Reflexões sobre o desastre ambiental no Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul, é uma terra de contrastes e beleza natural e vem enfrentando nessas últimas semanas momentos sombrios marcados pelo desastre ambiental devido às fortes chuvas e ao transbordamento de rios e córregos, esse desastre está deixando cicatrizes profundas na paisagem e na alma de seus habitantes. Do litoral ao interior, comunidades inteiras têm sofrido com as enchentes, os rios atingiram níveis críticos devido à precipitação intensa, contribuindo para as inundações generalizadas e os danos nas áreas adjacentes de forma muito rápida, causando pânico, mortes e caos em várias comunidades.
O luto se instaura diante da perda de vidas humanas, da destruição de moradias, da devastação de ecossistemas únicos e da ruptura dos laços comunitários. Familiares choram a ausência de entes queridos, enquanto outros lamentam a ruína de suas fontes de sustento e a deterioração do ambiente que sempre foi parte integrante de suas vidas.
Nesses momentos de dor e desespero, a resiliência do povo gaúcho se manifesta, a solidariedade se torna a força motriz que une vizinhos, voluntários e instituições em esforços conjuntos de reconstrução e apoio mútuo e as doações de alimentos, roupas e recursos financeiros chegam de todas as partes, demonstrando a empatia e o espírito de comunidade que permeiam a cultura gaúcha.
No entanto, a superação dos desastres ambientais não se resume apenas à restauração das áreas afetadas. A parte psicológica, os traumas e perdas são imensuráveis, o luto e a esperança se entrelaçam nessa jornada de reconstrução e transformação. Cada cicatriz na paisagem é também um lembrete das consequências de nossas ações sobre o meio ambiente e um chamado à ação para proteger e preservar os recursos naturais que são a base de nossa existência.
Infelizmente os traumas ainda não cessaram, pois além das previsões de chuva ainda estarem em alerta, o frio se aproxima, é esperado uma nova frente fria vinda da Argentina, onde terá queda de temperatura, e a situação da população ainda é grave. Neste momento qualquer ajuda é válida, e a ajuda pode vir como uma ressignificação do sofrimento e angústia de ver tantas famílias, crianças e animais desabrigados e sofrendo com toda essa desestruturação ambiental.
É imprescindível pensar que devemos urgentemente ter um compromisso coletivo com a prevenção e a mitigação dos impactos futuros. Isso envolve políticas públicas eficazes, planejamento urbano sustentável, educação ambiental e a promoção de práticas agrícolas e industriais mais responsáveis.
(*) Lia Rodrigues Alcaraz é psicóloga formada pela UCDB (2011), especialista em orientação analítica (2015) e neuropsicóloga em formação (2024). Trabalha como psicóloga clínica na Cassems e em consultório.
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