Após pico de vendas na pandemia, bicicleta deixa de ser opção e impacta mercado
Empresários do ramo relatam queda nas vendas de até 80% no ano passado se comparado com 2020
No início da pandemia da covid-19, em 2020, o mercado de bicicletas viveu um “boom” nas vendas. Mas, o cenário já não foi o mesmo vivenciado no ano passado, com alguns relatando queda de até 80% em Campo Grande.
Há 4 anos, com a paralisação de muitos serviços, incluindo academias e restrição a locais lotados, como ônibus, as bikes foram as aliadas no dia a dia, sendo um escape. Além de ser usada para se exercitar também é um meio prático de locomoção, no entanto, tem sido deixada de lado.
Sergio Paraná, proprietário da Paraná Bikes, é um exemplo de quem sentiu na pele a mudança. Ele lembra que chegou a um estoque de 120 bicicletas e que no ano da pandemia baixou para 10, o que demonstra bom movimento.
“Realmente, tem bastante queda em relação por causa da pandemia que teve alta surpreendente. Não tinha mais bares, academia, a pessoa vinha e comprava bicicleta. Após a pandemia, abriram os bares, academias, normalizaram-se as coisas e voltou o que era antes e veio a queda, praticamente sobrevivemos de manutenção”, explicou.
Se comparar ano passado com 2020, ele estima retração de 80% nas vendas. “A queda já começou no meio de 2022, e as pessoas tratavam o gasto com a bicicleta algo supérfluo, só comprava se sobrasse dinheiro. Então, ninguém estava comprando nada”, comentou.
A realidade também foi a mesma para a proprietária da Concept Bike, Tatiany Lopes. Ela relata queda de mais de 50% no ano passado.
“Teve queda significativa desde o ano retrasado. O ano da pandemia foi atípico, as pessoas não podiam sair e teve aquele ‘boom’. Muita gente comprou e depois voltou academia, voltou a vida normal”, lembrou.
Ainda de acordo com ela, o setor também foi prejudicado pela falta de bicicletas por parte das distribuidoras.
Sobre 2024, a empresária disse que em janeiro começou fraco, mas em fevereiro está sendo melhor, e o que tem ajudado é a oficina, que nunca parou.
Levantamento – Dados da Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas) mostram que no Brasil, o setor apresentou recuo de 15% no ano passado. Já no faturamento, a queda é de 7% no mesmo período.
Em 2020 foi o ápice das vendas, quando chegou a 6 milhões de unidades; e em 2021, 5,8 milhões. Já nos últimos dois anos, o cenário foi desafiador, com dificuldades no estoque e queda na demanda.
Para o presidente do Conselho Deliberativo da Aliança Bike, Rodrigo Coelho, a expectativa deste ano é que tenha retomada.
“Os últimos dois anos foram de muitas dificuldades e reflexões para o nosso setor. A queda em 2023 é uma realidade, mas foi menor do que aconteceu de 2021 para 2022. A análise que fazemos é de que a tendência é que 2024 seja um ano melhor do que foi o ano passado, que possa ser o início de uma reversão neste cenário”, explica.
Ainda conforme o levantamento, o recuo nas vendas ocorreu principalmente nas chamadas bicicletas “de entrada”, que varia de R$ 800 a R$ 2.000; e no primeiro segmento das intermediárias (entre R$ 2.000 e R$ 4.000).
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