ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  26    CAMPO GRANDE 31º

Economia

Com inflação, aluguel pesa no orçamento e compromete sonho de morar melhor

IGP-M, índice utilizado para reajuste dos preços de locação de imóveis acumula alta de 10,7% em 12 meses

Cleber Gellio | 26/07/2022 15:59
Marco Aurélio Lima, sentiu o peso do aluguel e antecipou planos de moradia nova. (Foto: Cleber Gellio)
Marco Aurélio Lima, sentiu o peso do aluguel e antecipou planos de moradia nova. (Foto: Cleber Gellio)

Um dos grandes desafios enfrentados pelo brasileiro desde o início da pandemia, em março de 2020, foi garantir um lugar para morar. Perda de emprego e renda causaram descapitalização de boa parte da população, principalmente a que não possue casa própria.

Para quem paga aluguel a situação foi ficando ainda mais difícil em decorrência da inflação, ou seja, perda de poder de compra. Segundo a Amhasf (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários), mais de 42 mil pessoas não têm casa em Campo Grande.

Um dos índices mais utilizados para locação de imóveis, o IGP-M (Índice Geral de Preços), variou 0,59% em junho e acumula alta de 8,16% no ano. Em 12 meses a alta é de 10,70%. No mesmo período do ano passado, o índice havia subido 0,60% no mês e acumulava alta de 35,75% em 12 meses.

Quem buscava manter a moradia, por meio do aluguel, planejando a tão desejada casa própria, viu o sonho ruir. É o caso do pedreiro Marco Aurélio Lima, 59 anos, que residia com a esposa Cândida Maria Correa, 51 anos, a enteada Ana Caroline. 27 anos e os netos, Maria Cândida, 8 anos e Rael Felipe, 1 ano e 8 meses, em uma casa alugada no Bairro Vivendas do Parque, na saída para Três Lagoas, em Campo Grande. Com apenas a renda familiar proveniente do trabalho de Lima, os gastos com o aluguel começou a pesar. “Pagávamos R$ 450,00 de aluguel, mais R$ 115,00 do IPTU, além das despesas com consumo de água e energia. Somente o aluguel tomava praticamente a metade do nosso orçamento”, disse.

Foi quando, em dezembro do ano passado, pegaram as economias que tinham guardado há anos e anteciparam a compra da casa que tanto planejaram no Bairro Noroeste. Um pouco mais simples, mas que traria a tranquilidade de abrigar a família. “Nossa intenção era esperar um pouco mais e investir em imóvel melhor mais para frente, mas estava ficando difícil e provavelmente teríamos que mexer no dinheiro que estava guardado”, relatou Cândida.

A saída encontrada pelo casal veio como um ‘livramento’, segundo a esposa, pois há um mês, Marco se acidentou de moto quando se deslocava para o trabalho e terá que ficar afastado das funções. “Ainda bem que estamos aqui e não temos aquela pressão de arcar todo com o compromisso todo mês. A gente passa apertado, mas vamos nos esforçando”, completou.

O setor - As constantes atualizações, para cima, nos índices inflacionários nos diferentes setores da economia do país, também respingaram no setor de locações. Em Mato Grosso do Sul não foi diferente. Diante da pandemia houve uma 'onda' de negociações com parcelamentos e descontos, além de mudança no perfil de algumas locações.

Eli Rodrigues, presidente do Creci-MS (Foto: Divulgação)
Eli Rodrigues, presidente do Creci-MS (Foto: Divulgação)

De acordo com o presidente do do Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis) de Mato Grosso do Sul, Eli Rodrigues, embora a maior parte dos contratos no estado estejam fechados com base no IGP-M, o setor tem optado pela negociação entre locador e locatário.“Realmente algumas situações vão precisar de bom senso entra as partes, por isso ainda é um momento de negociação. Os índices mostram que podem beneficiar uma parte ou outra, mas estamos trabalhando no sentido em que as partes cheguem a um acordo e o mercado continuem se desenvolvendo”, disse Rodrigues.

Para Rodrigues, quanto ao poder de compra da população, “a área de locação é menos problemática nesse sentido, porque a pessoa se muda sem fazer grandes alterações na vida e consegue passar pelos momentos de dificuldades”. “Levamos em consideração uma margem entre 20% e 25%, o percentual ideal no orçamento destinado para o aluguel. Sendo assim, é natural que a pessoa migre para um imóvel que caiba em seu orçamento”.

De acordo com o representante dos cerca de mais de 7,7 mil corretores registrados e 760 imobiliárias no estado, o setor já percebe um movimento no comportamento do mercado no pós-pandemia. Alguns locatários optaram pela junção dos aluguéis, residencial e comercial, utilizando um único espaço como moradia e trabalho. “Alguns deixaram de pagar dois imóveis e estão fazendo essa junção de trabalho e empresa. Isso traz um benefícios porque reduz custos com manutenção e locomoção”, disse Eli.

Nos siga no Google Notícias