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Economia

Concorrendo com delivery, nem no Natal venda na Ceasa se iguala a pré-pandemia

Comerciantes afirmam que vêm reduzindo em cerca de 40% a quantidade de produtos para revenda

Por Cassia Modena e Geniffer Valeriano | 24/12/2024 09:17
Movimento é tímido no galpão da Ceasa nesta véspera de Natal (Foto: Marcos Maluf)
Movimento é tímido no galpão da Ceasa nesta véspera de Natal (Foto: Marcos Maluf)

Sentados em frente às bancas para atender quem veio garantir a cota da fruta na ceia natalina ou precisa abastecer seus estoques, comerciantes da Ceasa (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, afirmam ter reduzido em 40% a quantidade de produtos à venda neste período do ano.

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Comerciantes da Ceasa em Mato Grosso do Sul relatam uma redução de até 40% nas vendas de frutas para o Natal, comparado a anos anteriores. A queda é atribuída a diversos fatores, incluindo mudanças de hábitos de consumo, a popularização de aplicativos de entrega de comida como o Ifood, e impactos econômicos como inflação, seca, aumento no custo do transporte e conflitos geopolíticos. Enquanto alguns comerciantes apontam a pandemia de Covid-19 como ponto de inflexão, outros observam uma diminuição gradual desde 2015. Apesar da redução, frutas como abacaxi, melancia, banana, uva, ameixa e pêssego ainda estão disponíveis, principalmente para clientes menores, com grandes quantidades já vendidas para supermercados e sacolões.

Abacaxi, melancia, banana, uva, ameixa e pêssego estão disponíveis nesta véspera de Natal (24), principalmente para os clientes menores. Caixas e caminhões carregados já foram vendidos para abastecer sacolões e supermercados, por exemplo.

A redução ocorre desde a pandemia de covid-19, segundo dois vendedores que a reportagem conversou. Um terceiro afirma que a queda vem desde 2015, pelo menos. Mudanças de comportamento e a popularidade do delivery também são apontados como "culpados".

Frutas preferidas na época são vendidas em caixotes na Ceasa (Foto: Marcos Maluf)
Frutas preferidas na época são vendidas em caixotes na Ceasa (Foto: Marcos Maluf)

Os motivos - Ademir Saraiva, 45, acredita que a tradição passa por transformações. "Os mais antigos que fazem questão das frutas continuam comprando. O 'povo' mais jovem de hoje prefere o Ifood ou coisas assim", diz.

Ele confirma que está diminuindo gradativamente a compra de produtores para a revenda na Ceasa desde a pandemia de Covid-19, considerando todos os meses, não só a época de festas. "Até 2020 as vendas eram excelentes. Passou a pandemia e caiu a venda uns 45%", diz.

A emergência de saúde impactou o preço dos alimentos e de produtos de outros gêneros cuja demanda aumentou consideravelmente. Hoje, questões como inflação, seca, aumento dos custos do transporte e guerras estão inclusos nesta conta, segundo análise de economistas.

Ademir Saraiva compra conforme a demanda que percebe nos anos e meses anteriores (Foto: Marcos Maluf)
Ademir Saraiva compra conforme a demanda que percebe nos anos e meses anteriores (Foto: Marcos Maluf)

A margem de -40% também é citada pelo comerciante Ivan Mudo, 46. Ele era o único vendedor com pêssego para vender nesta manhã.

A fruta da casca "de veludo" teve vendas bem melhores numa época de ouro que, para o comerciante, já passou.

"Em 2015 eu colocava aqui 12 caminhões só com uva e outros com frutas diversas. E hoje, estou colocando 12 caminhões de frutas mistas. Uvas, ameixas, pêssegos, nectarinas... Antes, vendia muito. Uma loja pedia umas 13 caixas de uva. Hoje, pedem menos. De 2015 para cá, só vem diminuindo", observa.

Ivan Mudo detalhou a diferença na quantidade de caminhões carregados e caixas vendidas (Foto: Marcos Maluf)
Ivan Mudo detalhou a diferença na quantidade de caminhões carregados e caixas vendidas (Foto: Marcos Maluf)

Este ano, Ivan diz estar sentindo diferença nas vendas desde agosto. "Estão diminuindo. Pensando nisso e comparando como foi no ano passado, a gente compra menos para revender", diz.

Luciano Godoi, 34, concorda com os colegas: "Cada ano está diminuindo mais. Não foi como a gente esperava, foi meio fraco, as vendas estão indo muito devagar. Atendeu mais ou menos 50% da nossa expectativa, até agora".

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