Barraco é destruído e moradora grávida fica sem ter onde morar
Barraco abrigava duas mulheres, a catadora de recicláveis Adrielle de 28 anos e uma adolescente de 14 anos grávida de 6 meses.
"E minha casa se foi como fome em banquete
Então sentei sobre as ruínas
E as dores como o ferro, a brasa e a pele
Ardiam como o fogo dos novos tempos"
A última "rua" na favela Cidade de Deus II, atrás das poucas casas que foram construídas, poderia ilustrar um novo clipe da canção O Salto, da banda O Rappa, onde moradores de barraco que tem como sonho uma casa, veem o que ergueram em ruínas.
No fim do mês de agosto, quando estava no hospital sendo examinada para um cateterismo, a catadora de recicláveis Adrielle de Souza Silva da Silva, de 28 anos, recebeu uma ligação. Era a vizinha aflita pedindo para que ela voltasse para casa. "Vem embora, tem um guri vendendo tudo suas coisas, levando suas telhas. Não sei o que fazer".
A história de Adrielle chegou até o Campo Grande News pelo Direto das Ruas, onde em fotos ela narra o que aconteceu enquanto estava no hospital. "Quando eu cheguei no outro dia, estava tudo quebrado. Não tinha como salvar mais nada", descreve.
Adrielle conta que mora há cinco anos na região com a promessa de ter uma casa de tijolo e cimento ali. Ela já comemora o fato de estar sobre um terreno que é seu, embora ainda num barraco.
Segundo ela, foi um adolescente, usuário de drogas e conhecido na região, quem quebrou o barraco e vendeu o que tinha de madeirite. "Aqui é assim, se você sair e não deixar ninguém pra cuidar, eles pegam tudo", tenta explicar.
Adrielle mora com o filho de 1 ano e 7 meses e uma adolescente de 14 anos que está grávida de 6 meses. As duas eram vizinhas quando Adrielle morou no bairro Coophavila II e a menina morava em uma casa com a mãe, mas pediu abrigo no barraco. "E justo nesse dia ela tinha ido para a mãe dela ficar uns dias lá para não ficar sozinha aqui", completa Adrielle.
De alta, ela voltou e não encontrou nada no barraco. Graças a ajuda, conseguiu que montasse uma peça. "Eu não aguento mais ficar dependendo dos outros", desabafa. A catadora de recicláveis tem em mãos laudos que atestam problema no coração e a necessidade de fazer uma cirurgia.
Ao olhar as fotos de como era a casa, descreve: "Era duas peças, tinha só uma parede que dividia no meio quarto e cozinha, porque eu não tinha mais condições de fazer". Por este barraco, ela havia pago R$ 2,8 mil.
"Ficaram de me dar móveis e material e eu preciso de ajuda com o enxoval do neném dela... É um menino, ela deve ganhar até dia 13 de janeiro, mas ela já está com dor", fala.
A realidade de Adrielle é um contraste do que é previsto em lei para todos os brasileiros. Na Constituição Federal de 1988, o artigo 6º coloca o lar como um direito social básico. "São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição".
Sem garantia de nada, o que resta à Adrielle e pedir ajuda. "Resolvi ligar na reportagem, porque a situação aqui é complicada. Tem hora que eu tô sentada e olhando as fotos, tudo as minhas coisinhas, eu não tinha nada, é brincadeira, viu... A gente depende dos outros pra comer, pra dormir. Me levaram tudo, o que ele não levou pra vender, ele quebrou. Meu sonho? Meu sonho é ter minhas coisas e a minha casa", idealiza.
Quem puder ajudar, o telefone de Adrielle é o: (67) 8149-6119.
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