá eles ouvem a população - houve queda de 40%), e o uso da força pelos policiais caiu pela metade (só ocorreu em 46% dos casos). A ideia foi lançada anteriormente pela Universidade de Cambridge. Testaram em Rialto, outra cidade norte-americana. E os resultados foram ainda mais promissores: as reclamações caíram 88% e o uso da força em 60%.
A JBS, quarta maior empresa de alimentação do mundo, virou gigante no governo Lula.
Carnes, celulose, biodiesel, um banco e uma emissora de televisão (Canal Rural). A JBS virou uma gigante em meros oito anos. Abate mais de 2 milhões de bovinos por dia. Conta com 200.000 funcionários em 350 plantas industriais em todos os continentes. Há 15 anos essa mesma empresa não era considerada grande nem mesmo no Brasil. O processo de gigantismo ocorreu a partir de 2003 com empréstimos concedidos pelo BNDES que se tornou seu sócio, mas também com muita competência dos irmãos fundadores.
A política não se cansa de mostrar uma "triste imagem" dessa pequena família de goianos que ascendeu aos picos do comércio mundial de alimentos. É bem verdade que sem as fortunas mirabolantes do governo federal não existiria um crescimento tão rápido em tão pouco tempo. Mas essa "acusação" é enxergar a realidade apenas com um olho. Falta abrir o outro olho. Na outra ponta da verdade está a capacidade gerencial do grupo que foi buscar no mercado internacional o que havia de melhor em dirigentes comprovadamente capazes, organização, planejamento e ousadia.
O petista foi um dos grandes beneficiados pelas milionárias doações eleitorais do JBS. Essa ligação com o petismo é constantemente rejeitada pelos irmãos da JBS. Em recente entrevista, Joesley Batista, um dos irmãos, disse que não depende da caridade governamental. É bem provável que seja verdade. Só esquece que um dia dependeu. Há outra questão embutida nesse debate sobre o BNDES e a JBS - colocam em xeque o nacionalismo. Se o governo federal tem participação direta no crescimento vertiginoso da JBS, também é responsável por "apascentar" a fortíssima indústria automobilística instalada no país (e tantas outras). Alguém já fez as contas de quantos bilhões de reais foram doados, direta e indiretamente, pelos governantes para a alemã Volkswagen?
A frustração é uma máquina de fazer vilão. A insegurança perpetuada.
Se a educação e a saúde dos brasileiros são ruins, a segurança é uma catástrofe. Os números assustam. A realidade preocupa até mesmo os que vivem nos "bunkers" apelidados de condomínios dos endinheirados, afinal, será que seu filho retornará ileso para casa após a balada? Essa pergunta está na cabeça de todos os pais, sem exceção. Números e mais números demonstram a catástrofe. 65.000 assassinatos por ano. 90% dos assassinatos ficam impunes e nunca solucionados. 53.000 casos de violência sexual por ano, que, estima-se, representa tão somente 10% do total verdadeiro (a maioria não denuncia por vergonha, medo ou falta de confiança nas autoridades). 40.000 mortos no trânsito e 170.000 feridos por ano. O pensamento machista é dominante: 33% dos brasileiros e brasileiras acredita que o estupro ocorre por causa do comportamento feminino.
Então, diante de tamanho terremoto, tamanha atrocidade, a segurança pública, que afeta a todos individualmente, para além de ideologias ou facções políticas, não mobiliza a opinião pública? Afirmar que somos "naturalmente" alegres e tolerantes é desconhecer a insatisfação latente que vigora nos ônibus lotados e, por vezes, aterrorizados por marginais.
Brasil é o quarto maior exportador de armas do mundo.
Vivemos entre a diplomacia e a venda de armas. Paz e guerra se entrecruzam. Nem só de soja vivem as exportações brasileiras. Existe um outro comércio, letal, no qual o país vai muito bem: trata-se do mercado de revólveres, pistolas, metralhadoras, fuzis, lança-granadas, artilharia anti-tanque, munições e morteiros. Atrás apenas dos Estados Unidos, Itália e Alemanha, nosso país é o quarto maior exportador de armas do mundo. É claro que essa propaganda não existe. Muito pelo contrário, o governo não divulga essa "competência". Entre 2001 e 2012 exportamos quase US$ 3 bilhões em armas. Deixamos para trás potências belicistas como a Rússia - fabricante do almejado fuzil AK-47, arma de escolha de 90% dos grupos guerrilheiros e de vendedores de drogas. O Brasil esconde essas vendas do mundo todo. Segundo a ONU, o nosso país peca pela total falta de transparência nessas vendas (são controladas pela entidade que une as nações). O país não apresenta seus contratos de vendas e nem os recibos. Não se sabe o que, para quem e quanto é comercializado. É algo semelhante a uma "venda legal contrabandeada". Entenderam (novamente) o país de Macunaíma - o herói safado e sem caráter?