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Direto das Ruas

Barraco é destruído e moradora grávida fica sem ter onde morar

Barraco abrigava duas mulheres, a catadora de recicláveis Adrielle de 28 anos e uma adolescente de 14 anos grávida de 6 meses.

Paula Maciulevicius Brasil | 14/09/2020 11:57

"E minha casa se foi como fome em banquete
Então sentei sobre as ruínas
E as dores como o ferro, a brasa e a pele
Ardiam como o fogo dos novos tempos"

O que ficou do barraco foram restos de materiais. (Foto: Direto das Ruas)
O que ficou do barraco foram restos de materiais. (Foto: Direto das Ruas)

A última "rua" na favela Cidade de Deus II, atrás das poucas casas que foram construídas, poderia ilustrar um novo clipe da canção O Salto, da banda O Rappa, onde moradores de barraco que tem como sonho uma casa, veem o que ergueram em ruínas.

No fim do mês de agosto, quando estava no hospital sendo examinada para um cateterismo, a catadora de recicláveis Adrielle de Souza Silva da Silva, de 28 anos, recebeu uma ligação. Era a vizinha aflita pedindo para que ela voltasse para casa. "Vem embora, tem um guri vendendo tudo suas coisas, levando suas telhas. Não sei o que fazer".

A história de Adrielle chegou até o Campo Grande News pelo Direto das Ruas, onde em fotos ela narra o que aconteceu enquanto estava no hospital. "Quando eu cheguei no outro dia, estava tudo quebrado. Não tinha como salvar mais nada", descreve.

Adrielle é catadora de recicláveis, tem 28 anos, problemas cardíacos e mora com o filho e uma adolescente amiga que está grávida. (Foto: Arquivo Pessoal)
Adrielle é catadora de recicláveis, tem 28 anos, problemas cardíacos e mora com o filho e uma adolescente amiga que está grávida. (Foto: Arquivo Pessoal)

Adrielle conta que mora há cinco anos na região com a promessa de ter uma casa de tijolo e cimento ali. Ela já comemora o fato de estar sobre um terreno que é seu, embora ainda num barraco.

Segundo ela, foi um adolescente, usuário de drogas e conhecido na região, quem quebrou o barraco e vendeu o que tinha de madeirite. "Aqui é assim, se você sair e não deixar ninguém pra cuidar, eles pegam tudo", tenta explicar.

Adrielle mora com o filho de 1 ano e 7 meses e uma adolescente de 14 anos que está grávida de 6 meses. As duas eram vizinhas quando Adrielle morou no bairro Coophavila II e a menina morava em uma casa com a mãe, mas pediu abrigo no barraco. "E justo nesse dia ela tinha ido para a mãe dela ficar uns dias lá para não ficar sozinha aqui", completa Adrielle.

De alta, ela voltou e não encontrou nada no barraco. Graças a ajuda, conseguiu que montasse uma peça. "Eu não aguento mais ficar dependendo dos outros", desabafa. A catadora de recicláveis tem em mãos laudos que atestam problema no coração e a necessidade de fazer uma cirurgia.

Ao olhar as fotos de como era a casa, descreve: "Era duas peças, tinha só uma parede que dividia no meio quarto e cozinha, porque eu não tinha mais condições de fazer". Por este barraco, ela havia pago R$ 2,8 mil.

Imagem registrada pelos vizinhos que tentavam recolher material de barraco vendido. (Foto: Direto das Ruas)
Imagem registrada pelos vizinhos que tentavam recolher material de barraco vendido. (Foto: Direto das Ruas)

"Ficaram de me dar móveis e material e eu preciso de ajuda com o enxoval do neném dela... É um menino, ela deve ganhar até dia 13 de janeiro, mas ela já está com dor", fala.

A realidade de Adrielle é um contraste do que é previsto em lei para todos os brasileiros. Na Constituição Federal de 1988, o artigo 6º coloca o lar como um direito social básico. "São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição".

Sem garantia de nada, o que resta à Adrielle e pedir ajuda. "Resolvi ligar na reportagem, porque a situação aqui é complicada. Tem hora que eu tô sentada e olhando as fotos, tudo as minhas coisinhas, eu não tinha nada, é brincadeira, viu... A gente depende dos outros pra comer, pra dormir. Me levaram tudo, o que ele não levou pra vender, ele quebrou. Meu sonho? Meu sonho é ter minhas coisas e a minha casa", idealiza.

Quem puder ajudar, o telefone de Adrielle é o: (67) 8149-6119.

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