Prefeitura retira circulação de ônibus escolar e pais de estudantes reclamam

Mães de estudantes do Ensino Fundamental de Chapadão do Sul, município que fica a 332 km distante da Capital, entraram em contato com o Campo Grande News, pelo canal Direto das Ruas, para relatar a insatisfação com a retirada do transporte escolar no município.

Até 2022, a frota de ônibus escolar da cidade atendia a todos os estudantes. Neste ano, o transporte ficou restrito aos alunos da escola rural e da única escola de ensino integral da cidade, que possui um processo seletivo para decidir quais alunos são matriculados lá. As mães relatam ter sido surpreendidas com a decisão da prefeitura.

A dona de casa Ana Cristina Ribeiro, 31 anos, é mãe de três filhos e relata que as crianças iam de ônibus escolar para o colégio até o ano passado. Neste ano, quando foi fazer a matrícula na Escola Municipal Cecilia Meireles, ela foi informada de que não haveria mais o transporte. "A secretária falou que eu deveria matricular na escola próximo de casa, mas a escola está em obra ainda", contou a mãe.

Nesta nova rotina, Ana precisa levar e buscar as crianças na escola, o trajeto leva cerca de 20 minutos. A mãe se preocupa com as chuvas constantes no município e as ruas mal sinalizadas. "Eu tenho muito medo que ocorra algum acidente. Quando fiquei sem carro, eles não foram para escola porque estava chovendo", comentou Ana. Ela destaca que participará da manifestação por acreditar que as crianças precisam de segurança para ir e voltar do colégio.

O mesmo ocorreu com a esteticista Michelle Salles, 39 anos, que foi surpreendida na hora de fazer a matrícula da filha de 11 anos ao descobrir que não teria mais o transporte coletivo. Desde o início do ano letivo, a filha está indo para a escola, que fica cerca de 2 km de distância, de bicicleta. "Tem criança indo a pé, na chuva. As ruas são um perigo, com má sinalização", comentou a mãe. Michelle também contou à reportagem que a prefeitura anunciou que no início de abril irão inaugurar a frota de transporte público e a tarifa será de R$4,00. "Como vamos deixar as crianças pegarem ônibus com adultos, idosos? É diferente do transporte escolar", ressaltou a esteticista.

A auxiliar de serviços gerais Jade Silva, 26 anos, contou à reportagem que está grávida de 5 meses e tem dois filhos de 7 e 6 anos. Ela leva as crianças para escola de bicicleta, todos os dias. Com sol, chuva ou frio, a rotina de Jade não pode mudar. Moradora do Bairro Esplanada ll, ela sai de casa por volta das 5h para levar a caçula até a escola que fica no outro bairro, Flamboyant. Na hora do almoço, Jade retorna para casa para alimentar e levar o filho de 7 anos para a escola, que fica no Bairro Esplanada.

A mãe relata que gostaria de matricular os filhos na Escola Municipal Semear, que é de ensino integral, para que pudesse facilitar a rotina dela, que possui uma gravidez de risco. "No inicio do ano, minha placenta deslocou. A médica até falou para eu parar de andar de bicicleta porque é perigoso e as ruas têm muitos buracos. Mas é muito difícil, são muitas despesas", lamentou Jade.

O prefeito de Chapadão do Sul, João Carlos Krung (PSDB), disse ao Campo Grande News que as diretrizes da educação dispõem que os alunos devem estudar na mesma região em que residem, e que devido à construção da Escola Municipal Manoel de Barros, no Bairro Esplanada, os alunos daquela região devem estar matriculados nela. O prefeito ainda comenta que caso algum estudante esteja matriculado longe de casa devido à falta de vagas na escola mais próxima, o município ofertará o transporte. Segundo o prefeito, são 6 mil estudantes na área urbana e para atender todos os alunos seria preciso triplicar a frota.

Cerca de 50 pais decidiram organizar uma manifestação na Câmara de Vereadores do município para cobrar a continuidade do transporte escolar. A manifestação está marcada para segunda-feira (27), às 19h, mesmo horário que ocorre a sessão.

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