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Manoel Afonso

Ressaca eleitoral: lamentos e projetos

Manoel Afonso | 02/11/2018 09:13

OTIMISTA E RESPONSÁVEL – Assim defino Sergio Longen, nosso presidente da Fiems e que acaba de se eleger vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria. Ao adornar o prédio da sede da entidade com as cores verde e amarela, manifestou a preocupação e os anseios da classe nestas eleições –ponto de partida para as reformas inadiáveis e urgentes. Sua presença cada vez mais influente na CNI é o reconhecimento de seu trabalho no contexto econômico do Estado. Mérito para quem tem!

CIRO GOMES – “...O país precisa se renovar...O lulopetismo virou um caudilhismo corrupto e corruptor que criou uma força antagônica que é a maior força política no Brasil hoje... E o Bolsonaro estava no lugar certo, na hora certa... Só o petismo fanático vai chamar os 60% do povo brasileiro de fascista... Lula nunca permitiu nascer ninguém perto dele... Não acho que tem havido nenhuma ameaça à liberdade de imprensa até aqui... A arrogância do Bonner achando que podia tutelar a nação brasileira, falar pela nação brasileira”. (Trechos da entrevista do candidato presidencial do PDT)

TIRO NO PÉ – Enfraquecer os candidatos da chamada centro-esquerda foi a tática do ex-presidente Lula (PT) no início da corrida eleitoral – para preservar o postulante Bolsonaro (PSL) que as pesquisas davam como galinha morta no “mano a mano” num suposto 2º turno contra o atual presidiário em Curitiba. Continuar reinando absoluto era o sonho de Lula. Mas deu no que deu.

ANÁLISE – Nesta sucessão presidencial o debate fugiu das questões econômicas e sociais que deu e manteve o PT no poder. A discussão bandeou-se para as questões culturais, a exemplo de países europeus e no último pleito dos Estados Unidos. A moralidade foi a senhora do cenário abrigando os valores da religiosidade e da família tradicional. Os grandes sociólogos e gurus mundiais das teorias socialistas, sucumbiram aos apelos de lideranças evangélicas como o pastor Malafaia.

VAIDADE? – Ao aceitar o convite para Ministro da Justiça, o juiz federal Sergio Moro leva-nos a lembrar do filme “Advogado do Diabo”(1997), onde o ator Al Pacino, no papel do advogado John Milton, num diálogo com o advogado iniciante Kevin Lomax ( ator Keanu Reeves), diz: “Vaidade, definitivamente o meu pecado favorito”. Em 2016 disse:”Jamais entraria para a política”. Aceitar o desafio foi tiro no pé? Só o tempo dirá. Até lá a oposição continuará barulhenta.

‘DAY AFTER’ – Deputado Paulo Siufi (MDB) prometendo dedicação exclusiva ao consultório médico, além de cuidar da própria saúde. Política, nunca mais? A conferir, até o pleito de 2020. Já o seu colega Jr. Mochi (MDB) voltará à advocacia, ao lado do seu filho, na Capital. Disputar a prefeitura de Coxim está fora de cogitação. Aliás, outros políticos reprovados nas urnas, com ou sem netinhos, devem irem para casa. O mundo mudou com as redes sociais. Acreditem nisso!

LAMENTAÇÕES – Ninguém se expôs como os judeus no Muro das Lamentações que o general romano Tito preservou para mostrar a força de seu Império na antiga Judeia. Mas na Assembleia Legislativa, deputados derrotados e até reeleitos manifestavam discretamente a decepção com os seus votos –apesar das visitas as bases eleitorais e dos gastos. Ora! Não sabiam que a comunicação com o eleitor mudou? Essa foi apenas uma amostra do vai ocorrer na sucessão municipal. Quem viver verá!

A LIÇÃO – O poder e influência das mídias digitais não pode ser esquecida pelos políticos, com mandato ou não. Mas essa lição é extensiva para aqueles que pretendem expandir suas mensagens comerciais para seus seguidores, seus futuros clientes. Afinal, o comércio digital está acabando com as lojas físicas que conhecemos ainda crianças. E não esqueçam de agradecer ao Bolsonaro que inovou o setor de cativar eleitores.

