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Manoel Afonso

Marketing político: vale a embalagem ou o conteúdo?

Manoel Afonso | 25/03/2022 11:00

ELEIÇÕES 2022: Às vésperas da nossa campanha, marqueteiros já estudam fórmulas e recursos tecnológicos para tornar os candidatos objetos de desejo por meio do rádio, redes sociais e TV. Os postulantes têm consciência (presume-se) do diferencial desta campanha e da importância da embalagem do "produto" a ser oferecido ao eleitor. Mas também na política "nem tudo que reluz é ouro".

PIONEIRO: Aqui, Pedro Pedrossian marcou ao usar bem a mídia na política. No pleito de 1990, Renato Teixeira compôs e cantou ‘Homem de Miranda’, que virou sucesso nas emissoras de rádio. A sensibilidade do compositor em retratar o cotidiano do homem pantaneiro associando à imagem do ex-governador caiu como uma luva. Bombou!

BUMERANGUE:  Desta vez, em 2002, aos 74 anos de idade, Pedrossian foi vítima da mesma mídia concorrendo ao Senado contra o então garboso Delcídio do Amaral, aos 47 anos. Favorito, Pedro teve a imagem desgastada pela campanha insistente de que era velho e perdeu por 73.470 votos. Mais uma vez, prevaleceu a mensagem do marketing.

O INÍCIO: Explorando a imagem de pai dos pobres e dos trabalhadores, amigo dos artistas da época, Getúlio Vargas deu a largada no marketing político. Depois, Juscelino Kubitscheck pegou carona na industrialização, fundou Brasília e sorridente, marcou como "Presidente Bossa Nova" de bem com os meios de comunicação. Nos 2 casos, o conteúdo fez jus à embalagem.

COLLOR X LULA: Naquela memorável eleição, ficou comprovada a eficiência do marketing bem elaborado. O "Caçador de Marajás", bom de papo, elegante e destemido venceu. Não havia espaço para discutir o conteúdo das propostas mirabolantes. O eleitor não percebeu a manipulação das imagens na televisão e embarcou naquela canoa furada.

DEPUTADOS & AÇÕES: Paulo Corrêa (PSDB): tem projeto batizando de "Dirceu L. Lanzarini", o trecho da rodovia 156, entre Amambai e Caarapó; presente aos principais eventos do governo estadual na Capital e interior. Zé Teixeira (DEM): registrou voto de louvor pelos 60 anos de fundação do Hospital do Amor de Barretos na luta contra o câncer; pediu ao governo do Estado e foi atendido na doação de 2 caminhões para atender o setor de infraestrutura da prefeitura de Dourados. Lucas de Lima (SOL): prossegue com o projeto "Gabinete Itinerante" nos bairros da Capital; autor de projeto criando Campanha de Proteção e Incentivo a Reeducação do Consumo de Água e instituiu a Semana da Água. Mara Caseiro (PSDB): pede a troca de pontes de madeira por outras de concreto em Bataguassu e Paraíso das Águas; solicita melhorias diversas para a escola estadual em Mundo Novo; José Carlos Barbosa (PSDB): pede construção de túnel sob a BR-163 em Dourados para evitar alagamentos; insiste que só o governo estadual pode solucionar a crise da saúde em Dourados; entrou em vigor lei de sua autoria beneficiando autistas.

"FATOR ZELENSK": A força midiática agrega ou destrói. Veja os estragos que o presidente Zelensk da Ucrânia faz na Rússia usando apenas o celular. Suas imagens e mensagens convencem a opinião pública mundial contra os invasores. Para os especialistas, ele já ganhou a guerra de Putin, seja qual for o resultado no campo de batalha. Não há clima para ficar contra a Ucrânia.

ANTENADO: O médico Ricardo Ayache, presidente da vitoriosa Cassems e líder maior do ‘PSB Guaicurus’, compareceu ao recente ato de filiação do ex-governador Geraldo Alckmin ao seu partido. Conclui-se que sua presença ao evento mostra que ele está naturalmente engajado ao processo sucessório. Cá entre nós: não podia ser diferente.

REALIDADE: Apesar do oba-oba nas redes sociais, em que 13% é da extrema esquerda e 18% à extrema direita, cerca de 36% não se identificam com qualquer campo político e 22% se declararam de centro. Resumindo: 58% da população não se deixa influenciar e está focada em cuidar da própria vida esperando que o novo governo faça sua parte e não atrapalhe.

CONCLUSÃO: Essa maioria discreta – longe da gritaria ideológica – é quem detém o poder de definir o nome do futuro presidente do País. O ideal é que essa escolha se baseie nas coerências das propostas para fomentar o desenvolvimento econômico esperado. Os dados da pesquisa do Instituto Locomotiva foram publicados há pouco pelo jornal Valor.

ALERTA: Ao ingressar no PSB, Alckmin assustou a todos repetindo o que Mário Covas dissera ao final  do discurso de sua posse como governador de São Paulo: “Apoiar não significa deixar de emitir discordância. Igualmente é preciso não confundir discordância com ultimato, nem lealdade com subserviência. Lealdade é o valor praticado entre companheiros, mas há uma forma de lealdade que se sobrepõe a todas: a lealdade aos destinos do país”.

