Novo modelo de saúde tem como ponto de partida o Médico de Referência
Auxiliado por uma equipe multidisciplinar, o médico de referência acompanha o paciente em todas as etapas da vida e, por isso, tem mais elementos na hora de tratar ou encaminhar ao especialista
Houve um tempo em que toda família tinha um médico de confiança. Aquele profissional de delicadeza no trato, assim como fazem os velhos amigos, que conhece o motivo do espirro, do mal-estar, da enxaqueca, e liga o sinal de alerta sempre que o paciente demonstra algum sintoma alheio ao histórico de anos de acompanhamento.
Hoje, são vários profissionais divididos em especialidades, brilhantes em diferentes áreas, mas inseridos em um atendimento fragmentado, o que muitas vezes compromete o vínculo e leva o paciente a bater no consultório errado.
Para recuperar essa relação e otimizar o atendimento, o papel do médico referência volta a ser reconhecido, graças aos resultados efetivos na promoção da saúde. É o ponto de partida fundamental para um atendimento ágil, eficaz e integral.
O novo modelo aprimora o trabalho do tradicional "médico generalista". Na versão moderna, a tecnologia é uma aliada, mas não o aspecto central.
Ao olhar o paciente como um todo, os principais problemas são resolvidos ali mesmo, no consultório, e suspeitas mais graves são encaminhadas aos profissionais adequados, para continuar o atendimento e providenciar as devidas intervenções.
O que vale é a atenção personalizada, que exige proximidade para acompanhar o histórico e até as tendências familiares de cada paciente, informações vitais para um diagnóstico preciso e, só então, o encaminhamento aos especialistas, caso seja necessário.
Ao contrário do que pode sugerir o termo "personalizado", o custo de um modelo assim pode ficar menor que o convencional, devido à redução do desperdício.
Esse sistema não é novidade e promove atualmente a saúde em países que são modelos para o mundo na Medicina, como o Canadá, onde a população sabe que primeiro deve procurar o médico de referência, porque será avaliada com calma, por alguém que já a conhece há anos.
"O médico de referência conhece vários aspectos da pessoa, orienta, soluciona dúvidas, ouve e acolhe. Mas não trabalha só, tem uma equipe multidisciplinar que trabalha de forma integrada, inclusive, na prevenção de doenças. Hoje, todas as organizações que discutem qualidade de vida têm abordado a temática do médico de referência”, comenta o médico Rogério Augusto Marques, coordenador do programa de Atenção Personalizada à Saúde da Unimed Campo Grande.
Ele lembra que a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) recentemente recomendou às operadoras de planos que estabeleçam nas políticas de gestão das suas carteiras propostas preventivas e de promoção à saúde, e o médico de referência é fundamental nesse processo de despertar a importância do autocuidado.
"Um aspecto relevante é a longevidade desta relação. Acompanhar ao longo da vida, garante tratamentos mais assertivos. Outro ponto é a integralidade, o que significa que uma mesma equipe é capaz de cuidar em todos os momentos, da infância ao envelhecimento, levando, inclusive, à mudança de hábitos e à qualidade de vida. O quarto e último aspecto é a coordenação do cuidado. O médico precisa avaliar o quadro geral, para apontar o momento oportuno de intervenção, aí sim, com um especialista, caso seja realmente necessário", pontua Rogério Marques.
Otimizar o atendimento, favorece a visão global do caso e prevenir é a única fórmula de sucesso em uma sociedade com expectativa de vida maior. E quando, não apenas as necessidades físicas, mas também emocionais e psicológicas são respeitadas, o efeito imediato é saúde para aproveitar a vida cada vez mais longa.