Mesmo com custo de produção maior, MS sente menos crise no cultivo de cana
Do plantio à colheita, o setor sucroalcooleiro sofreu, nos últimos anos, uma mecanização da mão-de-obra para extinguir a queima dos canaviais, que barateava a produção. Mas este processo surtiu uma crise no segmento em todo o Brasil. O reflexo é a frustração da expectativa dos produtores, que por enquanto alegam não ter retorno do investimento para uma produção, que tem previsão de alcançar mais de 48 milhões de toneladas na próxima safra.
Mato Grosso do Sul é o estado da região Centro-Sul do País que tem o custo de produção mais elevado. Porém, o agricultor do Estado é o que menos sofre com o impacto da crise. E para fazer uma análise dos custos de produção e competitividade da cana-de-açúcar no Estado, a Comissão de Agroenergia de Mato Grosso do Sul contratou a empresa Datagro, que explanou, na tarde de hoje, o que atinge o Estado com a crise.
A explicação é que em outros estados do Centro-Sul, como Paraná, São Paulo e Minas Gerais, o solo vem sendo corrigido há anos, conforme explica o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Enio Fernandes Júnior. Em Mato Grosso do Sul, assim como em Goiás, a área de cultivo da cana-de-açúcar ainda está em expansão. Portanto, o gasto para preparar o solo e deixá-lo apto a plantar é maior nestas duas localidades.
Fora do eixo de comercialização e longe dos portos, Mato Grosso do Sul também os cistos elevados por causa da logística de abastecimento. “MS tem custos maiores e está tendo prejuízo por tonelada produzida, portanto, a situação aqui é mais frágil neste quesito”, explica o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
Mas, por outro lado, apesar de o Estado sofrer o impacto da crise, o produtor sul-mato-grossense não sente tanto estes reflexos. Segundo Fernandes, enquanto que em São Paulo o produtor cultiva apenas a cana-de-açúcar e se torna mais frágil diante da situação no setor, em Mato Grosso do Sul, o produtor não depende exclusivamente da cana, tendo ainda a opção do cultivo da soja e do milho, ou seja, tem outro rendimento que ameniza a crise.
Porém, a previsão é que daqui a 5 ou 7 anos o setor sucroalcooleiro esteja cada vez mais competitivo no Estado e os custos sejam estabilizados.
Crise no etanol – Segundo o presidente da Comissão de Agroenergia de Mato Grosso do Sul, Luis Alberto Moraes Novaes, no Brasil não há uma comercialização livre em relação aos combustíveis, por isso o etanol perdeu a competitividade em relação à gasolina. “É difícil baixar o preço do etanol porque há um desequilíbrio no mercado. Enquanto o Governo Federal reduziu o preço da gasolina para segurar a inflação, isso não aconteceu com o etanol”, pontua Luis Alberto.
O presidente da Comissão, explica que o objetivo de ter contratado uma consultoria para avaliar a situação do Estado diante da crise é para ter números consistentes e bases técnicas para estabelecer um diálogo com o governo federal e elos da cadeia produtiva, e, assim, buscar mais visibilidade para o segmento.
“O setor sucroalcooleiro tem boas condições para produzir, mas precisa de incentivo”, ressalta Luis Alberto Moraes Novaes.
Safra – A previsão é de que, em Mato Grosso do Sul, a produção da cana-de-açúcar atinja 48,7 milhões de toneladas na safra 2014/2015. Dos estados do Centro-Sul, MS é responsável por 5,6% da moagem da cana. Na safra passada, 2013/2014, o setor sucroalcooleiro produziu 596,94 milhões de toneladas no Brasil, sendo que aqui no Estado a produção foi de 41,5 milhões de toneladas.