Um hacker pode roubar teu carro facilmente
O risco de ter um carro inteligente é que deixa a mesma porta aberta de outros dispositivos "smart" para os piratas da informática. O que o primeiro iPhone trouxe para o mundo não foi simplesmente o primeiro telefone inteligente, e sim o tiro de largada para adaptar o vocábulo "smart" para todos os acessórios de nossa vida. Em menos de uma década temos desde relógios e bicicletas inteligentes até escova de dente, roupas e inclusive veículos. Mas, igual a qualquer dispositivo inteligente, um carro smart é um objetivo potencial para um hacker que só necessita um OTA ("Over The Air", um sistema similar aos que fazem atualizações dos celulares). Como o hacker age?
Primeiro, e mais fácil, é invadir o sistema Bluetooth de seu carro. Hoje em dia muitos carros trazem o sistema Bluetooth de série, e inclusive internet móvel que os converte em "routers". Um hacker pode invadir esse sistema e passar a controlar todas as funções do carro. Eles podem desativar os freios, tirar o cinto de segurança, por o ar condicionado no máximo e até fazer girar o volante. Tudo isso à distancia.
Segundo modo é pelo domínio da chave do carro. O sinal que a chave envia ao carro pode ser interceptado, clonado e reproduzido por um hacker que tenha um aparelho de fabricação rápida que custa US$ 40 em peças que são enviadas pela internet. Com esse aparelho ele poderá desbloquear as portas e, inclusive, dar a partida. Certamente leva algum tempo para o hacker obter sucesso, mas seu êxito é consideravelmente alto.
Tentaram falar com extraterrestres e inventaram os computadores.
A China acaba de construir um dos maiores radiotelescópios do mundo. O equipamento mapeará o espaço à procura de sinais extraterrestres. Há séculos a humanidade procura estabelecer contato com outros mundos e outras formas de vida. Das mais loucas às mais sérias, a ideia dos humanos é de que os extraterrestres seriam uma forma de inteligência pura, ria e lógica. Assim, na tentativa de saudar os marcianos, os humanos aprenderam a falar com máquinas.
No século XIX, Herman Melville, famoso escritor norte-americano, nos chamou de "Isolatoes". Seríamos ilhéus condenados a uma inconcebível solidão sideral. Ainda no campo da ficção vimos Marte e suas luas - alguns pensaram que eram canais e cidades. Que selvas e arquipélagos estariam escondidos sob as nuvens de Vênus? As espessas nuvens de cinzas que cobre Vênus seriam o resultado dos "fogos de artifício soltos pelos venusianos", escreveu o astrônomo da Baviera Franz von Paula Gruithuisen na década de 1830. E fez sucesso com a ideia. O grande matemático Carl Friedrich Gauss, também no século XIX, defendia a utilização de um gigantesco helióstato - um sistema de espelhos que ele inventou para refletir a luz solar em longas distâncias, para cumprimentar os extraterrestres. A partir daí a comunidade científica entrou no jogo. Comunicar com extraterrestre deixou o campo da ficção, onde estava aprisionada a ideia, para o mundo dos cientistas. Foi a vez de Joseph von Littrow que pretendia cavar enormes canais geométricos , enchê-los de querosene e incendiá-los, para que os marcianos vissem o sinal noturno. Mas outra ideia de von Littrow ocupou os debates. Cultivar espaços agrícolas na Sibéria formando o quadrado da hipotenusa e os quadrados opostos, em uma escala grande o suficiente para ser visível por um telescópio de Marte.
A invenção da luz elétrica, no fim do século XIX, deu novo impulso na imaginação dos cientistas. Enquanto Camille Flammarion pedia a instalação no Saara de fileiras de luminárias gigantes que iluminariam o céu quando Marte estivesse visível, seu colega A. Mercier propunha erguer uma enorme lâmpada equipada com espelhos em pleno coração de Paris - no Campo de Marte, é óbvio.
E nasceu a linguagem dos computadores.
Charles Cros hoje em dia quase não é mais conhecido. Mas ele foi um grande inventor, a quem devemos técnicas fotográficas em tricromia e uma das primeiras versões do fonógrafo, batizado de "paleófono" (voz do passado), um protótipo muito similar ao que Thomas Edison montou do outro lado do Atlântico ( ou copiou). Entre seus trabalhos, Cros pediu financiamento para o governo francês para um programa de pesquisa sobre a comunicação com os marcianos - assunto ao qual ele dedicou uma reflexão tida como rigorosa.
Em seu "Estudo sobre os meios de comunicação com os planetas", publicado em 1869, Cros retomou o conceito do enorme espelho que envia sinais luminosos a uma inteligência extraterrestre. E o levou ainda mais longe. Indagou como seria a comunicação com os marcianos depois de feita a conexão. Ele partiu da ideia de que sequencias ritmadas de flashes luminosos poderiam servir como código para dígitos, que por sua vez poderiam servir como código para imagens. Para isso, bastava transformar uma sucessão de dígitos em pixels binários ( por exemplo, espaços brancos e pretos) e ordenar sua sucessão em uma grade. As linhas de pontos brancos e pretos acabam formando uma imagem. Complicou o entendimento? Basta saber que essa é a linguagem do seu computador e das primeiras tecnologias de televisão.
Na verdade, Cros foi buscar a ideia de Joseph-Marie Jacquard, que criou métodos de tecelagem com cartões perfurados que serviram de inspiração para o que é considerado o primeiro computador mecânico imaginado, em 1834, pelo matemático britânico Charles Babbage. Também encontramos esses cartões perfurados nos fundamentos da máquina de estatística do engenheiro Herman Hollerith ( que originou o nome de nossos holerites no trabalho). Foram essas ideias que originaram a IBM e a computação moderna. Tentaram falar com marcianos e inventaram a linguagem dos computadores. Quem sabe os chineses com seu imenso radiotelescópio, cheguem à invenção de uma só linguagem para todos os humanos.