Homex abandona obras em Campo Grande e Caixa assume "problema"
Por não conseguir cumprir acordo com a CEF (Caixa Econômica Federal), a construtora mexicana Homex perdeu o empreendimento Varandas do Campo, elaborado para ser construído no bairro Paulo Coelho Machado, região Sul de Campo Grande. A empresa não cumpriu diversos acordos com a instituição financeira, e não conseguiu entregar boa parte das três mil casas da unidade.
Com o fato de a construtora não ter honrado acordo firmado em maio deste ano, que apontava novas datas e prazos para a conclusão do residencial, a instituição financeira acionou o seguro da construção para concluir as obras de 270 casas vendidas por meio do programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal. Uma nova construtora será escolhida para executar o projeto.
Dos R$ 3,5 milhões que foram bloqueados pela instituição no início do ano, quando a empresa apresentou sinais de falência, R$ 1,7 milhão será utilizado nas casas que serão entregues. Ao todo, foram feitas três negociações com a Homex, de acordo com informações fornecidas pela CEF.
"A Caixa Econômica Federal informa que já acionou o seguro para garantir o término das obras dos Residenciais Amoreiras, das Águas, Cuiabás e Bem-Te-Vi, tendo em vista o atraso das obras, bem como a falta de perspectivas para a conclusão das mesmas pela Construtora Homex Brasil Construções Ltda. Dessa forma, uma nova construtora será contratada para terminar as obras. Todas as áreas da empresa estão mobilizadas para permitir a entrega das moradias aos beneficiários do programa o mais breve possível", afirmou a instituição, em nota oficial.
Instalada no Brasil desde 2007, a construtora mexicana Homex chegou em Campo Grande na gestão do ex-prefeito Nelson Trad Filho (PMDB). Além de problemas enfrentados na capital sul-mato-grossense, a empresa passa por dificuldades em outras cidades do Brasil.
A reportagem foi até o bairro Paulo Coelho Machado para verificar a situação da obra Varandas do Campo. Nenhum operário foi encontrado no canteiro de obras da construtora. Apenas um homem que estava no local. Ele não quis se identificar e disse, com sotaque espanhol, que a empresa não foi notificada oficialmente da decisão da CEF.
O prefeito Alcides Bernal (PP), nesta quarta-feira (7), disse que é "a favor de uma CPI sobre a Homex para verificar o que aconteceu”, se referindo ao possível calote que a construtora deu em Campo Grande.
A diretoria nacional da Homex foi procurada, mas não se manifestou.
Dívidas trabalhistas – Procurado pela reportagem, o presidente do Sintracom (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Campo Grande), afirmou que os problemas relacionados à Homex vão além da entrega das casas.
A construtora tem processos no MPT (Ministério Público do Trabalho) por não pagar corretamente os trabalhadores. Segundo Abelha, são cerca de 180 funcionários que recorreram à Justiça para receber as dívidas trabalhistas.