Pandemia derruba assalariados e cresce número de beneficiários sociais em MS
Aumento é reflexo dos efeitos da pandemia no mercado estadual
O número de pessoas que vivem com rendimentos alternativos como seguro-desemprego e programas sociais do governo mais que dobrou de 2019 para 2020 Mato Grosso do Sul, saindo de 6,2% da população para 12,8%, o que representa 351 mil sul-mato-grossenses. Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e mostram que essa é a primeira vez, na série, que este grupo superou o das pessoas que recebiam aposentadoria e pensão (10,1%).
“Esse aumento no número de pessoas que recebem algum tipo de auxílio do governo é um resultado da pandemia da Covid-19. Para o comércio, 2020 foi o pior ano de todo o período e foi justamente para amenizar os impactos no mercado que o Governo ofereceu o auxílio”, explica o economista Renato Prado.
Enquanto que em 2019 cerca de 2,7% das pessoas recebiam de programas sociais, em 2020 esse índice chega a 21,4% da população do Estado, o que segundo o economista Renato Prado, é um reflexo da pandemia da Covid-19.
“Outro ponto que também deve ser analisado é que houve certo ajuste nos requisitos para conseguir ter acesso a determinados benefícios, então, algumas pessoas que antes não tinham requisitos suficientes para se tornarem beneficiários passaram a ter todos os critérios para solicitar alguns benefícios, como auxílio-emergencial do Governo Federal ou até mesmo outros programas Estaduais ou Municipais de distribuição de renda”, completa o economista.
Em contrapartida ao aumento do número de pessoas que vivem com rendimento alternativos, à pesquisa do IBGE mostra que em 2020 o rendimento por meio do trabalho perdeu participação na renda total do Estado, colocando Mato Grosso do Sul em 6% lugar no ranking de pessoas com rendimento.
Os números mostram que das 2,7 milhões de pessoas residentes no Estado em 2020, 44,6% da população tinha rendimento do trabalho e 25,1% tinham rendimento proveniente de outras fontes, enquanto que em 2019 cerca de 49% da população apresentava rendimento proveniente do trabalho.
“Em 2020 vimos um grande movimento de demissões e vivenciamos um aumento significativa no número de desempregados, É certo que agora estamos vivendo uma retomada, mas ainda vai demorar um tempo para retornarmos as taxas que tínhamos antes da pandemia, em relação a número de empregados no Estado”, afirma Renato.
Rendimento Domiciliar - outro índice que também apresentou queda em Mato Grosso do Sul foi do rendimento médio mensal real domiciliar per capita. Em 2020 o rendimento foi de R$1.424, sendo 1,3% menor que o estimado em 2019, de R$ 1.443.
Se comparados os valores das famílias que recebiam bolsa família, a pesquisa aponta uma diferença a ser considerada. Enquanto famílias beneficiadas pelo programa tiveram rendimento per capita médio de R$ 475,00, aquelas que não recebiam o benefício tiveram rendimento per capita médio de R$ 1519,00.
“Durante o período da pandemia os programas de governos tanto federal quanto estadual foram e ainda são importantes para tanto para o comércio quanto para o consumidor. Nós vivemos uma situação econômica difícil, tivemos uma série de impactos em relação a geração de emprego e renda, como mostra a pesquisa do IBGE, e esses auxílios vem para justamente para complementar e manter a economia aquecida”, pontua a economista da Fecomércio de Mato Grosso do Sul, Regiane Dedé de Oliveira.