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Economia

Plantio de feijão guandu reduz teor de alumínio no solo

Redação | 28/12/2009 22:59

Uma importante iniciativa agrícola com práticas conservacionistas são os sistemas agroflorestais, em que leguminosas podem ser plantadas com espécies florestais de madeiras, por exemplo. Em Mato Grosso do Sul, na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Gado de Corte, é desenvolvido um sistema de cultivo em que o feijão guandu é plantado junto a madeiras moveleiras, resultando até o momento em diminuição do teor de alumínio no solo.

O projeto é de autoria do biólogo Alex Melotto, que implantou três tipos de tratamento com o feijão guandu: plantio em linha dupla, em linha simples e testemunha (sem o feijão). Cada tratamento foi repetido três vezes, em parcelas de 24 metros.

Após dois anos da implantação do sistema, foram coletadas cinco amostras simples de solo em cada tratamento das três linhas e encaminhadas para análise de laboratório. O plantio de feijão guandu influenciou todos os parâmetros, melhorando consideravelmente as características químicas do solo, aumentando os teores de macro e micronutrientes e matéria orgânica.

De acordo com o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, Valdemir Antônio Laura, que acompanha o sistema, o plantio de feijão guandu fixa nitrogênio no solo. Nesse aspecto o experimento é sinônimo de sucesso, afinal, hoje a tonelada de adubo nitrogenado é comercializada a R$ 1,2 mil, em que cada quilo de adubo sai ao valor de R$ 1,20.

Em termos simples, o engenheiro agrônomo explica que 78% da atmosfera é formada por nitrogênio, 21% por oxigênio e 1% por outros gases raros, como gás carbônico, metano, entre outros. Porém, o nitrogênio que está na atmosfera, a plantação não consegue absorver.

Por conta disso, quando o gás é associado com uma espécie leguminosa como o feijão guandu, acontece simbiose com o microorganismo, resultando no fornecimento de carboidrato a esse organismo. Com isso, o microorganismo desenvolve enzima capaz de sugar o nitrogênio da atmosfera e transformá-lo em aproveitamento para a planta.

A sustentabilidade de trabalhar com o feijão guandu é que o sistema fixa nitrogênio diariamente a custo zero, melhora o teor de matéria orgânica do solo e evita que sejam gastos combustível e fósforo para a fixação do gás. E o mais importante: há uma redução significativa de teor de alumínio no solo.

O alumínio é um metal leve, macio e resistente, mas altamente tóxico para a planta. No intuito de neutralizar o metal, é necessário a aplicação de calcário no solo.

Através do experimento de mestrado desenvolvido por Alex Melotto, dados comprovam que o teor de alumínio do solo em que o feijão guandu é plantado diminui em até 75%. A única maneira de neutralizar o metal, até então, seria a utilização de calcário.

Atuando como consórcio de receita econômica, o impacto da plantação de feijão guandu na eliminação do alumínio é o mesmo que se tivessem sido jogadas duas toneladas de calcário por hectare neste mesmo solo. A leguminosa, com base nos estudos feitos até o momento, pode ser considerada fitorremediadora de plantas.

O guandu tem raiz bastante profunda e absorve nutrientes, translocando-os para as folhas. Quando essas folhas caem, a matéria orgânica entra em decomposição e consegue transportar o nutriente em profundidade para a superfície, alterando esse quadro.

Com sistema radicular bastante vigoroso e desenvolvido, que lhe garante boa resistência à seca, o feijão guandu é de fácil adaptação. Ele pode ser plantado em qualquer solo, principalmente nos minerais.

No experimento implantado na Embrapa Gado de Corte, o feijão guandu é plantado junto a madeiras guanandi, canafístula e ypê lilás. A produção dessas madeiras ocorre entre 15 e 20 anos, mas com o auxílio do guandu, há um crescimento mais rápido devido ao microclima desenvolvido pelo consórcio.

Leguminosas - As espécies leguminosas são muito plantadas por empresas que praticam a mineração. Nos locais em que essa atividade é desenvolvida, o solo é muito prejudicado e nada germina; a solução é esse tipo de plantio.

Na Embrapa Agrobiologia, no Rio de Janeiro, as atividades com mineração de xisto são muito intensas, principalmente em regiões de extração de petróleo. Para conter a esterilidade do solo, há plantio de leguminosas, que variam entre estilosantes e até o guandu, que é arbóreo.

Árvores maiores como o angico e jatobá também são leguminosas, mas não sobrevivem a esse tipo de solo. No entanto, para conter a área contaminada com metais pesados a alternativa mais propagada é o plantio de leguminosas.

Benefícios - Considerado o "zebu" das leguminosas, o feijão guandu, com base em pesquisas realizadas até o momento, só traz benefícios ao solo. O fato de conter em grande parte o percentual de alumínio na terra, favorecendo a absorção de nutrientes para as plantas, já explica sua importância.

Outro ponto favorável ao plantio da leguminosa é o poder que ela tem de fixar o nitrogênio no solo. Recomendação experimental que pode ser acatada por empresas de mineração no estado, principalmente na região de Corumbá.

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