Crise abala classe C e reflete na debandada de lojas em shopping
A debandada de lojistas do Shopping Norte Sul Plaza, em Campo Grande, é sinal de que a crise econômica atingiu em cheio a classe C. Nos últimos meses, pelo menos 10 lojas fecharam suas portas no centro comercial localizado na Avenida Ernesto Geisel. Mas não é só lá, pela cidade a mesma situação acontece também no Centro e em outro shopping.
Para lojistas, o peso da crise econômica sobre a classe que emergiu na década passada, afetou diretamente o movimento do shopping, que tinha em seu mix, grande quantidade de estabelecimentos voltados para o público desta faixa de renda.
Para o empresário Rodrigo Stocco, proprietário da rede de lojas MyGloss, o fechamento de sua franquia no shopping Norte Sul “não foi questão direta da crise. Foi questão do público, que ficou mais sensível com a situação”.
Rodrigo tem mais de 50 lojas no país, e diz que embora a crise não tenha atingido seu negócio, foi preciso criar uma alternativa, que neste caso, foi transferir a unidade de shopping. “Já temos dois pontos da marca em outro shopping, vamos migrar com um terceiro. O público é outro, fiel a marca, e talvez meno atingido pela crise”.
Espaços desocupados estão espalhados em todo o Norte Sul. São pelo menos sete pontos desocupados. Alguns estampam a informação de possíveis novos franqueados, mas a maioria aparenta não ter interessados.
Uma muralha de tapumes passou a integrar a paisagem da praça de alimentação. Um dos espaços vagos era ocupado pelo Habib's, rede nacional que já teve três unidades em Campo Grande, e agora conta somente com o restaurante da avenida Afonso Pena.
A praça de alimentação também já não tem o Serra Restaurante, Chocolates Brasil Cacau, La Gondola e Panificadora Monte Líbano.
Até mesmo os quiosques que ficavam espalhados pelos corredores sumiram. São poucos os que ainda permanecem no local. O aluguel do quiosque de 12 metros quadrados tem custo que varia entre R$ 5 mil e R$ 7 mil.
A administração do shopping Norte Sul Plaza comunicou que a vacância das lojas chega a 5%, no entanto, o número é visto como um bom resultado, pois de acordo com eles, a média nacional chega a 10%. Segundo a empresa, a saída de lojas, principalmente na praça de alimentação, não representam queda de consumidores. Eles informaram que as vendas cresceram 11,7%, e o fluxo de pessoas teve aumento em 8% em um ano. Até o final de 2016 pelo menos cinco franquias podem ser instaladas no local.
Nova Classe média - Uma família é considerada Classe C, conforme a Fundação Getúlio Vargas, quando tem renda mensal entre R$ 1.064 e R$ 4.591. Esse grupo, também chamado de “A nova classe média”, foi um dos que mais ascenderam economicamente no país, reflexo de uma série de mudanças socioeconômicas como o aumento do acesso ao crédito e distribuição de renda.
Mas com a recessão econômica brasileira, e a inflação comendo a renda do consumidor desde 2015, a classe C deixou de ascender e pelo contrário, a chamada classe D tem ganhado mais integrantes ano a ano.
Fantasmas - O número de lojas vagas em shoppings também tem ocorrido em outras cidades do país, o caso mais famoso é em Sorocaba, interior de São Paulo. Três dos seus empreendimentos lançados em 2012 não vingaram, e a cidade ganhou fama pelos 'shoppings fantasmas'. A situação mais preocupante pode ser observado no Shopping Bosque dos Ipês, na saída para Cuiabá. O espaço foi inaugurado em 2013, mas em três anos, ainda não decolou. Âncoras, como C&A e Wal-Mart, encerram o negócio, e lojas menores não tiveram fôlego para se sustentar com a pouca movimentação do local.