Auditoria identifica R$ 500 milhões em dívidas nas contas da Eldorado
Montante pode interferir no preço final da compra da fábrica de celulose de Três Lagoas.
Auditoria contratada pela chilena Arauco já identificou pelo menos R$ 500 milhões em passivos na Eldorado, montante que deve pesar no preço final da fábrica. Segundo informações divulgadas pelo Valor Econômico, o procedimento ainda não terminou e acredita-se que o valor possa aumentar ainda mais no decorrer das apurações.
São considerados passivos tudo aquilo que gera fluxo negativo de caixa para uma empresa, como dívidas ou custos de operação e manutenção. Na área de logística, a companhia do grupo J&F tem, por exemplo, R$ 200 milhões referentes a vagões, transporte e venda de material rodante.
Também foi relacionada na lista uma ação de R$ 100 milhões aberta pela Fibria pelo uso indevido de um clone de eucalipto registrado pela concorrente da Eldorado, e cerca de 1,2 mil processos trabalhistas e tributários que somavam R$ 436,7 milhões, mas os gestores só provisionaram R$ 7,5 milhões.
A auditoria também constatou que o Ebitda da Eldorado, que mede o quanto a empresa gera de recursos apenas com as atividades operacionais, estaria inflacionado indevidamente por créditos de ICMS lançados no balanço como prêmio de 30% que não devem ser devolvidos ao governo do estado.
Para negociar os ativos com exclusividade, a Arauco fez uma oferta de R$ 14 bilhões pela indústria, valor dez vezes maior do que o múltiplo de Ebitda informado pelos gestores. Com isso, ela afastou as concorrentes brasileiras Fibria e Suzano, que também estavam interessadas em comprar a planta.
A auditoria está sendo realizada pelo Santander e dois escritórios de advocacia, podendo terminar apenas em meados de agosto ou antes.
Planos – Se fechar a compra da Eldorado, a Arauco concretizará os planos de investir no Brasil. A companhia, que segundo o Valor é uma das maiores do setor florestal do hemisfério sul chegou a comprar um terreno em Inocência, em Mato Grosso do Sul, em 2011 para erguer uma fábrica. Além disso, ela também é dona de 40 mil hectares de florestas plantadas na região.
Contudo, a proibição da compra de terras brasileiras por estrangeiros travou o processo. Entre 2013 e 2014, gestores da companhia se reuniram com o empresário Mário Celso Lopes, idealizador da Eldorado e ex-acionista da empresa, para avaliar a combinação de seus negócios, o que também não foi adiante.