“Quase desmaiei”: alta no preço da carne impacta no churrasco de domingo
Carne de segunda vira opção e açougues percebem queda do movimento
Com a alta de 10,02% em média no preço da carne, o churrasco de domingo perdeu o sentido para quem mora em Campo Grande, sendo opção apenas em datas especiais. A carne de segunda virou primeira opção do consumidor que prefere comprar apenas o suficiente para não sair no prejuízo.
RESUMO
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Em Campo Grande, o aumento de 10,02% no preço da carne bovina impactou os hábitos de consumo. A pesquisa do Dieese apontou alta por dois meses consecutivos, levando os consumidores a comprarem quantidades menores e a optarem por cortes mais baratos, como ponta de peito e ponta de costela. Apesar de alguns açougues tentarem manter os preços, a tendência é de aumento contínuo, com cortes que antes custavam R$ 7,90/kg agora chegando a R$ 50,00/kg ou mais. O churrasco tornou-se um luxo restrito a ocasiões especiais para a maioria, com muitos consumidores buscando alternativas mais acessíveis ou comprando carne em outros locais com preços menores.
Divulgada no começo do mês, pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) apontou que o preço da carne bovina de primeira subiu pelo segundo mês consecutivo em Campo Grande.
Mesmo com a alta tem a tem açougue que ainda tenta segurar o preço para não perder mais clientes. Administradora de um açougue da Avenida Júlio de Castilho, Samara Rocha, de 21 anos, conta que o estabelecimento tem seguido essa prática. “A gente tem segurado o preço porque se a gente for colocar o preço e a mais porcentagem de lucro os clientes sentirão mais”, diz.
Segundo ela, o consumidor mudou a forma de comprar carne bovina, já que ficar sem é opção. “Nossos clientes não pararam de comprar, mas compram em pouca quantidade. [...] A gente percebe que alguns têm trocado e optado mais pelos cortes em conta, mas alguns ainda vão pela qualidade”, comenta.
No açougue, as carnes de segunda, como ponta de peito e ponta de costela são as que mais tem saída como opção de churrasco. Neste domingo, a reportagem apurou que o valor desses tipos de corte estão saindo a R$ 37,99 kg e R$ 50, 99, respectivamente.
Diante desse cenário, a gerente acredita que a tendência é o preço continuar subindo. “A gente tem uma expectativa de que melhore, mas pelo que está acontecendo a carne só tem subido e eu acredito que vai aumentar mais um pouco”, completa.
Ela também destaca que com o aumento no preço da carne é difícil voltar a ver o quilo da costela ser vendido a R$ 7.90 kg como era antes. “Hoje a carne de segunda está com preço de carne de primeira. Até comentei outro dia que a gente tinha um panfleto de ofertas antigo onde a costela estava R$ 7.90 kg. Acho que não seria nossa realidade hoje”, pontua.
“Valor muito exorbitante” - Passando uns dias em Campo Grande, Elcio Cintra, de 53 anos, é de Mato Grosso. Hoje, no açougue, ele ficou sem reação com o preço do contrafilé que aqui está R$ 53 kg, mas no estado natal sai a R$ 47 kg.
“Eu nem cheguei a assustar, quase desmaiei. O valor está muito exorbitante. Residi aqui há mais de 30 anos, então conheço esse lugar e sempre faço compras aqui. Achei o valor muito elevado”, conta.
Sentindo os reflexos da alta, o militar diz que vai comprar apenas o suficiente e churrasco está fora de cogitação nessa época. “É só falar [de churrasco] que dá vontade de correr. Fazemos em uma data ou outra, mas não sempre”, fala.
Maria Aparecida Palhano, de 71 anos, compra carne em açougues de Campo Grande raramente. “Tenho um filho que ainda mora no interior e na maioria das vezes trago a carne de lá, porque é mais acessível. Tá difícil mesmo de comprar por aqui”, frisa.
O churrasco na casa da servidora é só quando ela consegue trazer a carne de fora. “Hoje mesmo só vou pegar um peito de frango porque vou fazer um bobó, mas a carne eu estou pegando bem pouco”, conta.
Osvaldo Joaquim, de 66 anos, é um dos poucos entrevistados que diz continuar comprando os mesmos cortes. “A gente tenta comprar do mesmo jeito, mas já está sentindo no bolso, então a gente está tentando se virar”, declara. Para o aposentando, o churrasco também virou lenda. “Não tem churrasco em casa, apenas em datas especiais”, completa.
No açougue da Avenida Júlio de Castilho, a carne de primeira qualidade, como a picanha está custando R$ 74.79 kg. Outras opções são contra filé R$ 51. 99 kg e alcatra 52,99 kg.
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