Efeito coronavírus deixa funcionários e pequenos proprietários desolados, enquanto associação diz que 70 mil já foram demitidos
A pandemia de coronavírus que obrigou gestores a decretarem quarentena a um terço da população mundial para conter o pico de contágio já impacta os caixas eletrônicos, mas também as expressões. O lamento de quem depende do comércio após 1 semana de quarentena em Campo Grande é de que o que os olhos não veem, o dinheiro não compra e que o efeito dominó da crise esmaga os pequenos.
No bairro Pioneiros, enquanto os estabelecimentos funcionam na medida que as novas regras permitem (o que inclui por exemplo portas fechadas e serviços internos), cada ação no sistema integrado da economia gera uma cadeia de efeitos. No dia oficial de sair às compras, as ruas estão vazias.
Funcionário de uma loja que comercializa baterias para veículos, Clayton Leonardo, 27, comenta que dos 9 funcionários, 5 ganharam férias coletivas e 4 trabalham com serviços internos e entregas. Neste sábado, por exemplo, ele foi até o local apenas para realizar um conserto.
O que Clayton relata é que, sem carros rodando pela cidade, não há serviço. "A movimentação, só das pessoas que passavam, é o que dava lucro, se o carro não roda não tem serviço. A movimentação da Rua Ana Luisa de Souza acabou, sábado era muito movimentado", disse.
Dono de um petshop e loja de produtos agropecuários, Edson Dias, 37, afirma que na última semana o movimento já era baixo. "Hoje que abrimos para a pessoa entrar, quando não entra ela não leva algo a mais, não circula, compra o que precisa e vai embora, as pessoas estão com mais cautela, compram o essencial", explica.
Maria Duque, 55, tem uma padaria de tamanho médio na rua famosa para o comércio local. Por ali, nem o mercado distante, nem outra padaria fechada, que poderiam fazer com que o movimento aumentasse, motivaram impacto positivo.
Gerente de um mercado pequeno e de uma loja de brinquedos ao lado, Jadilson Quadros de Santana, 45, a última é a única a representar nas vendas. No mercado, quem mais comprava eram restaurantes que precisavam de carne. Fechados e somente com delibery, a procura por carne diminuiu.
"Afetou muito a parte do açougue, por outro lado aumentou a venda de brinquedos, coisas pra casa, aumentou, porque as pessoas estão ficando mais em casa, e compram brinquedos e jogos pra entreter as crianças", comenta.
Alexandre Ramires, 41, é proprietário de uma pequena loja de materiais para construção. Única loja aberta de duas que funcionam na região, as vendas ocorrem apenas para pequenas obras e reformas, explicou.
Impacto - Presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) Adelaido Vila afirma que 70 mil pessoas que trabalhavam no comércio foram demitidas em Campo Grande, mais de 21% do total de 320 mil, segundo ele, empregadas no setor. O impacto em números aos proprietários, disse, é de R$ 300 milhões.
"Principalmente comércio pequeno e prestação de serviços, que praticamente parou, tem muita gente falando até de suicídio, gente que não vai conseguir honrar com compromisso, com essa situação, piorou", disse.