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Manoel Afonso

Sucessão de derrotas na capital intimida o PT?

Por Manoel Afonso | 01/03/2024 07:50

AGORA VAI? Sair ou não da ‘zona de conforto’ ferindo as boas relações com o Governo do PSDB? Os cardeais do PT discutem a questão para as eleições da capital. Agora, vale destrinchar o desempenho petista desde o pleito de 1988, vencido por Lúdio Coelho com 64,15% dos votos. O candidato do PT foi Alcides Bartolomeu Farias com 7.064 votos - 4,07% dos votos válidos.

CRESCEU: No pleito de 1992 o candidato foi Zeca do PT obtendo 42.042 votos (19,65%) com Juvêncio C. da Fonseca, vitorioso com 115.432 votos (53,55%). Em 1996 o candidato Zeca do PT obteve 130.713 votos (49,92%) contra André Puccinelli (MDB) que chegou aos 131.124 votos (50,08%). Diferença de apenas 411 votos.

ELEIÇÕES 2000: Após perder por um triz em 1966 o PT lançou Ben Hur e Ari Rigo (PDT) de vice para enfrentar o MDB de Puccinelli que acabou vitorioso com 223.312 votos (68,13%). O PT chegou apenas a 69.511 votos (21,21%). Comparando com o desempenho da eleição anterior o PT enfraqueceu nas urnas. Foi um fiasco. 

ELEIÇÕES 2004: Para enfrentar Nelsinho Trad (MDB) o PT lançou Vander Loubet  (vice Flavio Renato PP) obtendo 87.981 votos (22,99%) contra 213.195 votos (55.07%) do emedebista. Em 2008 o candidato do PT foi Teruel com 23,43% dos votos contra Nelsinho Trad (vice Edil Albuquerque)  que obteve 288.821 votos e se reelegendo.

ELEIÇÕES 2012: Com Vander candidato (vice Cabo Almi) não chegou ao 2º turno. Apenas 21.377 votos (4,87%). Contra tudo e contra o ‘sistema’ venceu Alcides Bernal (PP). Em 2016  foi a vez de Alex do PT com 8.482 votos (1,99%) no pleito polarizado entre  Marquinhos Trad (PSD) e Rose Modesto (PSDB). Desempenho pífio. 

ELEIÇÕES 2020: O deputado Pedro Kemp foi o candidato petista da vez chegando a 34.546 votos (8,32%). Marquinhos Trad venceu no 1º turno (52,58%). Kemp ficou em 3º lugar atrás do Promotor Harfouche (Avante) que chegou aos  48.094 votos (11,58%).  Uma eleição onde não faltaram opções aos eleitores: 14 candidatos a prefeito. 

SEPARAÇÃO: Duas eleições (2004 e 2008) municipais durante os dois mandatos de Lula eleito em 2002 e reeleito em 2006. Lula não evitou a vitória de Nelsinho sobre Vander em 2004 e nem a derrota de Teruel para Nelsinho em 2008. Nas duas vezes o discurso nacional sucumbiu ao debate local. E agora, será diferente?

ENFIM... Não por acaso o PT tenta se livrar da candidatura da deputada Camila Jara. De olho em 2026 para viabilizar a candidatura de Vander Loubet ao Senado, o PT flerta com Rose Modesto (União Brasil) e com o parceiro PSDB.  Habilidade ou temor por mais um desastre do partido, (mesmo com Lula no poder), onde jamais venceu?

‘NOVOS TEMPOS’: Enganou-se quem imaginou ver o deputado Zeca do PT repetir a postura radical de seu primeiro mandato. Hoje ele é só alegria nas relações com o Governo, derramando elogios ao governador Riedel e secretários. Aliás Riedel sabe do que os petistas gostam e adotou a velha receita de São Francisco de Assis. É dando...

