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Economia

Redução de gás natural vindo da Bolívia preocupa governo de MS

Governador Eduardo Riedel diz que Estado já sente os impactos desde agosto, com queda na arrecadação

Por Cassia Modena e Idaicy Solano | 08/10/2023 12:20
Governador falou sobre o assunto após inaugurar Centro de Múltiplo Uso na Capital (Foto: Marcos Maluf)
Governador falou sobre o assunto após inaugurar Centro de Múltiplo Uso na Capital (Foto: Marcos Maluf)

A redução do volume de gás natural produzido na Bolívia para abastecer Argentina e Brasil, produz impactos econômicos desde agosto em Mato Grosso do Sul, que é um dos principais canais de distribuição.

Durante evento de inauguração do Centro de Múltiplo Uso em Campo Grande neste domingo (8), o governador Eduardo Riedel (PSDB) revelou que o Estado registrou queda de arrecadação nos últimos meses relacionada à crise do gás boliviano. "Nós tivemos em agosto e setembro, talvez, os piores meses em arrecadação. É fruto da internalização do gás, pela diminuição do volume", afirmou.

Alegando reservas esgotadas, as autoridades bolivianas pedem ajuda do Brasil para reverter o problema, com parceria para melhorar a infraestrutura e retomar o volume ideal de produção. Riedel defendeu "uma posição estratégica" da Petrobras, que fará diretamente as negociações, e ressaltou que a situação "impacta muito Mato Grosso do Sul".

Gás chega a Mato Grosso do Sul por Corumbá (Foto: Divulgação/TBG)
Gás chega a Mato Grosso do Sul por Corumbá (Foto: Divulgação/TBG)

"Existe a necessidade de investimento na Bolívia para ampliar a extração de gás e o Brasil vai ter que tomar uma decisão estratégica em relação a como lidar com situação, por meio da Petrobras, [pensando nos Estados] e na retomada do volume de gás natural", disse o governador.

R$ 100 milhões - Foi esse o valor em ICMS que Mato Grosso do Sul já deixou de arrecadar somente este ano, segundo Riedel, devido à queda da "internalização" de gás no Estado. "É sinal de alerta e nós estamos acompanhando, mas com a confiança de que os bolivianos vão retomar seu volume original, até porque o Brasil precisa", disse.

Neste cenário, citou também o gás natural do pré-sal, que seria uma saída para o País, mas ainda não está totalmente "internalizado", e defendeu a inclusão do combustível na matriz energética de maneira mais expressiva.

"Ajuda no meio ambiente, ajuda no balanço de carbono em relação a outros combustíveis fósseis e o da Bolívia é uma grande oportunidade, já que a infraestrutura está pronta e o gás está à disposição", disse o governador.

UFN3 depende do gás - Eduardo Riedel disse ver na conclusão da fábrica de fertilizantes UFN3, em Três Lagoas, uma das principais saídas para aumentar a arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em Mato Grosso do Sul. Restabelecer o volume de gás natural é fundamental para a fábrica atender a expectativa.

"Ter a retomada do volume mais alto de gás natural, será fundamental por estarmos com [as obras da] UFN3 prestes a retornar. Serão mais de R$ 2 milhões de m³ por dia [em consumo de gás natural pela fábrica]. Seria muito bom se a gente pudesse viabilizar toda essa estrategia de aumento de gás para trazer como consequência a arrecadação maior no Estado", falou.

Estrutura pronta da UFN3, em Três Lagoas (Foto: Divulgação)
Estrutura pronta da UFN3, em Três Lagoas (Foto: Divulgação)

As obras da fábrica estão paradas há oito anos. Cerca de 80% do cronograma já foi concluído. O Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) vai destinar recursos do Governo Federal para o término e entrega.

Gasoduto - O mercado de gás começou a ter relevância no Brasil a partir da construção do Gasbol (Gasoduto Bolívia-Brasil), em 1997. Com o crescimento da produção nacional, o produto aumentou a participação na matriz elétrica para 12,8% até 2022.

O gasoduto começa em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia) e vai até Canoas (RS), cortando 135 municípios nos Estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A extensão total é de 3.150 km, sendo 600 quilômetros no canal sul-mato-grossense.

Pelo duto eram importados até 33 milhões m³ de gás por dia. Até junho deste ano, a MS Gás, empresa de Mato Grosso do Sul distribuía o volume equivalente a 10% (3 milhões de m³) de todo o gás importado da Bolívia.

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