Vícios: ondas eletromagnéticas começam a ser testadas em tratamentos
Mais de 200 mil pessoas morrem anualmente de overdose. Mais de 3 milhões de pessoas morrem todo ano pelo álcool (1 em cada 20 adultos no planeta é alcoólatra). Não temos estimativa da quantidade de pessoas que não consegue largar os jogos. Há outras atividades compulsivas que estão sendo reconhecidas como casos de dependência psicológica, o tabaco está à frente. Mas há muito mais. Nos EUA e na Coreia do Sul, o hábito de navegar na internet já consta da lista de comportamentos associados à dependência, assim como compras e sexo compulsivo, comer em excesso e cleptomania. Tudo que é super-gratificante, induz à euforia ou têm efeito calmante pode causar dependência. Há cientistas que desejam colocar nessa lista até a prosaica pizza. Afirmam que a pizza é o alimento mais viciante que existe pois é feito com farinha branca e molho de tomate adocicado. As batatas fritas e o chocolate ocupam o segundo lugar na lista dos alimentos com maior probabilidade de criar dependência.
O mundo do tratamento das dependências pode ser dividido em dois para um deles, a cura deve estar baseada na reparação dos mecanismos químicos danificados no cérebro. O que há de mais inovador nesse primeiro grupo é a TMS - "Estimulação Magnética Transcraniana". O segundo grupo defende o uso de medicamentos como meio suplementar, pensa em meditação, ioga e alternativas do gênero.
Dois medicamentos para tratamento do alcoolismo.
Em uma clinica de Moscou - uma das cidades com maior numero de alcoólatras do mundo- estão usando "Antabuse". Implantam o medicamento sob a pele do alcoólatra - vale por seis meses - que está prestes a receber alta, depois de um mês internado. O medicamento provoca enjoo e vômito toda vez que a pessoa toma uma bebida alcoólica. Em Londres usam "Baclofeno", normalmente utilizado como relaxante muscular. Afirmam que conduz à libertação da garrafa e passam a beber moderadamente.
A estimulação magnética para sair das drogas e de outras dependências.
O vício provoca centenas de alterações na anatomia do cérebro, no seu funcionamento químico, na sinalização de uma célula a outra, e até mesmo nas sinapses - as fendas entre os neurônios. Ao se aproveitar da assombrosa plasticidade do cérebro, os vícios reorganizam os circuitos neurais de modo a atribuir um valor supremo à cocaína ou à cachaça, em detrimento de outros interesses como a saúde, o trabalho, a família ou a própria vida. Em certo sentido, os vícios são uma forma patológica de aprendizado. É possível a liberdade?
As últimas pesquisas mostraram que em um grupo de dependentes de cocaína, 16 deles foram submetidos à TMS - estimulação magnética - , ao passo que outros 13 receberam o tratamento convencional, com medicamentos para ansiedade e para depressão. No final do experimento, 11 participantes que haviam recebido TMS deixaram de consumir a droga. No grupo que recebeu o tratamento convencional, isso ocorreu com apenas 3 pessoas.
Ainda será preciso realizar experimentos de grande escala para se comprovar a eficácia dessa técnica e a duração de seus benefícios. Por todo o mundo há pesquisas em curso. Pode ajudar as pessoas a se libertar das drogas, a parar de beber, de fumar, jogar e comer em excesso.
O modelo antigo não explicava o que talvez seja o aspecto mais insidioso dos vícios: a recaída. Porque as pessoas anseiam pelo ardor da cachaça na garganta ou pelo contentamento da cocaína mesmo quando o seu corpo já deixou para trás a dependência física? A comunidade científica vem dizendo há anos: a dependência é uma doença, e não uma deficiência moral.