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Economia

Porto Murtinho caminha para se tornar o centro logístico da América do Sul

Rota Bioceânica faz produtores abandonarem boi e investirem na soja

Gabriela Couto | 15/02/2021 09:56
Porto Murtinho voltou a movimentar cargas para a Argentina nesta segunda-feira (15) - (Foto: Chico Ribeiro/Portal MS)
Porto Murtinho voltou a movimentar cargas para a Argentina nesta segunda-feira (15) - (Foto: Chico Ribeiro/Portal MS)

Porto Murtinho, município localizado a 443 quilômetro de Campo Grande, já é considerada a Nova Paranaguá com a projeção de três novos terminais portuários em processo de licenciamento. Grupos empresariais de exportação já olham a cidade como novo centro operacional da futura Rota Bioceânica.

“O Brasil e o mundo olham Murtinho como a melhor alternativa logística, a região deixou de ser o fim ou o começo de linha para ser estratégica no escoamento de nossas riquezas”, afirmou o governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Na semana passada começaram as tratativas com o grupo PTP, do Paraguai, que opera sete terminais na Argentina e que agora adquiriu área ao lado da FV Cereais, um dos maiores exportadores de comodities do Estado.

De acordo com o secretário da Segov (Secretaria de Governo e Gestão Estratégia), Eduardo Riedel, os investimentos de R$ 25 milhões do Estado na região serão fundamentais para o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. “A implantação do acesso pavimentado aos portos abre uma janela para concretizar o sonho lá atrás de integrar o continente.”

Boi x soja

Nas terras onde antes se investia na pecuária, hoje os produtores rurais estão migrando para a agricultura. Áreas improdutivas e de pastagem estão sendo ocupadas pela soja e milho na região Sudoeste de Mato Grosso do Sul, avançando nas margens da rodovia BR-267 em direção a Porto Murtinho.

Antes isolado na fronteira com o Paraguai, o município passou a contar com infraestrutura portuária que barateia os custos de logística, encurta distâncias e agrega valor aos produtos exportados para o mercado internacional pela Hidrovia do Paraguai.

Segundo dados da Semagro (secretaria estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), em um ano 250 mil hectares na região foram incorporados a agricultura. As lavouras de soja se estendem de Jardim a 120 quilômetros de Porto Murtinho, chegando à região serrana. Armazéns graneleiros foram instalados na beira da BR-267, a rodovia da Rota Bioceânica.

Rio Paraguai

“Nas últimas décadas o Brasil virou as costas para o Rio Paraguai, que concentrou no início do século passado um grande movimento comercial com os países vizinhos e com a Europa”, disse o governador Reinaldo Azambuja. “Hoje estamos vivenciando um novo desenvolvimento hidroviário na região, garantindo competividade ao Estado e um ganho extraordinário aos nossos produtores, com redução de até 40% no custo do frete.”

Prova disso é a retomada da operação do terminal FV Cereais nesta segunda-feira (15). O primeiro carregamento de 20 mil toneladas de grãos dos 400 mil que serão enviados aos portos argentinos já está sendo feito.

O volume das exportações pela zona portuária de Porto Murtinho cresceu 57,83% no acumulado de janeiro a dezembro de 2020 em relação ao mesmo período de 2019, em função da entrada em atividade do terminal FV Cereais e do incremento nas estruturas da APPM (Agência Portuária de Porto Murtinho), primeiro porto alfandegado. Foram escoadas 384 mil toneladas, sendo 250 mil pela FV Cereais. Em 2019, foram 233 mil toneladas.

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