Coronacrise obrigou 38,4% das empresas de MS a rever conceitos de negócios
Levantamento aponta que empresários tiveram que fazer mudanças nos negócios para continuar operando na pandemia
A pandemia do coronavírus obrigou pelo menos 38,4% das pequenas empresas do Estado a mudar a forma de trabalhar. Os dados constam de pesquisa divulgada hoje pelo Sebrae.
O estudo feito em abril mostra que, as alterações realizadas pelos negócios incluem a redução do horário de funcionamento (54,5%); utilização de apenas entregas ou serviços online (27,2%); adoção de teletrabalho, também conhecido como home office (24,2%); rodízio de funcionários (12,2%) e drive thru(3%).
No quesito inovação, as mudanças podem ser implementadas de forma proativa, nos casos onde o empresário analisa o cenário e toma por conta própria a iniciativa. Ou ainda, nas situações onde é preciso atender a exigências externas, como as medidas de restrição ao comércio impostas pelo poder público para conter a transmissão da Covid-19.
O analista do Sebrae/MS, Rodrigo Sleiman, explica que é importante que o empresário se antecipe às situações. “Desde os tempos antigos, ‘a necessidade é a mãe da invenção’, segundo disse Platão. Em tempos onde o empresário está restrito, é preciso inovar. O que caracteriza as empresas que prosperam, é a busca de oportunidades. Se você esperar por saber o que vai acontecer, só terá êxito em saber, então é importante se antecipar”.
Mudanças - As inovações feitas pelos empresários de MS incluem desde o reforço às boas práticas de vigilância sanitária – mostrando o compromisso da empresa para os clientes e a população em geral – e até investimento em produtos e implementação de mais formas de venda.
Na Capital, o restaurante Delírio Eat “saiu na frente” ao reforçar, logo no início da pandemia, medidas de biossegurança. Conforme o proprietário do negócio, Luciano Duré, os cuidados com a higienização já eram uma prática comum, porém, foi preciso aumentá-los e divulgar para colaboradores e clientes. Outra inovação foi incentivar o serviço de entrega.
“Quando ouvir falar, já pensei que isso poderia chegar aqui. Desde então, compramos termômetro, aumentamos o álcool em gel, orientamos os funcionários a não virem trabalhar se apresentarem sintomas. Explicamos aos clientes que as portas estão abertas, mas pedimos para usarem o delivery. Para isso, aumentamos os cupons promocionais no Ifood, colocamos mais produtos em oferta, e temos taxa zero de entrega a partir de R$ 50”, disse.
A queda no faturamento com o impacto do coronavírus levou o empresário Gilson Rotta a investir em um produto que ele já tinha na empresa, mas que não dava tanta atenção. Foi assim que o torresmo de rolo – do restaurante O Caipirão, localizado em Ivinhema – ganhou destaque, aliado à divulgação mais certeira nas redes sociais. Ele teve as ideias após realizar uma consultoria gratuita do Sebrae.
“É um processo trabalhoso, mas só depende de mim e tem um bom custo-benefício. Além disso, na região, sou o único que faz. Para tornar o produto conhecido, passei a atualizar as redes sociais do restaurante com mais frequência, tenho postado os feedbacks dos clientes que compram o torresmo e aprovam. Com a consultoria, aprendi a impulsionar posts e já fiz até algumas vendas por conta desse anúncio”, destaca.
Sem volta - As mudanças vieram para ficar como explica o analista do Sebrae, por isso agora é hora dos empresários pensarem em como atuar no mundo digital, tendência que iria ocorrer nos próximos anos, mas que é cada vez mais acelerada com a pandemia.
“No contexto geral, já víamos uma tendência de digitalização, a sociedade está cada vez mais fazendo compras de forma digital. Uma boa parcela da população, pessoas que não gostavam muito de mexer no celular, eles precisaram aprender a mexer. Seja para pedir Uber, fazer transferência bancária... Estamos vendo a aceleração do consumo digital. Agora com a pandemia, esse comportamento será intensificado, então todos os empresários precisam pensar nisso”, conclui.