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Economia

Cooperativas de crédito driblam a crise e número de agências cresce 28%

São 85 agências; 19 delas abertas em Mato Grosso do Sul nos últimos dois anos

Osvaldo Júnior | 08/03/2018 08:49
Unidade do Sicredi em Campo Grande (Foto: Paulo Francis)
Unidade do Sicredi em Campo Grande (Foto: Paulo Francis)

No mesmo País em que a riqueza tem alta pífia de 1%, o cooperativismo de crédito contabiliza crescimento médio anual de 20%. Na composição dos números nacionais, há participação significativa de Mato Grosso do Sul. Em dois anos, a quantidade de agências de cooperativas de crédito no estado aumentou 28,7%, somando, atualmente, 85. Nesse período, foram abertas 19 agências.

“Quando as pessoas se juntam no frio, elas se aquecem”, metaforiza Celso Ramos Regis, vice-presidente do Sicredi Brasil Central, em referência ao crescimento das cooperativas em meio às intempéries da economia. Ele argumenta que a cooperação é alternativa à crise.

A afirmação de Regis é respaldada em números diversos do próprio setor e dos bancos comerciais, que, mesmo com diversos mecanismos de proteção, sentiram o impacto do desaquecimento das atividades econômicas. Dados do Banco Central mostram que, apenas em 2017, foram fechadas 1,5 mil agências bancárias no Brasil, resultado recorde.

Essa retração ocorre no momento em que o País patina na variação do PIB (Produto Interno Bruto). No ano passado, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), houve tímido avanço do PIB de 1%, depois de quedas de 3,5% tanto em 2015 quanto em 2016.

Nesse contexto de economia retraída e de crescimento da inadimplência, os bancos se tornaram mais rigorosos na liberação de crédito e elevaram preços de seus produtos. As cooperativas, com lógica diversa a do lucro, terminaram acelerando o crescimento nesse cenário.

Crescimento – Em Mato Grosso do Sul, foram abertas 19 agências de todas as cooperativas de crédito, o que corresponde a três novas agências por quadrimestre. Somente uma dessas cooperativas, o Sicredi, tem, no estado, 149.528 associados, avanço de 11% em um ano. Isso representa um cooperado a cada grupo de 14 sul-mato-grossenses da população economicamente ativa (2,097 milhões de pessoas).

Outras estatísticas reforçam esse avanço. Os recursos totais do Sicredi Brasil Central – inclui Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins – somaram R$ 3,7 bilhões em 2017, crescimento de 25% sobre o ano anterior. As operações de crédito chegaram a R$ 3,1 bilhão, alta de 38%.
Os resultados, que são divididos entre os associados, totalizaram R$ 189,3 milhões, incremento de 33%. Quanto ao patrimônio líquido, a alta foi de 26%, somando R$ 904,7 milhões.

Celso Ramos em entrevista (Foto: Arquivo)
Celso Ramos em entrevista (Foto: Arquivo)

Fatores – “As cooperativas estão na contramão da crise. No país, o crescimento médio anual é de 20% e aqui em Mato Grosso do Sul é ainda maior, em torno de 25%", estimou Celso Ramos Regis.

Entre os fatores desse crescimento, ele destaca a própria natureza das cooperativas, que não visa o lucro e os resultados são divididos entre todos, conforme o volume de movimentações. “Em época de crise, a cooperação entre as pessoas é fundamental”, afirmou.

Ele acrescenta que a criação do FGCoop (Fundo Garantidor de Crédito das Cooperativas), instituição que oferece mecanismos de proteção dos depósitos nas cooperativas de crédito, em 2014, também impulsionou o crescimento do setor. “Isso aumentou a credibilidade das pessoas”, notou. “A maior divulgação e o fato de os resultados econômicos serem divididos também ajudam no crescimento das cooperativas”, completou.

Regis informa que qualquer pessoa pode se tornar sócia de uma cooperativa. Basta apenas ingressar com valor mínimo de cota de capital. No caso do Sicredi, essa cota mínima é de R$ 20.

Em uma cooperativa de crédito, há, de modo geral, todos os serviços e produtos oferecidos por um banco comercial, conforme enfatiza Regis. “Tem todas as operações de crédito, consórcios, poupança, financiamento rural...”, lista o vice-presidente do Sicredi Brasil Central.

Abaixo, estão algumas diferenças entre cooperativas de crédito e bancos convencionais. Em seguida, parte de perguntas e respostas disponibilizadas pelo Banco Central sobre cooperativas de crédito.

 Algumas diferenças entre cooperativismo de crédito e bancos comerciais

 Cooperativa de crédito Banco comercial
Sociedade de pessoasSão sociedades de capital
As decisão são partilhadas entre muitosAs deliberações são concentradas
Os líderes são associadosOs administradores são terceiros (profissionais de mercado)
O usuário é o próprio donoO usuário das operações é apenas cliente
Não restringem, tendo mais atuação nas sociedades mais remotasPriorizam os grandes centros
Desenvolvem-se pela cooperaçãoAvançam pela competição
O lucro está fora do seu objetivo, seja pela natureza ou detemrinação legalVisam o lucro por excelência
Os resultados são distribuídos entre todos, na proporção das suas operaçõesO resultado é dos donos

Fonte: Livro Cooperativismo financeiro: percurso histórico, perspectiva desafios

O que é uma cooperativa de crédito?

A cooperativa de crédito é uma instituição financeira formada por uma associação autônoma de pessoas unidas voluntariamente, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, sem fins lucrativos, constituída para prestar serviços a seus associados.
O objetivo da constituição de uma cooperativa de crédito é prestar serviços financeiros de modo mais simples e vantajoso aos seus associados, possibilitando o acesso ao crédito e outros produtos financeiros (aplicações, investimentos, empréstimos, financiamentos, recebimento de contas, seguros, etc.).

Quais são as vantagens e desvantagens da constituição de uma cooperativa de crédito?

As vantagens são:
a cooperativa pode ser dirigida e controlada pelos próprios associados;
a assembleia de associados é quem decide sobre o planejamento operacional da cooperativa;
a aplicação dos recursos de poupança é direcionada aos cooperados, contribuindo para o desenvolvimento do grupo e, também, para o desenvolvimento social do ambiente onde vivem;
o atendimento é personalizado;
o crédito pode ser concedido em prazos e condições mais adequados às características dos associados;
os associados podem se beneficiar com o retorno de eventuais sobras ou excedentes.

Por outro lado, como desvantagem:
os prejuízos verificados no decorrer do exercício, se insuficiente o fundo de reserva, devem ser rateados entre os associados na razão direta dos serviços usufruídos, facultado a compensação por meio de sobras dos exercícios seguintes.

Posso obter um empréstimo em uma cooperativa de crédito?
Sim. As cooperativas de crédito podem oferecer a maioria dos serviços e produtos financeiros disponibilizados pelos bancos, desde que os clientes sejam seus associados. Para ser associado é necessária a integralização de uma cota do capital da cooperativa.


Leia todas as perguntas e respostas clicando aqui.

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