MANCADA: Observadores entendem que o deputado Rafael Tavares (PRTB) pecou ao se ausentar das sessões após o julgamento de sua cassação. Poderia ter usado a tribuna como palanque e abordar questões afins e assim fazer sua campanha antecipada a vereança na capital.  A lógica diz que na campanha usará o discurso da vitimização.

ROBERTO BRANT: “Da virada do século até agora quase nada melhorou no Brasil. Nossa renda por habitante está praticamente estagnada, há um visível encolhimento da classe média, aumentou na população a percepção de corrupção e de insegurança e a confiança do povo nas instituições está em seu momento mais crítico. Se o presente durar para sempre estaríamos perdidos”.

LENÇO DE PAPEL: O descarte dos partidos pelos políticos já é tradição. Não há qualquer vínculo ideológico ou comprometimento confiável. As notícias sobre as mudanças partidárias na próxima janela partidária comprovam essa pratica oportunista.  Com dezenas de siglas do ‘mercado partidário’ o político está à vontade para escolher.

BOA NOTÍCIA: Agora todos os partidos participarão da chamada ‘sobra de vagas’ não preenchidas nas eleições proporcionais, independentemente de alcançar ou não a clausula de desempenho. A decisão do STF acaba com a lei que prejudicava as siglas menores. O novo critério beneficia inclusive as ‘federações partidárias’, cujos partidos  integrantes com direito as vagas da sobra.

LEMBRETE: Nas eleições proporcionais primeiro as vagas são destinadas às siglas que obtiveram 100% do quociente eleitoral e preenchidas pelos candidatos com votos em número igual ou superior a 10% do quociente. Na fase seguinte participam das sobras os partidos com pelo menos 80% do quociente eleitoral – e os candidatos com votação igual ou superior a 20% desse quociente.

NO INTERIOR: Independente do colégio eleitoral, as eleições são desgastantes, renhidas. Mas às vezes um bom café amigo evita tudo isso. Em Nova Andradina, por exemplo, a pré-candidata a prefeita Dione Hashioka estaria desistindo da candidatura e contemplada com o cargo de subsecretária da Educação. Isso se chama política.

REFLEXÕES: “O futuro encontra-se em aberto. Tudo pode acontecer. Temos o dever moral de enfrentar o futuro de um modo diferente daquele que seria se o futuro fosse apenas uma continuação do passado e do presente” (Karl Popper). “Na política temos o direito de ter a expectativa de milagres, porque os homens são aptos para realizar o improvável”. (Hannah Arendt)

TURBINADO: No saguão da Assembleia Legislativa o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) é alvo de comentários. Políticos da capital e interior falam de sua atuação incessante junto as bases eleitorais, incentivando companheiros e costurando alianças.  Ocupando os espaços - um olho neste pleito e outro nas eleições de 2026.

QUESTÕES: Quantos candidatos devem se eleger na aba do chapéu de Bolsonaro? Cauteloso com as palavras ele deve participar ativamente de mobilizações junto aos seus aliados. Embora seja cedo para previsões percebe-se Bolsonaro quer fomentar essa postura de oposição, cuja amostra na Avenida Paulista impressionou até adversários.

DOURADOS: As cortinas do cenário político vão se abrindo e um novo protagonista se apresenta. O vice governador José C. Barbosa (PP) revelou sua pretensão de concorrer ao cargo de prefeito. O fato acrescenta mais um ingrediente interessante nesta fase de articulações de grupos e partidos. É cedo para previsões mas promete!

FLECHADA: O ministro Fernando Haddad pediu no G20 a colaboração dos bilionários no sentido de que eles deixem de aproveitar os chamados ‘buracos tributários’. Seria o caso de se perguntar: o pedido também vale para os devedores  bilionários da Lava Jato com liminares dos ministros Tóffoli e Mendonça?

PONTO FINAL:

É inútil tentar fazer um homem abandonar pelo raciocínio as coisas que não adquiriu pela razão. (Sócrates)

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