Projeto atende 450 animais resgatados e faz apelo por doação de ração

Frequentemente os abrigos de Campo Grande publicam nas redes sociais sobre as dificuldades que enfrentam para conseguir alimentar, cuidar e levar ao veterinário os diversos animais resgatados. Nesta semana, a fundadora do projeto Tia Mi e os Pets, Michelle Vaz, de 28 anos, entrou em contato com o Campo Grande News para contar que os 450 animais acolhidos no projeto estão sem ração.

O projeto conta com dez protetoras que fizeram das próprias residências abrigos para os animais resgatados, além disso, apenas uma delas trabalha com carteira assinada, o que dificulta na compra de rações e da própria alimentação. "Nós temos muitos cães de porte grande, a maioria faz tratamento para leishmaniose. É um gasto mensal muito alto com medicamentos", relata a fundadora do projeto, Michelle Vaz.

Outro problema relatado pela protetora é o endividamento nas clínicas veterinárias da Capital. "Nós já totalizamos R$ 29 mil em dívidas, e tem doação que recebemos somente para quitar a dívida e não dá para destinarmos à ração, pois prestamos contas", pontua. A fundadora relata que a ração dos animais acabou no domingo e que está difícil de conseguir doações desde a pandemia de covid.

Segundo ela, os abrigos estão espalhados por sete bairros da Capital. "No abrigo um, do Pioneiras, a gente gasta 25 kg de ração para gatos a cada três dias. Isso racionando a ração", conta a protetora. Nesta unidade, são 206 gatos e 7 cachorros resgados.

A Subsecretaria de Bem-Estar Animal, procurada pelo Campo Grande News, informou por meio de nota que possui o programa de Banco de Ração, que recebe doações de ração e distribui entre protetores independentes, ONGs, tutores de baixa renda e ações institucionais. "A subsecretaria realiza serviço itinerante para ONGs e protetoras que solicitem o serviço pelo telefone 2020-1397, levando atendimento médico-veterinário, vacinação, vermifugação, microchipagem e orientações de bem-estar animal".

A nota ainda pontua que no mês de maio foi distribuída aproximadamente meia tonelada de ração para ONGs e protetoras. "No entanto, a ONG mencionada não possui cadastro conosco e nunca solicitou nenhum tipo de serviço disponibilizado pela Subea".

A advogada Charlita Benites, da Comissão de Defesa dos Direitos Animais da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), conta que a Comissão visitou cerca de 50 protetores na Capital que abrigam cerca de 3 mil animais vítimas de maus-tratos e que foram resgatados das ruas. "Essa obrigação é do poder público, mas o que que os protetores vão fazer? Vão deixar esses animais nas ruas?" questiona a advogada. Segundo Charlita, os membros da Comissão acompanham os problemas que as protetoras enfrentam diariamente.

A advogada pontua que para melhorar a situação nos abrigos e das protetoras é necessário que as vagas de castração sejam ampliadas, destinadas aos animais resgatados e feitas de outra maneira. Ela defende que a castração seja feita no castramóvel, nos abrigos. Outra medida que Charlita Benites defende é a criação de um hospital veterinário para tirar as protetoras da situação de endividamento constante. "Como que esses protetores irão levar esses animais até um determinado local para fazer a castração desses 300 animais? Sendo que às vezes eles não têm nem ração para dar naquele dia, terão ainda que se locomover até o local específico", comenta.

A advogada ainda relata que a Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da OAB está fazendo um levantamento de protetores de Campo Grande para inclui-los no banco de dados da comissão. Para agendar uma visita social é preciso entrar em contato pelo telefone (67) 99161-2208.

Para doar ração para o Projeto Tia Mi e os Pets, entre em contato com Michelle pelo telefone (67) 99220-1589.

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