Venda da Eldorado a estrangeiros pode mudar mercado nacional de celulose
Venda da Eldorado a estrangeiros ventila fusão de companhias brasileiras
A possibilidade da entrada de capital estrangeiro na indústria da celulose com a venda da Eldorado trouxe à tona como opção de fortalecimento das companhias nacionais, para fazer frente à concorrência, a fusão entre duas gigantes do ramo: a Suzano e a Fibria.
Executivos dessas empresas tratam a operação como eventual e afirmam que ela independe do desfecho que terão as negociações que envolvem fábrica de Três Lagoas, a 338 quilômetros de Campo Grande.
"Minha opinião é que a fusão com a Fibria cria valor e os acionistas da Suzano têm posição pró geração de valor. A Suzano está pronta para discutir eventual operação", disse ao Valor Econômico o presidente da Suzano, Walter Schalka.
Já a Fibria, que tem claro interesse em comprar a Eldorado, já que ambas têm unidades em Três Lagoas, assumiu que está fora do páreo, já que os valores que estão sendo oferecidas pelas estrangeiras está acima do que a planta realmente vale, na opinião do presidente Marcelo Castelli.
“Não gostaria que viesse um estrangeiro crescer no meu quintal, como pensaria duas vezes antes de fazer uma oferta no quintal de um estrangeiro. Então desejo boa sorte, mas não vamos sobrepagar", pontua.
Sobre a fusão com a Suzano, Castelli avalia que não haveria empecilho em discutir as participações acionárias se a associação criar valor, mas deixa claro que a empresa que ele gerencia, nesse momento, está focada na expansão da unidade em Mato Grosso do Sul.
Negócios – A chilena Arauco foi a primeira a entrar no páreo oferecendo R$ 14 bilhões pela Eldorado, conseguindo assim exclusividade de 45 dias nas transações. O prazo expirou sem que os executivos decidissem bater o martelo.
Se fechasse a compra, a companhia latino-americana concretizaria os planos de investir no Brasil. A empresa, que segundo o Valor é uma das maiores do setor florestal do hemisfério sul, tentou comprar um terreno em Inocência, em Mato Grosso do Sul, em 2011 para erguer uma fábrica. Além disso, ela também é dona de 40 mil hectares de florestas plantadas na região.
A companhia de celulose indonésia APP entrou na disputa oferecendo R$ 15,8 bilhões pela fábrica. As negociações estariam avançadas e a companhia se propôs a aceitar os mesmos termos contratuais da Arauco, que incluem a dívida de R$ 7,5 bilhões e o litígio com a Fibria, sobre plágio.
Essas transações não agradaram as empresas brasileiras, que falam em valores muito acima do que a Eldorado realmente vale.
Na avaliação de Schalka, segundo o Valor Econômico, é improvável que um produtor estrangeiro de celulose e papel compre a Eldorado Brasil, da J&F Investimentos, pagando “os números que estão sendo publicados na imprensa”.