AÇÕES LEGISLATIVAS: Capitão Contar (PL): tem projeto homenageando os peritos judiciais no dia 4 de dezembro; requereu informações Secretária de Saúde da Capital sobre reclamações da falta de remédios e médicos em postos de saúde. Pedro Kemp (PT): presidente da Comissão de Educação, taxou o critério de repasses do MEC aos municípios como uma afronta; tem projeto que proíbe a pulverização aérea para preservar o solo, as águas e a população próxima das áreas cultivadas. Gerson Claro (PP): atendido seu pedido ao governo de reforço policial na zona rural de Sidrolândia com duas novas viaturas e 12 policiais; acompanha as obras de melhoria nas rodovias estaduais da região de Sidrolândia. Lídio Lopes (Patri): acolhendo reivindicações de Itaporã em prol da iluminação da MS-156, entre Itaporã e Dourados, e de sua emenda parlamentar para a instalação de academia ao ar livre em praça daquela cidade. Amarildo Cruz (PT): continua visitando lideranças de bairros e de diferentes classes sociais e levando suas aspirações às autoridades competentes; pede que a população não baixe a guarda no comportamento frente a covid-19.

SIMONE TEBET: Os próprios emedebistas daqui não defendem seu nome. Com pouco mais de 1% do eleitorado brasileiro, Mato Grosso do Sul não tem escopo e tradição no cenário político do País para repetir, por exemplo, o fenômeno Collor de Melo. Ela deve jogar as últimas cartas na pálida terceira via como uma saída honrosa.

PROBLEMAS: O MDB não foi bem nas últimas eleições no Estado. Basta ver os resultados dos pleitos na Capital e nas principais cidades. Puccinelli tem nome, mas disputou a última eleição há 12 anos. Companheiros desistiram, morreram e outros ficaram pelo caminho. Aos 74 anos, o italiano terá que se reinventar para vencer a concorrência. O discurso da vitimização seria a saída? A conferir.

EDUARDO RIEDEL: Seu desafio é transformar suas intensas relações com prefeitos, vereadores e outras lideranças em votos. Conseguirá? Ao seu lado, um cabo eleitoral de primeira: o governador Reinaldo, de competência comprovada nos pleitos que disputou em sua trajetória. Para os observadores, a guerra eleitoral só começa após abril. Até lá, vale imaginar e especular à vontade. Sempre é assim.

MARQUINHOS TRAD: Sua carta de renúncia da prefeitura já estaria pronta. Quem o conhece desde guri diz que ele é movido a desafios e não arreda o pé por nada. Ele já fez as contas e entende que essa seria sua vez e que não pode e nem deve ficar sem mandato por dois anos. Quer aproveitar o embalo. Isso exige coragem – que ele tem.

AÇÕES & DEPUTADOS: Marçal Filho (PSDB): presente na inauguração do auditório da UEMS de Dourados, o qual ajudou com R$ 1.100 mil ainda como deputado federal; tem proposta obrigando alinhamento ou retirada de fios sem uso nos postes das vias públicas. Paulo Duarte (MDB): comemora o final da restauração da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária de Corumbá dentro do programa "Cidades Históricas" do governo federal. Antonio Vaz (REP): presidente da Comissão de Saúde comemora o  sucesso da campanha contra a covid-19; recepcionou na Capital o deputado Marcos Pereira no Encontro Estadual dos Republicanos no último dia 18. Neno Razuk (PTB): destacou a importância da UEMS de Dourados quanto da inauguração do anfiteatro; ativo no encaminhamento das reivindicações de entidades e prefeitos junto ao governo estadual, onde tem excelente trânsito. Evander Vendramini (PP): foi à sanção do governo seu projeto de lei denominando "Ruiter Cunha de Oliveira", sobre a MS 454 ligando a BR-262 ao distrito de Forte Coimbra; ativo nas sessões e vigilante nas questões pantaneiras.

ROSE MODESTO: De partido novo, está motivada. Ao seu estilo, já percorre o interior. Está confiante no aporte financeiro que o novo partido deve lhe proporcionar para tocar a campanha compatível com suas pretensões e com a concorrência. O ex-senador Pedro Chaves já foi citado como eventual candidato a vice, mas comenta-se que ele gostaria de tentar a Câmara Federal.

QUESTÃO DE ÓTICA: “Tendo que escrever uma composição no colégio sobre uma família pobre, a filha de um milionário assim se expressou: Era uma vez uma família pobre. O pai era pobre. Os filhos eram pobres. O mordomo era pobre. O chofer era pobre. A criada era pobre. O jardineiro era pobre. Todos eram pobres.” (Max Nunes)

NO FACEBOOK: O fotógrafo Roberto Higa, de Campo Grande, teve fotos de sua autoria estampadas na reportagem da revista Realidade sobre Laucídio Coelho (o maior fazendeiro do mundo). Na época, ele possuía 870 mil hectares de terras, 5 aviões, 30 pistas de pouso e um império com frigorífico, banco, hotel, cerâmica, reflorestadora, mais de 200 mil reses bovinas, empregando mais de mil funcionários. Outros tempos.

Ponto final:

“Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos direito.” (Mattos)

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