MÉRITOS – Questionado recentemente sobre suas relações com a imprensa, o próprio Bolsonaro ponderou: “A imprensa está muito diversificada. Eu chegue aqui graças as mídias sociais. Quem vai fazer a seleção de qual imprensa vai sobreviver ou não é a própria população. A imprensa que não entrega a verdade – vai ficar para trás”. Uma colocação muito interessante e que merece a reflexão necessária.

A PROPÓSITO – Seria negar o óbvio não admitir que a Família Trad emergiu ainda mais forte destas eleições e que não pode ser ignorada nos cenários futuros. Mas é aconselhável não deixar que esses fatores convergentes favoráveis passem uma imagem de caciquismo político –como ocorreu com lideranças que estiveram no poder e que naufragaram. Portanto, cuidado!

BOQUINHAS – Os cargos do Governo Federal em MS já são cobiçados nestes tempos de mudanças. Mas não se sabe com certeza quem sai e quem entra. Mas é evidente que o Planalto deverá analisar cada caso e ouvir as lideranças que lhe foram fieis e decisivas em sua eleição no Estado. Resta saber se o critério também será técnico como o presidente eleito tem se manifestado para os ministérios. Será?

MARUN – O ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República (MDB) se diz livre em 2019. Irá advogar aos 58 anos de idade? Desafio para quem está vinculado a vida pública desde 2005 (vereança na Capital). Além do vexame da cantoria em plenário, entrou para o folclore político com a frase lapidar: “Caixa 2 não é propina, não é corrupção... Político não gosta de caixa 2. Gosta de receber e botar na sua conta”.

DESAFIO – Leal aos companheiros de MDB, Marun estará no time de sobreviventes para tentar reerguer o partido. Com uma senadora, 3 deputados estaduais, 2 vereadores na capital e prefeituras sem grande peso eleitoral, será tarefa hercúlea nestes tempos de mudanças. O MDB enfraqueceu, mas ainda tem a maior bancada no Senado: 14 senadores. Caiu de 66 para 34 deputados federais e elegeu só 3 governadores ( Alagoas, Distrito Federal e Pará). Claro, está aberto a negociações.

SENADOR – Hoje cada um deles ganha R$ 33.763,00; R$ 44.276,00 de reembolso e R$ 5.500,00 de auxílio moradia. Pode nomear livremente 39 servidores, plano de saúde extensivo à família, aposentadoria e assistência médica a ex-senadores e esposa. Tem direito a transporte, passaporte diplomático, viagens nacionais e internacionais. Enfim, o custo mensal de um senador seria por volta de R$ 165 mil.

PROJETO – Após passar com sucesso pela Sanesul, José Carlos Barbosinha (DEM) se elegeu deputado estadual em 2014 e aceitou o desafio do comando da Secretaria de Justiça. Como parlamentar brilhou, íntimo do Direito Público e Administrativo, e ingressou no PSDB. Reeleito, anunciou a candidatura a prefeito de Dourados. Ágil, ocupa os espaços disponíveis naquela cidade. Sem desgastes, tem futuro.

A GUERRA – Nos bastidores, trava-se uma batalha muito interessante, mas repetida, para a escolha da futura mesa da Assembleia Legislativa. Há os que têm votos nas urnas mas não agregam simpatizantes, outros têm vontade mas são neófitos e, finalmente, há quem transita bem, conhece os meandros da casa e as relações com o Poder Executivo. Surpresas? Nem pensar. O que é combinado não é caro. De leve...

BOA TACADA – Gostei da iniciativa do senador eleito Nelson Trad Filho (PTB) em prestigiar seus suplentes com a instalação de escritórios de representação em Três Lagoas (suplente Terezinha Bagé, do DEM), Navirai, com o suplente José Chagas (DEM), Paranaíba e numa cidade da região do Pantanal. O mandato ganhará maior agilidade. A frase de Nelsinho: “Falei para eles não ficarem orando e nem rezando para eu morrer. Os dois irão trabalhar comigo agora”.

‘SAI DE BAIXO’ – Mais uma polêmica com a declaração do futuro governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), de que vai colocar atiradores de elite para abater traficantes nos morros cariocas. Claro, o pessoal dos Direitos Humanos deve condenar o anunciado em letras garrafais: “Prefiro defender um policial no tribunal do que ir ao funeral dele. Atirou, matou, está correto”. Guerra total.

“A raiva é um veneno que bebemos esperando que os outros morram”. W. Shakespeare

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