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Economia

Crise chega na classe A e venda de imóveis de luxo cai 30% em MS

Liana Feitosa | 26/10/2015 08:02
Número de contratos fechados neste ano é 27% menor que no ano passado. (Foto: Gerson Walber)
Número de contratos fechados neste ano é 27% menor que no ano passado. (Foto: Gerson Walber)

A realidade econômica do país gerou mudanças nos hábitos de compra de imóveis de alto padrão em Mato Grosso do Sul. Só na Caixa Econômica Federal, responsável por 80% dos financiamentos firmados em Campo Grande, houve queda de 31% na quantidade de contratos feitos no primeiro semestre de 2015 em comparação com o mesmo período do ano passado.

Nesse semestre, o banco fechou 2.161 contratos que totalizaram valor de R$ 372,9 milhões em financiamentos. Já no mesmo período de 2015, foram firmados 1.481, resultando em R$ 270,5 milhões em financiamentos, número 27% inferior ao do ano passado.

Para gerente regional da Caixa, Ubiratan Rebouças Chaves, os números são resultado de uma junção de fatores, entre eles, a menor oferta de recursos. "A fonte de recursos para essa linha de crédito provém da poupança. Como a poupança teve retração, com grande número de saques, o resultado foi redução também no volume de recursos disponibilizados para esse tipo de crédito", explica.

A mudança nas regras do financiamento de imóveis usados também facilitou o desaquecimento das vendas. Antes, a Caixa oferecia cota de financiamento de até 80% do valor do empreendimento, mas essa média foi reduzida para 50%, dificultando as conduções ao se tornarem menos favoráveis.

A mudança nas regras do financiamento de imóveis usados facilitou o desaquecimento das vendas.(Foto: Gerson Walber)
A mudança nas regras do financiamento de imóveis usados facilitou o desaquecimento das vendas.(Foto: Gerson Walber)

Crise - "E soma-se a tudo isso a realidade também da economia, essa insegurança que tem predominado. As pessoas estão mais cautelosas, estão deixando para investir e construir depois", amplia o gerente. Portanto, não necessariamente houve redução na procura por financiamentos, mas, sim, menos contratos finalizados em função desses fatores.

De acordo com o diretor nacional de fiscalização do Cofeci (Conselho Federal de Corretores de Imóveis), Claudemir Neves, o mercado de imóveis de alto padrão normalmente consegue se manter com comportamento positivo em períodos de dificuldade econômica.

"No entanto, até mesmo esse setor que, em geral não sente tanto as crises econômicas, observamos que, neste ano, passou a apresentar queda a partir do segundo semestre", analisa.

Cautela - Assim como Ubiratan, Claudemir acredita que há um "compasso de espera", já que o consumidor não sabe se a economia vai mudar e se apresentará melhoras. "Só está comprando quem realmente precisa. Há uma expectativa frente ao que vai acontecer. Muitos, inclusive, estão em stand by na expectativa de que os preços caiam", considera o diretor.

Para ele, agora é um bom momento para apresentar propostas com valores diferenciados do mercado. "Ainda mais se for à vista, o que pode garantir condições ainda melhores", completa.

Mais baratos - "A maioria dos imóveis de luxo já baixou de preço. No ano passado os preços ainda estavam na função do boom imobiliário ocorrido no país e os preços subiram muito. No entanto, em 2015, já sentimos que eles caíram, na verdade, desde o final do ano passado", conta. "Eles valores se readequaram e foram colocados no preço de mercado", completa.

Um dos motivos para essa alteração, segundo o especialista, é a diminuição da margem de lucro dos construtores. "Eles estão entrando numa outra realidade. Antes, eles ganhavam 40% em cima do imóvel, hoje, estão reduzindo esse percentual de lucro para conseguir vender", finaliza.

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