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Economia

Feirantes da Capital sentem reflexos da inflação com o sumiço da freguesia

Quiabo é o novo vilão, mas tomate não perde posto na lista de queixas dos comerciantes

Cleber Gellio | 15/06/2022 15:50
Consumidor transporta em carrinho produtos comprados na feira; movimento caiu 50%. (Foto: Marcos Maluf)
Consumidor transporta em carrinho produtos comprados na feira; movimento caiu 50%. (Foto: Marcos Maluf)

Nem mesmo o fato de Campo Grande registrar a maior queda entre as capitais no preço da cesta básica em maio fez com que o consumidor da Capital se animasse a ir às compras. Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), na semana passada houve uma redução de 7,30% no custo da cesta básica. O aumento acumulado no ano chega a 10,10%. Nos últimos 12 meses chegou a 22,80%.

Reflexo disso, são hábitos tradicionais do campo-grandense que estão sendo deixados de lado, como fazer a compra da semana em feira livres, por exemplo. Na linha de frente, quem mais sente os impactos das recentes escaladas dos preços são os próprios comerciantes, que têm percebido o sumiço da clientela.

Foi o que constatou a reportagem do Campo Grande News, na manhã desta quarta-feira (15), na feira da Avenida das Primaveras, no bairro Jóquei Clube. Durante o período em que a equipe esteve no local, cerca de uma hora, a movimentação estava bem tranquila.

Feirante Rozimar Pereira, tem se desdobrado com preços altos. (Foto: Marcos Maluf)
Feirante Rozimar Pereira, tem se desdobrado com preços altos. (Foto: Marcos Maluf)

Há 20 anos na labuta, Rozimar Pereira, 45 anos, com a ajuda da sobrinha, Yamim Vitória, 20 anos, trabalha de terça a domingo e afirma que o momento ainda é de baixa nas vendas. O movimento na banca que comercializa legumes e hortaliças caiu pelo menos 50% nos últimos meses. “Os preços estão muito altos e a gente está trabalhando apenas para sobreviver”.

De acordo com a comerciante, atualmente o grande vilão dos produtos é o quiabo, que teve aumento significativo de um mês para cá. “Mês passado pagava R$ 100,00 na caixa, hoje custa R$ 180,00. A abobrinha também, hoje não sai por menos de R$ 150,00. Por isso as pessoas que compram estão levando somente o básico”, desabafa.

A comerciante explica que no caso das hortaliças a preocupação fica por conta das perdas devido ao tempo de conservação de 48 horas e por isso adquire menos. “A gente tem que pagar tudo à vista, nada é consignado. Por isso é melhor reduzir e arriscar ficar sem do que perder”, pontua Rozimar, que chega a citar que alguns clientes, que antes compravam em seu comércio, atualmente tem feito grupos para comprar no atacado e economizar.

Claudio Marcio Santana, 47 anos, compartilha do mesmo sentimento da colega e acredita que uma somatória de fatores tem afastado os consumidores, o que resultou em queda de 30% nas vendas. “Hoje está tudo caro, como a gasolina por exemplo. Quem antes se deslocava para ir à feira, já não vai mais”.

Claudio Santana, 47 anos, acredita em retorno da economia. (Foto: Marcos Maluf)
Claudio Santana, 47 anos, acredita em retorno da economia. (Foto: Marcos Maluf)

Para ele, o tomate continua sendo o principal produto de queixas dos clientes. Mesmo com uma redução no último mês, 40%, o quilo não reduziu na ponta. Hoje na banca de Marcio, o produto era comercializado a R$ 7,00 o quilo. De acordo com o feirante, o preço da caixa de 20 quilos de tomate vem caindo. “Há dois meses pagava R$ 180,00, hoje já custa R$ 100,00”. “Teve sim uma queda, mas ainda não o suficiente para atrair o público todo de volta. Acho que o movimento está voltando aos poucos. Não podemos desistir jamais”, exclamou.

Na Feira Indígena, anexa ao Mercadão Municipal, no centro, o movimento também caiu pela metade, segundo a presidente Rute Pereira, 50 anos. “Tem muita gente desempregada e talvez esse seja o motivo. As pessoas que passam por aqui, como os turistas, têm levado bem menos”.

Movimento nesta quarta era baixo na feira do Jóquei. (Foto: Marcos Maluf)
Movimento nesta quarta era baixo na feira do Jóquei. (Foto: Marcos Maluf)

A redução na comercialização foi tanta que das cerca de 100 pessoas que trabalham na feira antes da pandemia, hoje não passam de 25. Conforme Rute, o que segura os negócios, além do fluxo do Mercadão, são os produtos trazidos das aldeias. “Ainda bem que temos os clientes do Mercadão e o que produzimos ou beneficiamos nas aldeias, como feijão e pequi congelado e em conservas”.

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