Comércio de Corumbá amarga prejuízo de R$ 400 mil por dia com fronteira fechada
Segundo o secretário de Desenvolvimento, comerciantes estão voltando ao patamar da época do ápice da covid-19
Fechada desde segunda-feira (8), a fronteira da Bolívia com o Brasil já causa prejuízos em torno de R$ 1,2 milhão (R$ 400 mil por dia) no setor econômico de Corumbá, cidade a 426 quilômetros de Campo Grande.
O fechamento da fronteira ocorre devido a instabilidades do governo no País vizinho. Manifestantes bolivianos são contrários a sanção da Lei 1386, denominada pelo governo do presidente Luís Arce (MAS) como Estratégia Nacional Contra a Legitimação de Ganhos Ilícitos, que permite o governo investigar o patrimônio de qualquer cidadão sem ordem judicial.
De acordo com o Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Corumbá, Cássio Augusto da Costa Marques, mesmo com poucos dias de bloqueio, os prejuízos enfrentados pelos comerciantes da cidade são alarmantes, podendo ser comparado com o período de fechamento total do comércio durante a pandemia da covid-19.
“O fechamento da fronteira está causando um impacto muito grande. Os comerciantes estão voltando ao patamar da época do ápice da pandemia. Há uma estimativa de algo em torno de 400 mil por dia de prejuízo no comércio. Se formos colocar toda a movimentação econômica os valores superam em muito isso”, informou o secretário.
Segundo o presidente da Associação Comercial e Industrial da cidade branca, André de Arruda Campos, devido a desvalorização do real, muitos bolivianos vinham para a cidade brasileira fazer compras, o que manteve o setor aquecido nos últimos meses. Porém as vendas caíram bruscamente desde a segunda-feira, quando começaram os bloqueios.
“Com dólar a 6 reais era vantajoso para eles comprar aqui, os boliviano compravam da gente de alfinete a foguete. O fechamento impacta em todos os setores da cidade, principalmente hotéis e restaurantes, pessoas com reservas acabaram cancelando as viagens. O mais chato de tudo nessa situação é que não tem previsão de abertura então serão mais alguns dias amargando prejuízos”, lamentou o representante do setor comercial.
Gerente de uma loja de vestuário na região central de Corumbá, Ana Paula Benites, confirma a diminuição no movimento rotineiro no comércio após o bloqueio da fronteira. “A gente sente que diminuíram as vendas. Pra quem vive de comissão é ruim esse fechamento, vendíamos bastante no atacado para revendedores da Bolívia, alguns deram um jeitinho e conseguiram atravessar, mas no geral diminuiu”, frisa a comerciante que espera recuperar a margem de vendas com a chegada do fim do ano.
Conforme anunciado pelo Comitê Cívico Arroyo Concepción, que organiza o protesto, até o momento não houve até o momento nenhum diálogo por parte do governo. Os manifestantes estão concentrados logo após o Posto Fronteirizo, impedindo a passagem de veículos do lado boliviano. Também na ponte que delimita o território entre Corumbá e a Bolívia, há tambores e alguns carros que impedem a passagem de veículos. Somente é permitida a passagem de pessoas a pé ou em caso de urgência e emergência de urgência. Na estrada Bioceânica, que interliga os dois países, também há pontos de bloqueios.