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Profissão: mãe. A sobrecarga materna

Por Lia Rodrigues Alcaraz (*) | 04/04/2024 08:45

A sobrecarga materna é uma realidade frequentemente negligenciada, mas que afeta inúmeras mulheres em todo o mundo. Esse fenômeno é particularmente evidente quando se trata da gestão simultânea das responsabilidades relacionadas aos filhos e ao trabalho, tanto dentro quanto fora de casa.

Ser mãe é uma das experiências mais gratificantes da vida, mas também é uma jornada repleta de desafios e exigências. Desde o momento em que uma mulher se torna mãe, ela muitas vezes se vê encarregada de uma série de responsabilidades, desde cuidar das necessidades básicas dos filhos até garantir seu bem-estar emocional, educacional e social. Essas responsabilidades não diminuem à medida que as crianças crescem, mas sim se transformam, exigindo adaptação contínua por parte da mãe.

Além disso, muitas mulheres também enfrentam a pressão de equilibrar suas funções como mãe com suas carreiras profissionais. A crescente participação das mulheres no mercado de trabalho trouxe consigo um aumento significativo na carga de trabalho das mães, que muitas vezes precisam conciliar suas obrigações profissionais com o cuidado dos filhos.

No entanto, a sobrecarga materna vai além das demandas do trabalho remunerado. Mesmo quando as mães optam por se dedicar exclusivamente ao cuidado dos filhos e da casa, elas frequentemente enfrentam uma carga desproporcional de tarefas domésticas e de cuidados, muitas vezes sem o reconhecimento e apoio adequados.

A sociedade muitas vezes perpetua expectativas irreais em relação às mães, esperando que elas sejam capazes de fazer tudo, e fazer tudo perfeitamente. Isso cria um ambiente de pressão constante, em que as mães sentem que nunca estão fazendo o suficiente, mesmo quando estão se esforçando ao máximo.

A sobrecarga materna não apenas impacta o bem-estar emocional e físico das mulheres, mas também pode ter consequências negativas para toda a família. Mães sobrecarregadas podem enfrentar estresse crônico, exaustão, ansiedade e até depressão. Além disso, a falta de tempo e energia para cuidar de si mesmas pode levar a problemas de saúde a longo prazo.

É importante que a sociedade reconheça e valorize o trabalho das mães, tanto dentro quanto fora de casa. Isso inclui políticas que promovam a igualdade de gênero no local de trabalho, como licença parental remunerada, horários flexíveis e creches acessíveis. Além disso, é importante que os parceiros compartilhem equitativamente as responsabilidades domésticas e de cuidado, criando um ambiente de apoio mútuo e colaboração.

É fundamental que as mães se lembrem de que não precisam ser perfeitas e que é importante buscar ajuda quando necessário. Priorizar o autocuidado e estabelecer limites saudáveis são passos importantes para evitar a sobrecarga e promover o bem-estar tanto das mães quanto de suas famílias. Somente através de um esforço coletivo para reconhecer e enfrentar a sobrecarga materna é que poderemos criar um ambiente mais equitativo e sustentável para todas as mulheres e suas famílias.

(*) Lia Rodrigues Alcaraz é psicóloga formada pela UCDB (2011), especialista em orientação analítica (2015) e neuropsicóloga em formação (2024). Trabalha como psicóloga clínica na Cassems e em consultório.

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