Moradoras acionam PM após conflito por limpeza de terreno em Campo Grande
Situação aconteceu na Rua Bartholomeu Mitre, quando maquinário apareceu espalhando lixo pela rua
Moradoras da Rua Bartolomeu Mitre, no Jardim Tijuca, em Campo Grande, denunciam o descaso com a região e cobram providências do poder público e da empresa responsável por um terreno baldio no local. Nesta segunda-feira (7), as moradoras precisaram acionar até a PM (Polícia Militar) para evitar que o lixo fosse jogado no meio da via.
Esse caso foi sugerido por leitor que enviou mensagem pelo canal Direto das Ruas.
Vanessa de Araújo Rodrigues, 35 anos, e Clarice Martins Grance, 39 anos, vivem em uma área de comodato e relatam uma rotina marcada por insegurança, lixo, matagal e abandono.
Vanessa, que trabalha como merendeira, conta que a rua já foi parcialmente tomada por entulho jogado por máquinas da empresa responsável pelo terreno. “Jogaram tudo no meio da rua. Motorista de aplicativo não descia mais, a gente tinha que pegar lá em cima”, reclama.
Segundo ela, a situação se agravou hoje quando, mesmo após as moradoras contratarem serviço particular para limpeza na sexta-feira (4), os entulhos foram empurrados de volta para a área. “Pagamos R$ 800 numa patrola pra limpar. Agora eles vêm com a patrola deles e jogam tudo aqui de novo. A gente ficou na frente da máquina, eu e a Clarice, pra impedir que jogassem. Se a gente não tivesse ficado, eles tinham feito de novo”, afirma.
Ajudante de produção e moradora do bairro há dez anos, Clarice confirma a versão da vizinha e diz que o local se tornou ponto de uso de drogas, além de esconderijo para criminosos. “Aqui serve de motel, de tudo. Eles pegam lixo, jogam aqui, tacam fogo. E quando o fogo começa, quem sofre somos nós, que temos criança, idoso, pessoas com problemas respiratórios em casa.”
Os relatos apontam também a presença constante de andarilhos, que invadem terrenos, se escondem na mata e geram medo entre os moradores. Vanessa afirma que seu cachorro foi ferido e que o marido precisou intervir em brigas com invasores. “Eles tiram as calças, ficam pelados ali perto da árvore, usam droga e vão embora. A gente que paga o pato.”
Além da insegurança, o acúmulo de lixo e mato atrai animais peçonhentos como cobras e escorpiões. “É bicho de tudo quanto é tipo. E eles não limpam. A gente tá sofrendo, enquanto isso eles só empurram o problema pra gente”, diz Clarice.
As moradoras afirmam ter procurado ajuda junto à prefeitura e até acionado a Polícia Militar após o conflito com os funcionários da empresa. “Eles disseram que o patrão mandou. Eu perguntei: ‘cadê o patrão então?’ É fácil ele mandar jogar lixo aqui e desaparecer”, relata Vanessa.
Elas cobram fiscalização, limpeza e medidas concretas da administração municipal. “A prefeitura tem que fazer alguma coisa. Multar, obrigar a manter limpo, sei lá. A gente já procurou os meios, agora queremos respostas. Não dá mais pra viver nesse descaso”, conclui Clarice.
Funcionários da empresa que acompanhavam a movimentação das máquinas na manhã desta segunda-feira (7) afirmaram apenas que a área limpa pelas moradoras faz parte do terreno da empresa — incluindo o local onde elas residem. Questionado sobre a situação, um dos homens retrucou: “Pergunta pra Prefeitura se esse lugar que elas limparam é uma rua".
Em nota, a Prefeitura afirmou que "a empresa proprietário do terreno, que faz parte da massa falida da Encol, construtora goiana que declarou falência em 1999, já foi autuada".
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